Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Joguei uma olhada ao telefone quando começou a tocar. Atendi.
— Anahí Puente.
— Sou eu.
— Bom dia, Milton. — Mordi o lábio para evitar grunhir em voz alta. Somente telefonava
quando queria discutir comigo sem ter que olhar aos olhos. O que significava que ia pedir-me
algo totalmente desmesurado.
— Como foi sua reunião com o senhor Herrera?
— Chegamos a um acordo. — Não ia dar a aquele troglodita os detalhes de como, ou quando,
despir-me-ia. Já era o suficientemente estranho pensar na palavra "nua" quando ele estava ao
redor.
— Bem. — Se produziu uma larga pausa, e então foi direto à razão pela que estava
telefonando. — Tem uma entrevista com Lisa Millhouse. Leve Sarah contigo. Será uma boa
experiência para ela.
— Lisa Millhouse não tolera estranhos. — Olhei o escritório da Sarah e encontrei-a olhando
fixamente. — Levar seu brinquedo poderia arruinar a relação profissional da galeria com uma
artista com que o mundo da arte está muita excitada.
Milton soltou um grunhido.
Deveria aprender a guardar minhas opiniões para mim. Milton Storey tentava que me
despedissem desde que o conselho de administração da galeria me contratou. Odiava as
exposições que eu organizava, considerava que o trabalho da Lisa Millhouse era pornografia, e
aproveitava qualquer oportunidade para sabotar o contrato que a galeria tinha com ela. Seu
contrato foi minha primeira tarefa na galeria, e conseguir que assinasse garantiu meu lugar na
Holman. Nossa diretoria foi atrás de seu trabalho por muito tempo.
— Levará a Sarah. — Insistiu.
— Não o farei. — Respondi tranquilamente. — Se perdermos o contrato do Millhouse, e
ficarmos com uma ala vazia este verão, a diretoria esperará que seja por uma boa razão. E até
onde sei satisfazer sua última conquista não poderia ser considerado uma boa razão.
Desligou o telefone na minha cara. Aquela era sua resposta habitual quando lembrava que eu
estava só cinco meses de ficar com seu posto. Não deveria ter o esfregado no nariz, e havê-lo
feito me fez sentir malévola e cruel. Mesmo assim, era difícil não ser cruel com alguém que me
deixava louca.
Sequei minha xícara de café e atirei a toalha de papel no lixo. A sala de descanso parecia um
desastre, como sempre. Ocorreu que, se as pessoas do escritório se comportavam em sua casa
igual na área de descanso, então não tinha interesse em ser sua convidada. Suspirei e apoiei
no balcão. Colocaram vários posteres sobre a questão da limpeza os quais foram totalmente
ignorados. A essas alturas tinha duas opções: fechar a sala de descanso, ou fazer com que a
empresa de limpeza incluísse aquela sala em sua rotina.
Era irritante pensá-lo. Para conseguir uma sala de descanso limpa teríamos que pagar
quinhentos dólares a mais no mês. A porta fechou de um golpe e levantei o olhar. Sarah estava
na minha frente, olhando fixamente, em silêncio. Parecia que finalmente ela tinha decidido
confrontar-me.
— Sarah.
— Tenho planos, e você está interferindo neles. — Cruzou os braços sobre seu peito, e esticou
a mandíbula sem deixar de me olhar.
Bom, ao menos tinha ido direto ao assunto. Assegurar-me-ia de fazê-lo eu também.
— Tenho planos para esta galeria, e estes não incluem deixar que uma assessora sem
experiência trate com clientes que são imprescindíveis em nossas instalações.
— Seus planos incluem transar com todos os artistas que assinem com esta galeria?
— Não. Meus planos profissionais não incluem sacrificar minha dignidade, nem meu amor
próprio. — Vi que suas bochechas avermelhavam, arregalou os olhos. — Sou sua supervisora, e
viria bem recordá-lo a próxima vez que quiser conversar comigo. Holman é uma instituição
profissional, e exige um comportamento também profissional entre seus empregados.
Girou bruscamente, abriu a porta para sair.
— De acordo.
Observei enquanto partia, irritada. Jane tirou a cabeça pela porta e olhou seu relógio.
— Lisa Millhouse está te esperando.
— Sei.
— Não deixe que Tetas Falsas te deixe louca.
Ri, agarrei minha xícara de café do balcão. Jane entregou os planos para a exposição da Lisa e
minha maleta, em troca da xícara.
— Obrigada.
— Não tem problema. — Olhou a suas costas e encolheu os ombros. — Sabe, se estivéssemos
no colegial ofereceria para chutar a bunda dela no banheiro.
— Se estivéssemos no colegial, poderia ficar olhando enquanto eu lhe chutava o traseiro no
banheiro. — Sorri enquanto ela ria. — Confirmou com o senhor Brooks sua presença à reunião
desta tarde?
— Sim.

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