Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Vinte minutos mais tarde, ao entrar na galeria, senti parte do passado dissipando. O trabalho
que fazia na galeria Holman preenchia de um modo que nunca experimentei até então. Não
necessitava de um homem.
No piso superior da galeria encontrei a minha assistente, Jane Tilwell, rondando perto da porta
de meu escritório. Usava um terninho Armani que mostrava um corpo esbelto e atlético pelo
quais muitas mulheres teriam matado. Cortou seu cabelo castanho claro, e gostei do corte,
despontado. Dava-lhe um toque moderno e fresco. Algo que se enquadrava, suponho, com a
imagem que estava tentando projetar. Jane era uma das minhas companheiras favoritas.
Quando me uni à galeria Holman, eu percebi imediatamente que Jane Tilwell era desperdiçada
em seu posto atual, e que deveria ser nomeada subdiretora. Esperava resolver essa situação
quando eu mesma fosse nomeada diretora. Ofereceu um de seus rápidos e agradáveis
sorrisos.
— O que acontece? — Perguntei, parando em frente a ela e jogando uma olhada a meu
escritório.
— O senhor Storey quer reunir-se contigo antes da negociação do contrato do Herrera. —
Entregou a pasta que continha o contrato de Alfonso Herrera.
— Onde ele está? — Perguntei, e olhei meu relógio. Francamente, a última coisa que gostaria
de fazer era conversar com o Milton Storey, outra vez, sobre o contrato do Herrera.
— O senhor Storey já está na sala de reunião. — Inclinou a cabeça, assinalando nossa enorme
sala de reuniões, que estava na ala oposta do edifício.
Olhei-a de novo e agitei a cabeça. — Odeio como ficou maravilhosa nesse traje.
— Comprei em promoção. — Sorriu com a petulante expressão da mulher que economizou um
montão de dinheiro, e sabia.
— Comprou um traje Armani em oferta e não me avisou? — Olhei-a rapidamente. — Isso
poderia ser motivo de demissão.
Jane riu enquanto eu entrava em meu escritório, atirava minha bolsa na gaveta da
escrivaninha e agarrava minha agenda. A importante reunião, com o Alfonso Herrera em
pessoa, era meu último ponto do dia; resultava curioso que isto não me pusesse de bom
humor. Meu escritório na galeria de arte era o segundo maior do terceiro andar, e tinha o
aspecto de um aquário. A parede de frente para a área geral era totalmente feita de vidro. O
arquiteto que desenhou o edifício apostou pelo vidro, o metal, e um desenho moderno. Eu o
odiava. Teria dado minha melhor bolsa Gucci por uma parede de verdade.
O resto da sala estava pintado de branco, e o mobiliário se confundia com ele. A primeira vista,
os visitantes podiam pensar que o mobiliário surgia diretamente do tapete. Era perturbador
para mim. A área de trabalho geral não era diferente, com toneladas de vidro e alumínio
saindo do tapete cinza como se tratasse de um jardim de metal.
Agarrei a pasta que continha o contrato do Herrera e uma caneta. Postergar a confrontação
com Milton não faria a reunião, ou o dia, avançassem mais rapidamente. Os homens e
mulheres que trabalhavam na área central se mantiveram em silêncio quando deixei meu
escritório e cruzei a sala. Na galeria havia gente que me apoiava, e gente que não o fazia.
Milton Storey tinha sido o diretor da galeria durante quase quinze anos, e a decisão da
Diretoria de me dar seu posto tinha incomodado a alguns dos trabalhadores. Sabia que em
agosto, quando me convertesse em diretora, certamente teria um par de postos que reocupar.
Quando entrei na sala de reuniões, Milton Storey estava falando no celular. Sentei a várias
cadeiras de distância dele, e deixei cair a pasta sobre a mesa em frente a mim. Eu só tinha seis
meses na galeria, e tinha passado esses seis meses reorganizando tudo para que encaixasse
comigo. Milton tinha aceitado a maioria dessas mudanças em silêncio, embora ele houvesse se
tornado perito em escolher suas batalhas.