Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

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CAPÍTULO 04

Estava, mais uma vez, em frente ao estúdio de Poncho. A viagem até ali não relaxou muito. A
voz do Jeff ainda dava voltas na cabeça, e quase podia cheirar sua loção pós-barba. Esfreguei a
cara, sem me preocupar com o dano que poderiam fazer as úmidas palmas de minhas mãos
em minha maquiagem.
Como a covardia não era uma opção, saí do carro e liguei o alarme. A valentia, às vezes, dá
asco. Recompus-me preparando para o prazer da companhia de Poncho, e então entrei em sua
galeria. As luzes da exposição já estavam apagadas, e o letreiro de PRIVADO desapareceu das
escadas.
O silêncio da habitação era espantoso, e fez com que meu estômago se esticasse. Embora
odiasse admiti-lo, a conversa que acabava de ter com Jeff King deixou-me nervosa. Sua
habilidade para arrancar do mundo seguro que construí a meu redor afligia. Mas era minha
culpa. Se tivesse apresentado queixa, teria ido para a cadeia.
Olhei as escadas, e perguntei onde estaria Poncho. Era a primeira vez que não recebia na
galeria. Empurrei a porta para que a campainha soasse de novo, e então segui avançando.
— Fecho a porta? — Gritei.
Minha pergunta afundou no silêncio da galeria. Então, uma silhueta feminina apareceu nas
escadas e as baixou correndo. Poncho saiu rapidamente atrás dela.
A mulher me olhou enquanto abotoava a blusa. Tinha uma figura esbelta e, apesar de seu
aborrecimento, parecia um anjo. Era fácil compreender por que um artista poderia encontrá-la
inspiradora. Compreendi a expressão de seu rosto. As mulheres como ela não estavam
acostumadas a rejeição. A noite anterior, esse mesmo olhar de surpresa e confusão devia verse
em meu rosto. Mesmo agora, senti furiosa pelo modo no qual o Poncho tinha ignorado
minha óbvia excitação sexual, e como tinha obrigado a me ocupar da satisfação de meu
próprio prazer.
— Por ela? Substituiu-me por ela? Bastardo ingrato. — A mulher o olhou de novo, e saiu
correndo pela porta.
Surpreendi um pouco quando os sinos ressoaram contra o vidro. Retrocedi até a porta, fechei-a,
e tirei a chave. Fechei as persianas lentamente e girei para olhar ao Poncho.
— Ela não parecia muito contente.
Ele negou com a cabeça, e suspirou.
— É muito jovem.
— Sim. — Caminhei para ele e ofereci a chave. — Substituiu-a comigo?
— Não. Usei-a como modelo para duas das peças da coleção. Não encaixa na última obra, mas
ela não está de acordo comigo. — Agarrou a chave entre meus dedos, e guardou-a em seu
bolso.
Queria lhe perguntar se era sua amante, mas não o fiz. Olhei-o e descobri que estava me
observando.
— Estou preparada.
— Não, não está, mas estará. Já nos trouxeram o jantar.
Afastou-se um passo das escadas, deixando espaço para que subisse primeiro. A plataforma
tinha desaparecido, e em seu lugar havia uma enorme poltrona vermelha. Olhei-a um
momento, perguntei seria para que. Qual era o ponto fraco de um homem como Alfonso
Herrera? Quais eram seus complexos? Odiava as manhãs tanto como eu? Olhei-o, e limpei a
garganta.
— Possivelmente deveríamos começar a trabalhar.
Ele assinalou uma mesa e duas cadeiras.
— Acredito que primeiro deveríamos comer algo.
Olhei a mesa um momento, e voltei a olhar a poltrona vermelha.
— O Banheiro?
Assinalou uma porta perto das escadas que guiavam ao terceiro andar.
— Leve o tempo que precisar.
Olhei-o um segundo, antes de pendurar minha bolsa em uma cadeira, e me dirigir ao pequeno
lavabo.