Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Ao olhar no espelho descobri por que tinha sugerido que não tivesse pressa. O que
ficava de minha maquiagem só servia para potencializar meu rosto pálido.
Ocorreu-me que não estava preparada, a nível emocional, para lutar com Alfonso. A noite
anterior tinha sido difícil, mas havia sentido capaz de me conter. Aquela noite era diferente.
Meus sentimentos eram crus, sentia suja devido a minha conversa com o Jeff. De repente,
dava-me conta de que o tempo que tinha passado na consulta de Lesley não serviu para nada.
Não já deveria ter superado essa fase? Por que a voz desse filho da puta fazia ainda que
estremecesse?
Lavei o rosto com o sabonete na pia, mesmo sabendo que isso faria que meu rosto ressecasse.
Olhei no pequeno armarinho de remédios e encontrei um frasco pequeno de creme
hidratante. Não era o que eu teria escolhido, mas teria que servir.
Ao me dar conta de que levava quase dez minutos no banheiro, obriguei-me a abrir a porta e
sair. Poncho estava no extremo oposto da sala, onde o deixei, em pé frente à poltrona.
Sentei, agarrei uma caixinha de frango Xadrez, decidi enfrentar à tortura que se aproximava
com o estômago cheio. De minha posição, na mesa, observei atravessar a sala e unir-se a mim.
Voltei a olhar para poltrona várias vezes antes de olhar a ele.
— Fica nervosa com a poltrona?
Que me punha nervosa? Aquela maldita coisa revolvia o estômago. O que era o que pretendia
com aquilo? A poltrona era grande, muito mais do que necessitaria qualquer pessoa normal.
Parecia que aquela coisa pudesse me tragar.
— Não se supõe em me pôr nervosa?
— Pensei que possivelmente você gostaria de um espaço mais definido.
— Espaço?
— Sim, espaço. Um espaço que não possa ser assaltado. Acredite ou não, Anahí, não pretendo
te incomodar a ponto de deixá-la doente.
— Não te tenho medo.
— Não, não acredito que tenha medo de muitas coisas.
Passando a mão no cabelo e colocando-o atrás da orelha. Olhei para ele — Eu tento não ter.
— E o que é que te dá medo?
— Não sou diferente do resto do mundo. Suponho que meu maior medo é a perda de
controle. A maior parte, dos medos não tem sua raiz nisso?
— Suponho que sim. — Poncho baixou o olhar até sua comida, e depois encostou à sua cadeira
e olhou para mim.
— E você de que tem medo? — Perguntei.
— É estranho. Quando era mais jovem, suponho que a maior parte de meus medos pessoais
girava em torno da rejeição da minha obra, ou possivelmente ao rechaço em mim, a um nível
pessoal. Nunca gostei que me dissessem que não, nem sequer quando menino. Agora não
tenho razões para temer a rejeição, em nenhum sentido. Como artista, tenho feito um nicho
que é suficientemente cômodo, embora não tanto como para evitar me pôr nervoso quando
corro um risco.
— E a nível pessoal?
— Conheci a tantas mulheres, por cada uma que diz não, sei que há muitas outras que me
dirão sim. — Bebeu de uma garrafa de água. — Herdei bons genes de meus pais, e me cuido. O
resto vem sozinho.
— E quando uma mulher te rejeita?
Sorriu de orelha a orelha.
— Ela sai perdendo.
— Não te enche o saco?
— Não. Sou velho demais para esse tipo de jogos. Se uma mulher não está interessada em
mim, retiro-me.
— Mesmo assim, estendeu-me uma armadilha para que posasse para você.
— Isso é diferente. Os passos que estou disposto a dar a nível profissional são totalmente
diferentes dos que daria a nível pessoal. O fato é que, se meu interesse em você tivesse sido
somente pessoal, teria encarado a questão de um modo totalmente diferente.
Afastou sua comida, perguntei por que não parecia interessado em comer. O que eu faria se
ele ficasse nervoso? Era uma idéia tentadora, mas bastante improvável.