Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPÍTULO 05

Aproximadamente às oito e meia da manhã comecei a arrepender de não ter tomado o café da
manhã. Amaldiçoei a Jane... era injusto, mas fez sentir melhor. Escutei o tênue rugir das serras
que vinham da ala leste da galeria, onde estava preparando o espaço para a exposição da Lisa.
Joguei uma olhada à área de trabalho e tentei recordar exatamente por que tinha pensado que
a mulher sentada frente a mim valia o suficiente para que merecesse a pena trazê-la de
Chicago. Não era meu o dinheiro, mas eu não gostava de desperdícios. Tampouco eu gostava
das entrevistas. Essa seria uma das tarefas que delegaria para outra pessoa quando fosse
diretora.
— Então, senhorita Banks, diga, o que opina do futuro da Holman? — Perguntei.
— A galeria Holman vai, sem dúvida, por um bom caminho. O contrato com Alfonso Herrera
que falou antes assegurará uma boa razão de controvérsia. A controvérsia vende. Entretanto,
isso não sempre assegura que a galeria possa manter o êxito.
— Continue, por favor. — Estava segura de que ia dizer-me que iria ao inferno por promover a
pornografia.
— Eu posso atrair até o Holman a clientela que não está interessada na arte sexualizada.
Mencionou que a galeria vai começar um programa de colaboração com os institutos. Vai
querer áreas da galeria onde possa conduzir aos pais desses jovens. A arte não tem que ser
sempre violenta ou provocativa.
— Acredito que a arte deve sempre provocar. Se não provocar nada, é óbvio que o criador não
realizou bem seu trabalho. A arte deve fazer chorar, sofrer, e sonhar. Se não o fizer, então é
um desperdício de espaço. — Me joguei para trás na cadeira e a deixei que pensasse nisso.
— Parece que tem planos muito concretos para a Holman.
— Tenho uma visão de futuro para a Holman que prometi desenvolver, e o farei. — Levantei e
lhe ofereci a mão. — Senhora Banks, Jane realizou todos os preparativos para sua viagem.
Espero que desfrute de seu vôo de volta a Chicago.
A mulher foi precipitadamente de meu escritório, e aproximei da janela. Escutei como Jane
entrava e fechava a porta. Quando girei, estava desabada sobre a cadeira que a imponente
senhora Banks tinha abandonado.
— Acredita que sou uma espécie do Larry Flynt feminino. — Jane se encolheu de ombros. — É
uma dessas pessoas. Sabe? Quando era pequena e saía para brincar no pátio, minha mãe me
gritava: "Jane Cornelia Tilwell, deixa de correr como uma selvagem! O que os outros vão
pensar?".
— Cornelia?
— Se cale. — Jane olhou seus sapatos e suspirou. — Comprei uns sapatos novos ontem,
enquanto você estava no estúdio do Herrera não tendo sexo.
Brincando com meu pingente de diamante, olhei-a brevemente antes de deixar que meu olhar
se perdesse no estacionamento que se via pela janela.
— Beijou-me.
— Sério?
Eu ri. — Sim.
— E?
— E me derreti. Já senti atraída por outros homens antes, Jane, mas com ele é diferente. Nem
sequer posso explicá-lo. Graças a Deus, esta noite não vou ter que vê-lo.
Jane soprou.
— Segue decidida a ficar com o nerd do mês?
— Sou uma mulher de palavra, e Jerry não é um idiota.
— É tão extremamente idiota que nem sequer o suportariam os idiotas normais. — Jane
sorriu, e teria rido se não a tivesse olhado.
— Como sabe?
— Porque é o tipo de homem com o que você sai. Cretinos aborrecidos com maleta, com
carteira de ações e nenhum atrativo sexual.
— Você não fica com ninguém que não tenha, no mínimo, um diploma universitário.
— Sim, mas, ao menos, me asseguro de que sejam transáveis.
— Transáveis?
— Sim, transáveis. Nem passa pela cabeça ficar com um homem que não possa imaginar
transando.
— Não interessa o sexo esporádico.
Jane sorriu de orelha a orelha,
— Não será esporádico se o fizer bem.
Pensei um momento na pergunta que Shame fez a noite anterior, e suspirei. Já que pensar
nele suporia um dia de trabalho bastante improdutivo, apartei esses pensamentos e dediquei
minha mente a um problema que podia resolver.
— Peça a Sarah que entre, por favor.
— Deixará ligado o intercomunicador para que possa escutar? - Levantou uma sobrancelha.
— Não.
Jane suspirou.
— Necessito desesperadamente de algum entretenimento. Possivelmente o muito bonito
entregador nos traga um pacote hoje. — Saiu de meu escritório com um pequeno gesto de
despedida sobre seu ombro.