Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Já em casa, tirei a roupa na sala e fui nua até o banheiro. Estar nua é uma experiência
libertadora e calmante. É como se todo meu corpo pudesse relaxar e respirar. Pensei em
Alfonso, e soube que minhas reações ante ele eram diferentes. De fato, estar nua com Poncho
não parecia com nada que houvesse sentido antes. Meus amantes passados eram pálidos e
débeis fantasmas comparados com a forma sólida e real de Alfonso Herrera.
Olhei os meus seios no espelho, cheios, ainda firmes e altos. Meus mamilos eram rosados e
ficavam um pouco mais escuros quando excitada. Tinha um estômago decente tendo em conta
meu tamanho: não era plano, mas tampouco fofo. Tinha os quadris arredondados, umas coxas
decentes, e uma bunda que não desejaria a minha pior inimiga. Bem, possivelmente sim. Olhei
no espelho, e suspirei.
Depois de tomar uma ducha rápida, agarrei um lanche e sentei em frente à televisão. Três
horas mais tarde, quão único podia dizer com total honestidade era que estava totalmente
enojada de pessoas reais. Fui a meu quarto e agarrei meu vibrador favorito. Era brilhante, com
uma cabeça rotatória e um anel de látex que estimulava meus clitóris quando o introduzia na
vagina.
Não poderia substituir a sensação quente de um homem deslizando entre as minhas pernas.
Tirei a camiseta e shorts que eu coloquei depois do banho e cai na minha cama. Liguei o
vibrador, passei-o entre meus lábios suavemente. O barulho do vibrador era suficiente para
me excitar. Pressionando-o contra meu clitóris aumentou minha excitação.
Empurrando para dentro, pressionei o botão que controlava o estimulador de clitóris. Meu
corpo respondeu instantaneamente ao rápido prazer do instrumento mecânico. O calor
atravessou meu corpo enquanto pensava em Poncho e em suas mãos. Seria estupendo que me
tocasse e me acariciasse do mesmo modo no qual o fazia com o alabastro enquanto trabalhava
na escultura. Com a mão livre, acariciava o seio, beliscando o mamilo até doer.
O calor do orgasmo congelou minha respiração enquanto atravessava meu corpo. Era um
prazer tão intenso que quase doía. Tirei o vibrador da minha vagina e o atirei na cama junto a
mim. Meu clitóris pulsava agradavelmente entre meus lábios.
Levava me masturbando desde que me lembro. Olhando o teto, pensei no prazer que podia
obter sozinha, e no prazer que podia me proporcionar um homem. Dois anos era muito tempo
para seguir sem parceiro. Tinha mantido minha cama vazia de propósito, e as razões eram
duas. Zangada, levantei da cama e levei o vibrador ao banheiro.
Lavei-o e o sequei com uma toalha de mão. Era muito tarde para apartar a lembrança. Estava
ali, já na primeira linha de minha mente, devastador e tão nítido que quase podia cheirar ao
Jeff. Passei um dedo por minha mandíbula, e quase pude recordar o horror e a dor daquele
momento. Golpeou-me somente uma vez. Estava tão aturdida, tão doída por ter dado ao Jeff
minha confiança.
Apartei a mão do rosto, fui ao dormitório e tentei esquecê-lo. Foi inútil. Frustrada e cada vez
mais zangada, fui à cozinha e tirei uma garrafa do Crown Royal da geladeira. Eu gostava do
uísque frio. Servi meio copo, e apoiei no balcão enquanto bebia.
O álcool não conseguiu me tranqüilizar, nunca o fazia. Terminei o copo e esperei a sonolência.
Beber não afastava minhas lembranças, tornava a lembrança mais fácil de suportar. Perguntei
por um momento, o que faria o álcool pela Lisa. Afastava tudo de sua mente, ou a fazia sentise
suficientemente forte para enfrentar o homem que a tinha batido?
Jeff tinha quebrado minha confiança, roubando-me isso quando lhe supliquei que não o
fizesse. Fez-me mal, estuprou-me, e todo o tempo fingiu que eu tinha querido assim. Sentia-me
envergonhada de um modo que mal podia expressar com palavras. Envergonhada por ter
acreditado nele, e doída porque não o merecia. Deixei meu trabalho no museu quando
descobri que não podia entrar no edifício sem querer morrer. Não queria voltar a vê-lo jamais.
Pensar naquela horrível noite trouxe a mente, inevitavelmente, à pessoa que me encontrou
Martin, o homem mais doce e atencioso que já conheci. Encontrou-me aninhada em meu
escritório a manhã seguinte, onde Jeff King deixou-me, quebrada e arrasada pelo trauma físico
e emocional. Martin me levantou do chão e levou até o sofá do meu escritório. Então
convenceu levar-me ao pronto socorro.
Recordo aos dois detetives: ao homem com o rosto que mostrava que tinha visto muitas
tragédias, e à mulher que desejava desesperadamente me ajudar a superar. Desgostaram-se
quando disse que não ia apresentar queixa, e que não nomearia o homem responsável. No
final, Martin lhes pediu que partissem e acatassem minha decisão. A mulher se deteve na
porta. Enquanto girava para partir, vi que as lágrimas corriam por seu rosto.
Nunca entendeu a escolha que fiz essa noite. Chorava por mim. Eu não tinha chorado, e esse
pensamento ficou comigo durante meses, até depois de mudar para Boston. Tinha sobrevivido
ao Jeff, e isso tinha sido suficiente para mim, até agora.

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