Fanfic: Dispa-se Para Mim (FINALIZADA) | Tema: AyA

Desculpem a demora pra postar queridas leitoras, mas como prometi vim postar hoje, continuem acompanhando a web e comentando, beijos

Não tinha nem idéia do que dizer, e nem sequer sabia se a
apresentação ia bem. Cada vez que olhava Jeff me revolviam as vísceras. Quando sentei e Jane
acendeu as luzes de novo, sentia-me como se acabasse de correr uma maratona.
Quando terminei a apresentação, abandonei a sala de reuniões e deixei os detalhes com
Milton e Jane. Não podia ficar nem um minuto mais. Já em meu escritório, liguei a rádio, sentei
em minha cadeira e olhei a parede em frente a mim. Levava olhando o muro durante quase
vinte minutos quando se abriu a porta de meu escritório. Levantei o olhar para falar com a
Jane, mas não era ela.
— O que quer, Jeff? — Perguntei-lhe, com incredulidade.
— Tinha pensado que poderíamos jantar juntos. — Jeff se apoiou contra o marco da porta
como se não tivesse uma só preocupação no mundo.
Sentia como um personagem de desenhos animados, com a boca totalmente aberta pela
surpresa. Fechei-a tão forte que meus dentes se chocaram. Agarrei com força os apoios de
braços de minha cadeira.
— Você está louco?
— Antes fomos amigos.
— Isso pensava, mas então me estuprou. Foi uma presença maligna em minha vida, mas tenho
a sorte de haver sobrevivido. Agora não significa nada para mim.
O silêncio caiu como uma rocha entre nós. Jeff era um desses homens que nunca aceitava a
responsabilidade de seus atos, e uma parte de mim arrependia-se profundamente de não ter
feito que pagasse pelo que tinha feito. Fechou a porta de meu escritório e caminhou frente a
ela como se estivesse pensando algo. Não podia imaginar que tivesse algo que dizer que
pudesse fazer pensar ainda pior dele, mas nunca fui boa julgando-o.
— Foi um erro.
— Um erro? — Perguntei quase afligida pela afirmação. — A estupro é um crime, não um erro.
Sai do meu escritório.
— Anahí, podemos resolver isto entre nós.
— Cada vez que eu olhar para você, ouvirei minhas suplicas de pare. — Contive o fôlego. — E
não o fez. Estuprou-me, e nada do que diga poderá mudar isso.
O músculo de sua mandíbula moveu enquanto me olhava.
— Estou te pedindo perdão.
— Vá embora.
— Anahí.
— Vá, e não volte nunca mais. Não é bem-vindo na Holman, nem profissionalmente, nem de
nenhum outro modo. Quando a exposição impressionista chegar aqui este inverno, você ficará
em Nova Iorque.
— É minha exposição.
— Não me importa. — Foi minha exposição. Ele a tinha recebido porque eu tinha partido.
— Edward espera que venha com ele para a inauguração.
— Se vier com ele, Jeff, contar-lhe-ei o que me fez. Contarei a verdadeira razão pela qual deixei
o museu e Nova Iorque. Que impressão acha que se formará de ti depois disso?
Avermelhou de fúria.
— Isso destroçaria minha carreira.
— Não será menos do que merece. Você tentou destroçar minha alma. — Levantei, não podia
seguir sentada. — Saia. — Olhei a suas costas, a Jane, que estava em pé junto à porta. — Vá,
ou farei que minha ajudante chame a segurança para que lhe acompanhem à saída.
Quando tinha desaparecido de minha vista, fui ao banheiro e fechei a porta. Somente podia
sentir agradecida porque o idiota que tinha desenhado nosso espaço de trabalho não tinha
feito as paredes do banho também de vidro. Baixei a tampa do vaso e sentei. Quando Jane
apareceu, franzi o cenho.
— Não acreditei que tivesse que suportar gente, vindo ao banheiro comigo até que tivesse
meninos. — Jane fechou a porta, e apoiou nela.
— O que Jeff King te fez, Anahí?
— Essa não é uma conversa que uma supervisora e uma subordinada devessem ter. —
Respondi.
— Bem, então conta porque sou sua amiga.
Olhei-a, e soube que em realidade não queria sabê-lo.
— Sinto muito, Jane. Isto não é sua culpa, e sinto aborrecê-la.
— Teve um caso com ele?
— Não. — Levantei do vaso e franzi o sobrecenho. Era estranho estar no banheiro com Jane.
Então ri golpeada pelo absurdo da situação.
Jane franziu o cenho enquanto abria a porta. Saí atrás dela, sabendo que não ia dar-se por
vencida. Sentou em uma cadeira frente a minha mesa enquanto eu caminhava até a janela. O
estacionamento estava quase vazio.
— Deveríamos tentar encontrar um modo de trazer às pessoas à galeria na hora do almoço.
Jane soprou.
— Não a menos que queiramos servir alguns lanches enquanto contemplam as obras.
Olhei-a.
— Obrigou-me a ter sexo com ele.
As palavras ficaram suspensas em seus lábios enquanto a cor abandonava rapidamente seu
rosto. A raiva e um olhar que somente outra mulher poderia compreender invadiram seus
olhos. Levantou e meteu as mãos nos bolsos. Pareceu jovem e vulnerável. Jane só tinha dois
anos menos que eu, mas me sentia muito mais velha que ela. Limpou a garganta, e agitou a cabeça.

— Está bem, Jane. Ninguém sabe o que dizer depois de uma confissão assim, e quando falam,

indevidamente falam tanto que geralmente só conseguem te fazer sentir pior. Eu estou bem.
— Vou assegurar que a segurança compreenda que esse tipo não deve voltar a entrar neste
edifício. — Caminhou para a porta.
— O que vai dizer-lhe?
— Que agarrou minha bunda. — Jane sorriu, mas seus olhos permaneceram escuros e
furiosos. — O senhor Wilkes não pode suportar aos homens que não têm educação. Não
deixará passar a porta sem me notificar isso antes.
Não disse nada mais, e Jane partiu de meu escritório.