Fanfic: Casada com um estranho - ( Vondy e um pouquinho de Ponny) | Tema: Vondy

— Você não me parece feliz, Dulce — murmurou-lhe ao ou­vido o conde de Vilard. — Talvez queira ouvir uma piada engraçada. Ou ir a outra festa menos aborrecida.

Dulce sorriu para o amante.

— Se você quiser ir embora, não me oponho.

Vilard acariciou-lhe as costas com a mão enluvada.

— Eu não disse que queria ir embora. Apenas sugeri uma cura para o seu enfado.

Dulce até preferia estar entediada. Qualquer coisa seria me­lhor do que pensar em Chris o tempo todo. Quem era o homem que se instalara em sua casa? Decididamente, não tinha a menor idéia. Só sabia que ele estava envolto em sombras e tormentos que lhe fugiam à compreensão. Era também muito perigoso. Como marido, ele podia exigir tudo, e ela não poderia recusá-lo.

No íntimo, Dulce preferia o marquês de Casillas que conhe­cera no passado. Com o jovem Chris, perspicaz e irreverente, era mais fácil lidar.

— E então, Dulce? — o conde insistiu.

Ela escondeu a ponta de irritação. Eddy era um homem gentil e elegante, estavam juntos havia dois anos, mas nunca mani­festava sua opinião, nunca demonstrava suas preferências.

— Gostaria que você decidisse, Eddy.

— Eu? — Ele franziu o cenho, o que não diminuiu em nada seu charme.

Vilard tinha nariz aquilino, olhos claros e cabelos pretos, já embranquecendo nas têmporas, que o tornava mais atraen­te, excelente espadachim, o conde era muito querido e respeita­do. As mulheres o cobiçavam, e Dulce não fora exceção. Viúvo com dois filhos, não precisava preocupar-se com novo casamen­to. Dulce apreciava a companhia dele. Na cama e fora dela.

— Sim, você. O que gostaria de fazer?

— O que você quiser — ele respondeu com gentileza. — Co­mo sempre, vivo para a sua felicidade.

— Eu ficaria mais feliz se soubesse o que você quer. O sorriso de Vilard desapareceu.

— Você está mal-humorada, Candy?

— Perguntar a sua opinião não significa que esteja de mau humor.

— Então por que essa implicância comigo?

Dulce fechou os olhos e meneou a cabeça. A irritação com Eddy era por culpa de Chris. Olhou para o conde e segurou-lhe as mãos.

— Entre todas as coisas que podemos fazer, o que lhe daria mais prazer, Eddy?

Ele sorriu novamente e acariciou a pequena porção de pele exposta entre a manga curta do vestido e a luva comprida.

— Sua companhia já me dá todo o prazer do mundo, Dulce. Você sabe disso.

— Então, irei encontrá-lo em sua casa logo mais — ela mur­murou.

Vilard retirou-se imediatamente. Dulce esperou alguns momentos antes de sair também.

Durante o trajeto até a mansão Vilard, ela refletiu sobre a situação e considerou as possíveis opções. Estava preocupada e Eddy notou, assim que ela entrou no quarto.

— O que a está preocupando, Dulce? — perguntou ele, aju­dando-a tirar a capa.

Ela respirou fundo e contou:

— Lorde Casillas voltou.

— Maldição! O que ele quer?

— Viver na casa dele, retomar sua vida social.

— O que ele quer com você?

Dulce tentou amenizar a angústia do conde.

— Eu estou aqui com você, e ele está em casa. Você sabe como Christopher é.

— Sei como ele era, mas isso foi há quatro anos. — Eddy serviu-se de uma bebida e ofereceu a Dulce, que aceitou. — Não sei como me sentir sobre essa situação, Dulce.

— Você não tem que sentir nada, Eddy. A volta de Christopher não o afeta em nada. — Não como a afetava.

— Eu seria tolo em não pensar que poderá me afetar futura­mente.

— Eddy. — Ela pegou o copo da mão dele e descalçou os sapatos. O que poderia dizer? Talvez o assédio de Chris não fosse uma anomalia. Era possível que seu marido ainda a qui­sesse no dia seguinte. Ou talvez, estivesse confuso por conta do desgaste da viagem. Preferia apostar na segunda hipótese. Já era suficiente para qualquer mulher viver apenas uma vez na vida com um homem como Espinosa. — Não sabemos o que o futuro nos reserva.

— Por favor, Dulce! Nada de frases feitas. — Ele ingeriu a bebida de um só gole e serviu-se de mais.

— O que você quer que eu diga? — Ela detestava não ter palavras de conforto, e ainda assim dizer a verdade.

Eddy colocou o copo abruptamente sobre a mesa, espirrando bebida para todos os lados. Aproximou-se dela.

— Quero que me diga que a volta de Christopher não tem a menor importância.

— Não posso. — Ficando na ponta dos pés, beijou-o no rosto. Ele a abraçou forte. — Você sabe que não posso, Eddy. Gostaria de poder.

Tirando-lhe o copo da mão, Vilard fez menção de levá-la para a cama. Ela negou com um gesto de cabeça.

— Está me rejeitando? — ele perguntou com incredulidade.

— Estou confusa, Eddy, e aflita. Isso abala meu ardor. Mas vai passar logo. Prometo.

— Você não deveria ter me rejeitado. Por que veio até aqui? Só para me atormentar?

Dulce desvencilhou-se dos braços do amante.

— Minhas desculpas. Eu não sabia que era recebida aqui penas para servir-lhe na cama.

— Candy, espere. — Vilard segurou-a pela cintura e enterrou o rosto na curva do pescoço. — Perdoe-me. Sinto que agora há uma barreira entre nós, e não suporto a idéia de perdê-la. — Ele a encarou. — Diga a verdade. Christopher a deseja?

— Não sei.

Eddy soltou um suspiro de frustração.

— Como não sabe, Dulce? Você, de todas as mulheres, de­veria saber se um homem deseja deitar-se na sua cama ou não.

— Você não o viu, Eddy. Onde quer que tenha vivido nos últimos quatro anos, certamente, ele não teve vida social. Sim, ele tem desejo. Reconheço muito bem. Mas o desejo é por mim ou por qualquer outra mulher? E isso que eu não sei.

— Então, teremos que encontrar uma amante para o seu ma­rido. Assim, ele deixará a minha em paz.

Dulce riu alto.

— Que conversa mais estranha!

— Eu sei. — Ele acariciou-lhe o rosto. — Vamos sentar e planejar uma festa? Não, um jantar é melhor. Faremos uma lista de todas as mulheres que poderiam agradar a Christopher, e con­vidá-las.

— Oh, Eddy. — Dulce sorriu espontaneamente pela primeira vez, desde a volta de Chris. — Que idéia maravilhosa. Por que não pensei nisso antes?