Fanfic: Casada com um estranho - ( Vondy e um pouquinho de Ponny) | Tema: Vondy

Depois do banho e da refeição leve, Dulce sentou-se diante da penteadeira apenas de espartilho. Fechou os olhos enquanto Mary prendia-lhe o cabelo, penteando-o no estilo da moda: ca­chos curtos ao redor do rosto.

Normalmente, estaria conversando com Mary para inteirar-se das novidades. Os criados sempre sabiam de tudo que acon­tecia em sociedade e ela gostava de ouvi-los.

Naquela noite, porém, ficou quieta. Sabia que muitas das mulheres que estiveram em sua casa eram conhecidas íntimas de seu marido. Ao longo dos quatro anos, muitas vezes, encon­trara essas mesmas mulheres e nunca pensara no que poderia haver entre eles.

O pior de tudo, porém, não eram as mulheres do passado, mas as do futuro. Aquelas que tinham lançados olhares lângui­dos e sorrisos cheios de promessas a Chris, pensando que ela não se importaria. Não deveria se importar. Afinal, ela tinha Vilard, e nunca se incomodara antes. Contudo, incomo­dava-se, sim. Só de pensar que logo uma daquelas mulheres — ou todas — partilharia a cama com Christopher, sentiu o sangue ferver.

Uma leve batida na porta e Chris entrou, vindo do quarto contíguo.

— O que...? — ela começou.

Christopher puxou pela respiração e sentou-se na chaise.

— Você está arrebatadora, minha querida! — ele exclamou como se fosse normal sair da suíte principal e entrar nos apo­sentos dela pela porta de comunicação.

Desde o casamento, Christopher ocupava um quarto no final do corredor. Dulce chegara a sugerir que se instalasse numa suíte na ala de hóspedes, uma vez que a casa era dele e o casamento, uma farsa. Ele não aceitara, alegando que Dulce passava muito mais tempo em casa. O que era verdade. Ela dormia em sua cama todas as noites, enquanto Chris ficava dias fora de casa.

— O que está fazendo na suíte? Não há nada nos aposentos, a não ser móveis vazios.

— Engano seu. Quase todos os meus pertences estão lá. Pelo menos, o que uso com maior regularidade.

Dulce apertou as mãos. O fato de Chris estar dormindo no quarto ao lado, com apenas uma porta separando-os, era muito excitante. Lembrou-se de quando o viu quase nu, na alfaiataria. A sensação de seu membro pressionando-lhe o ventre ainda era forte. Forte, rígida e quente... Nu... O corpo perfeito de Chris espalhado na cama, adormecido... Envolto nos lençóis...

Oh, céus...

Mary terminou de pentear a patroa e saiu do quarto. Christopher aproveitou o momento para aproximar-se de Dulce e acariciar-lhe os ombros. Dulce prendeu a respiração, tentando não inalar o cheiro másculo que a deixava inebriada.

— Por que não podemos ser apenas bons amigos como antes, Chris? Por que estragar nossa amizade lembrando-me desta atração não desejada?

— Você não imagina como é difícil para um homem ficar perto da mulher desejada, sentir o desejo queimá-lo por dentro, e não poder fazer nada.

— Amigos — ela insistiu com voz firme. — É a única maneira para nosso casamento dar certo.

— Posso ser seu amigo, além de amante, Dulce. — Os lábios úmidos e quentes roçaram-lhe o ombro.

— E o que será de nós depois que a paixão acabar e deixarmos de ser amantes?

Enlaçando-a pela cintura, Chris mirou a imagem de ambos refletida no espelho.

— O que você quer que eu diga, minha querida? Que seremos sempre amantes?

Ao dizer isso, puxou o corpete de Dulce para baixo, e segurou os seios expostos. Apertando-a mais, roçava suavemente o ab­dômen contra o ventre dela. A forte evidência do desejo de Chris era inconfundível, e Dulce sentiu o calor espalhar-se rapidamente pelo corpo todo. Pronta para o sexo, excitada pela sedução do marido, ela fechou os olhos e deixou escapar um gemido abafado.

— Olhe para nós — ele murmurou. — Abra os olhos. Veja como estamos excitados. — Os dedos hábeis, agora, apertavam-lhe os mamilos. — Você também me deseja. Por que negar? Abra os olhos, Dulce.

Com medo de ver-se nos braços dele, ela negou enfaticamente.

— Não... não...

Chris ajeitou-se e amoldou o corpo ao dela, movimentando-se lentamente, sua rigidez provocando-a, fazendo-a estremecer e soluçar quase em desespero. Deslizou a mão pelo ventre liso até seus dedos tocarem a doce umidade de Dulce que pulsava ansiosa por recebê-lo.

— Não posso dizer que seremos amantes para sempre, Candy. Mas sei que, se meu desejo for a metade do que é agora, vou querer ficar com você indefinidamente. Fique em casa comigo esta noite — Chris murmurou, seus dedos movimentando-se em círculos dentro da intimidade de Dulce.

A tentação de ficar era quase irresistível. Dulce queria jogá-lo no chão, montar nele e cavalgá-lo até saciar-se por completo.

— Eu nunca o desejei antes, Chris. — Ela gemeu, estremecen­do. — Nunca pensei em ir para a cama com você. — Sim, nunca pensara. Mas agora não conseguia pensar em outra coisa a não ser entregar-se por completo.

Obrigando-se a abrir os olhos, olhou para o espelho e viu seu corpo se contorcendo em espasmos entre as mãos atrevidas.

Naquele momento, odiou-se pelo que viu. Já vira aquela cena antes. A cena de uma garota apaixonada, presa na armadilha criada pelos prazeres de um homem.

— Quero fazer amor com você, Candy — Chris sussurrou, co­brindo de beijos a pele macia do pescoço e ombro. — Quero-a desesperadamente. Tanto que receio machucá-la.

A rudeza das palavras foi demais para ela suportar. Com um grito, atingiu o clímax. Os espasmos eram tão fortes que seus joelhos quase dobraram. Chris manteve-a em pé, com braços firmes e fortes.

Dulce desviou os olhos da imagem refletida no espelho. Ins­tintivamente, olhou para o retrato de Eslaviero, o homem que, um dia, levou-a à decadência sexual. Veio-lhe à mente todas as amantes que ele tivera. Lembrou-se das ocasiões em que fora forçada a sentar-se diante de uma delas em reuniões sociais, ou sentir o perfume delas na pele do marido. Pensou nas mulheres que haviam estado em sua casa, naquela tarde, com seus sorri­sos insinuantes. Seu estômago se contraiu e o ardor arrefeceu instantaneamente.

— Solte-me — ordenou ela, empurrando-o. Christopher ainda tentou segurá-la.

— Ouça sua respiração e o coração acelerado. Você me deseja tanto quanto eu a quero, Dulce.

— Não quero. — Ela se debateu até Christopher soltá-la. Virou-se de frente para ele, punhos cerrados e olhar determinado. — Fique longe de mim, Chris. Volte para o seu quarto. Deixe-me em paz.

— Que diabos está acontecendo com você, afinal? — Ele a fitou sem compreender o que Dulce dizia.—Eu não entendo você.

— Não quero saber de intimidades com você, Christopher. Já disse isso muitas vezes.

— Por que não?

— Não me pressione mais. Se você continuar se impondo a mim, terei que ir embora.

— Impondo-me a você? — Ele apontou-lhe o dedo em riste, visivelmente frustrado. — Vamos resolver isso. Ainda hoje.

Dulce ajeitou o corpete, cobrindo os seios, e meneou a cabeça.

— Tenho compromissos esta noite. Eu avisei.

— Você não pode sair. Mire-se no espelho. Seu corpo todo está trêmulo, ansiando pelo prazer, pela satisfação.

— Isso não lhe diz respeito.

— Claro que diz!

— Chris...

Os olhos dele estreitaram-se perigosamente.

— Não envolva Vilard, Dulce. Não vá procurá-lo para saciar o desejo que eu despertei.

Ela o encarou.

— Você está me ameaçando?

— Não. E você sabe muito bem disso. Só estou avisando que, se você procurar Vilard para apagar o fogo provocado pe­los meus carinhos, eu o desafiarei para um duelo.

— Não estou acreditando no que estou ouvindo! Christopher abriu os braços.

— Nem eu. Aí está você ansiando por mim. Aqui estou eu, pronto para fazer amor com você até não conseguirmos nem andar. Qual é o problema, Dulce? Você pode me explicar?

— Não quero acabar com o nosso casamento - Chris respirou fundo, tentando acalmar-se.

— Devo lembrá-la, minha querida esposa, que o casamento, por natureza, inclui sexo. Entre os cônjuges, sem terceira ou quarta parte.

— Não o nosso casamento. Temos um acordo, portanto, trate de procurar outra pessoa.

— Aquele maldito acordo! Céus, Candy. A situação mudou. — Ele se aproximou com os braços abertos e a expressão menos tensa.

Dulce afastou-se e correu para o outro lado do quarto, refugiando-se atrás de uma poltrona. O rosto dele contraiu-se novamente.

— Tudo bem, Dulce. Mas não é o que você realmente quer. Eu a observei na sala de visitas e notei como você olhou para as mulheres que estiveram aqui. Seja lá qual for o motivo de sua rejeição, a verdade é que você não me quer com nenhuma outra mulher. — Chris fez uma reverência. — Entretanto, seu desejo é uma ordem para mim. Espero que reconheça o erro que está cometendo.

Antes que Dulce pudesse reagir, Chris saiu do quarto. E mes­mo arrependendo-se de suas palavras, não foi atrás dele e nem lhe pediu que ficasse.

Furioso e resmungando por conta da teimosia de Dulce, Christopher atravessou o corredor do hotel que levava ao quarto de lady Beorlegui.