Fanfic: Casada com um estranho - ( Vondy e um pouquinho de Ponny) | Tema: Vondy

— Às três. — Christopher sentou-se na cama e cruzou os braços. O desafio silencioso estava evidente no tom de voz e na postura.

Ela aceitou o desafio.

— E se eu não voltar nesse horário?

— Eu irei buscá-la, querida. Não quero perdê-la agora que a encontrei.

— Você não pode fazer isso, Chris. — Dulce começou a andar pelo quarto.

— Não só posso como farei, Candy.

— Não sou propriedade sua.

— Você é minha.

— Esse conceito de posse é mútuo? Christopher franziu o cenho.

— Como assim?

Dulce parou perto da cama e colocou as mãos na cintura.

— Poderei agir da mesma forma se você não voltar no horário estabelecido? Poderei ir atrás de você, onde quer que esteja e, se preciso for, tirá-lo dos braços de sua amante?

Chris levantou-se.

— E essa sua intenção, Candy? Um amante?

— Não estamos falando de mim.

— Estamos, sim. — Aproximando-se, abraçou-a.

— Não sou uma mulher obcecada por sexo, Christopher, se é isso que você está sugerindo.

— Você até pode ser obcecada por sexo. Desde que seja co­migo.

— Não espere isso de mim. Eventualmente, você encontrará prazer em outro lugar.

— Por que esse "eventualmente" não pode ser agora? Esque­ça o passado e o futuro, Candy. Nestes quatro anos, aprendi que este momento é o que realmente importa.

— Isso faz diferença entre o modo como você vivia antes e como quer viver hoje? — Ela correu até a porta do quarto de vestir, mas Chris a abraçou por trás.

— Antes, tudo na minha vida poderia esperar até o dia se­guinte. Percorrer minhas propriedades, conversar com meus advogados e administradores, visitar lady Sinclair. As vezes, o dia seguinte não chega, Candy. Às vezes, o hoje é tudo que temos.

— Vê como somos diferentes? Sempre pensarei no futuro e em como minhas ações de hoje voltarão para assombrar-me.

Com uma das mãos, Chris acariciou o seio de Dulce. Mesmo não querendo, ela gemeu.

— Não vou mantê-la numa prisão, minha querida. Jamais farei isso. Principalmente agora que estamos unidos para sem­pre. — Com uma imprecação, ele a soltou. — Vou lembrá-la disso sempre que necessário.

Dulce se voltou para encará-lo.

— Não serei vigiada como uma prisioneira.

— Nem eu pretendo cercear sua liberdade.

— Então por que as regras absurdas?

— Assim que souberem que você rompeu com Vilard, todos a assediarão, e no momento, não poderei fazer nada a respeito.

— Para proclamar sua posse? — ela indagou com frieza.

— Para protegê-la. — Com as mãos na nuca, Chris se espre­guiçou. — Voltei com o único propósito de ser um marido de verdade, e deixei isso muito claro, desde o início.

Dulce permaneceu em silêncio por alguns momentos. De­pois, meneou a cabeça, dizendo:

— Estarei em casa às três horas.

No escritório, Christopher olhou para o irmão e suspirou.

— Não foi isso que imaginei ao concordar em vir morar com você — Spencer resmungou, balançando a cabeça. — Pensei que sairíamos juntos.

— Sairemos, sim, mas depois que o alfaiate entregar minhas roupas novas. Enquanto isso, vou invejá-lo por poder acompa­nhar lady Casillas esta noite.

— Mas eu planejava passar a noite em outro lugar, com outra mulher... entende?

— Você trará minha mulher para casa até as três horas da madrugada. Depois disso, você estará livre para fazer o que quiser. — Christopher quase o aconselhou a aproveitar bem, pois, aquela seria a última noite de diversão que ele teria por muito tempo. Mas conteve a língua.

— Mamãe a odeia, você sabe, não?

— E você?

Spencer surpreendeu-se.

— Você quer mesmo ouvir minha opinião?

— Claro. Estou curioso. Spencer encolheu os ombros.

— Não sei se o invejo ou se tenho pena de você. Candy é uma mulher linda. Que corpo! Céus, e os lábios? Eu daria uma for­tuna para ter uma mulher assim na minha cama. Mas casar-se com ela? — Ele meneou a cabeça. — E mesmo assim, você e ela procuram o prazer fora de casa. Pode me dizer por quê?

— Idiotice.

Rindo, Spencer foi até a bandeja de bebidas. Serviu-se de um drinque e apoiou-se na escrivaninha de mogno. Observando-o, Christopher reconheceu que, aos vinte e dois anos, pensava e agia como o irmão. Talvez essa semelhança pesasse a seu favor aos olhos de Dulce. Certamente ela não deixaria de notar como ele mudara ao longo daqueles quatro anos.

— Não quero provocá-lo, Chris, mas prefiro mulheres que gostem de mim. — Terminando o drinque, Spencer deixou o copo de lado e cruzou os braços. — Você vai fazê-la andar na linha agora?

— Candy nunca andou fora da linha.

— Se é você quem diz... — Spencer não pareceu muito con­vencido, mas não discutiu.

— Eu digo, sim. Quero que você fique grudado em lady Casillas a noite toda. Nem pense em entrar no salão de jogos, e controle sua libido até trazê-la para casa.

Christopher levantou-se ao ver Dulce entrar no escritório. Ela usa­va vestido rosa claro, uma cor que deveria emprestar-lhe um ar de inocência. Em vez disso, porém, enfatizava sua vibrante sensualidade. O decote generoso do vestido de cintura alta qua­se não escondia os seios fartos.

O efeito foi devastador e imediato. Christopher conteve-se para não jogá-la no ombro, correr para o quarto e fazer amor até o dia ama­nhecer. A imagem foi tão absurda que ele não conteve o riso.

— O que é isso? — ela murmurou com um meio sorriso. — Será que estou tão mal vestida assim?

— Céus! — Spencer exclamou, inclinando-se para beijar-lhe a mão. — Precisarei de uma espada para manter os inconve­nientes a distância. Mas não tema, querida cunhada, vou servi-la até o final dos meus dias.

O riso suave e rouco de Dulce ecoou pelo escritório, abalando ainda mais a disposição de Christopher em deixá-la sair.

— Oh, Spencer! Faz muito tempo que não tenho a companhia de um rapaz tão galanteador!

O brilho de satisfação nos olhos do irmão irritou Christopher que cerrou os dentes.

— É minha obrigação corrigir essa falha, lady Casillas — disse Spencer.

Com um suspiro resignado, Christopher estendeu a mão a Dulce e conduziu-a até a porta. Em seguida voltou ao escritório. Da janela, viu a carruagem afastar-se, levando-a.

Dulce pertencia-lhe, como suas terras e fazendas. Nada e nin­guém a tirariam dele. Mas não pretendia recorrer à força. Queria ganhar a confiança da esposa, como ganhara o respeito de seus administradores e empregados. Trabalhara ao lado deles, ves­tira-se como eles, participara de suas celebrações e sentara-se à mesa com eles. Deixara de ser um lorde errante que nem sequer sabia da existência dessas pessoas.

Agora sabia que fora um exercício. Aquela era sua casa, seu verdadeiro lar. E se encontrasse um modo de partilhá-lo com Dulce, se conseguisse controlar seus impulsos ardorosos e ali­cerçar as bases do casamento, talvez, pudessem viver felizes como marido e mulher.