Fanfics Brasil - Prólogo - Parte 4 Casada com um estranho - ( Vondy e um pouquinho de Ponny)

Fanfic: Casada com um estranho - ( Vondy e um pouquinho de Ponny) | Tema: Vondy


Capítulo: Prólogo - Parte 4

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Um tênue ruído acordou Dulce. Pela suave coloração púr­pura do céu, percebeu que o dia estava começando a clarear. Ainda sonolenta, tentou identificar o que perturbara seu sono.


De novo o som quase inaudível.


Esfregando os olhos com as mãos, sentou-se na cama pegou o robe para cobrir-lhe a nudez. Olhou para o relógio sobre a lareira; Eslaviero fora embora havia apenas duas horas. Espe­rava dormir até o final da tarde, e ainda pretendia fazê-lo, assim que dispensasse seu inconveniente admirador. Quem quer que fosse ele.


Estremeceu no caminho até a janela, onde pedras minúsculas batiam na vidraça, provocando o ruído irritante. Abriu-a e es­piou o jardim. Suspirou.


— Já que tenho que ser perturbada, é melhor que seja por alguém tão agradável quanto você.


O marquês de Casillas sorriu, o cabelo castanho despentea­do e os olhos azuis emoldurados por olheiras profundas. Estava sem gravata e com a camisa aberta no peito, revelando a pele dourada do pescoço e alguns pêlos pretos no peito. Dulce retri­buiu o sorriso. Chris lembrava muito Espinosa, quando o conhe­cera havia nove anos. Bons e felizes tempos aqueles, mas que tinham durado tão pouco!


— Oh, Romeu, Romeu — ela recitou, sentando-se no assento da janela. — Por que não...


— Oh, por favor, Candy — ele a interrompeu com sua risada grave. — Deixe-me entrar. Está frio aqui fora.


— Chris, se eu abrir a porta para você, até a hora do jantar, toda a Londres saberá da história devidamente exagerada, cla­ro. Vá embora antes que alguém o veja.


Christopher cruzou os braços e Dulce sorriu. Ele era tão jovem, as linhas do rosto ainda nem estavam definidas. Ainda um me­nino em muitos sentidos. Espinosa tinha a mesma idade dele, quando a conhecera.


— Não vou embora, Dulce. Portanto, é melhor me convidar a entrar antes que eu faça um escândalo!


Pela expressão de teimosia, Dulce percebeu que ele falava sério.


—Vá até a porta da frente. Alguém já deve ter acordado para recebê-lo.


Ela saiu da janela e amarrou o cinto do robe de cetim branco e foi até ao quarto de vestir, onde abriu as cortinas, deixando entrar a pálida luz da manhã. Era seu quarto preferido, deco­rado em tons suaves de marfim e dourado, com cadeiras e chaise de bordas douradas, pompons e franjas. Mas não era a combi­nação de cores que a atraía mais. O motivo da preferência era o único ponto de contraste naquela harmonia de cores suaves: o imenso retrato de Espinosa que ocupava toda a parede.


Todos os dias, contemplava o retrato, permitindo que a má­goa e a repugnância aflorassem. A expressão do conde era im­penetrável, claro, mas os lábios sedutores estavam curvados no sorriso que a conquistara completamente. Ela o amara demais, somente como uma garota poderia amar um homem. Espinosa era tudo em sua vida, até ela comparecer ao recital na mansão de lady Warren e ouvir duas mulheres, sentadas na fileira de trás, comentarem sobre as proezas amorosas de lorde Espinosa.


Só de lembrar, seus maxilares se contraíram, e todo o ressen­timento voltou com a força de um furacão. Quase cinco anos tinham se passado desde o dia que Espinosa encontrou seu cas­tigo num duelo por causa de uma amante, mas Dulce ainda sofria as dores da traição e da humilhação.


Uma leve batida na porta interrompeu-lhe as lembranças.


— Entre!


O mordomo, de cenho franzido e com aparência de quem se vestira às pressas, entrou.


— Milady, o marquês de Casillas solicita um momento de seu tempo. — Ele pigarreou. — Da entrada de serviço.


Dulce reprimiu um sorriso. O mau humor causado pelas lem­branças tristes evaporou só de imaginar Christopher, altivo e arro­gante, parado na entrada de serviço.


— Estou em casa.


Um leve movimento de uma sobrancelha grisalha foi a única indicação de surpresa.


Enquanto o mordomo saiu para avisar Chris, Dulce acendeu as velas dos castiçais. Esperava que ele fosse rápido sobre o que quer que fosse que o trouxera ali.


Pensando na conversa da noite anterior, imaginou que, tal­vez, Chris precisasse de ajuda. Ele poderia estar enfrentando algum pequeno problema mental.


Eles se conheciam, mas não se podia dizer que eram amigos. Sempre houvera uma respeitosa distância entre ambos, motiva­da por seu romance com Eslaviero, o melhor amigo de Christopher. Um romance que ela terminara algumas horas antes, justamente quando o belo visconde a pedira em casamento pela terceira vez.


Apesar da incrível habilidade de Chris para embaralhar-lhe momentaneamente o raciocínio com sua beleza fora do comum, ela não tinha o menor interesse por ele. Chris era a repetição de Espinosa — um homem egoísta e egocêntrico demais para deixar seus interesses de lado em benefício de outra pessoa.


A porta se abriu, assustando-a. Christopher entrou e, enlaçando-a pela cintura, girou pelo quarto, rindo aquele seu riso rico e conta­giante. O riso de alguém que nunca tivera preocupações na vida.


— Chris! — ela protestou, empurrando-lhe os ombros. — Po­nha-me no chão!


— Querida Candy — ele gritou com os olhos brilhando de feli­cidade. — Esta manhã, recebi uma notícia surpreendente e ma­ravilhosa! Vou ser pai!


Dulce piscou ainda zonza pelas poucas horas de sono e pelo rodopio.


— Você é a única pessoa neste mundo que ficará feliz por mim. Todos ficarão horrorizados. Por favor, sorria, Candy. Cumprimente-me.


— Claro, assim que você me puser no chão.


O marquês obedeceu e recuou, esperando. Dulce riu ante a ansiedade do amigo.


— Parabéns, milorde. Posso saber o nome da felizarda que se tornará sua esposa?


Muita da alegria nos olhos azuis de Chris desapareceu, mas o sorriso encantador persistiu.


— Poderia ser você, Dulce.


Ela o fitou por um longo momento, tentando compreender as intenções dele. Logo desistiu. Com um gesto, convidou-o a sentar-se na cadeira, e sentou-se na chaise.


— Você está linda com esses cabelos sensualmente revoltos. Agora entendo por que seus amantes sofrem tanto com a perda de uma visão tão magnífica.


— Lorde Casillas! — Dulce alisou os cachos que escapavam das longas tranças. A moda do momento era de cabelo curto, mas ela ainda preferia-os compridos, assim como seus amantes. — Por favor, seja breve na explicação do propósito de sua visita. A noite foi muito longa e estou cansada.


— A noite foi longa para mim também... ainda não dormi, mas...


— Posso sugerir que durma com essa sua idéia maluca? Des­cansado, penso que verá tudo de forma diferente.


— Não verei, não. Já pensei muito a nosso respeito. Há muitas razões para acreditar que nascemos um para o outro.


Ela meneou a cabeça.


— Chris, você não tem noção do quanto está errado.


— Ouça-me, Candy. Preciso de uma esposa.


— Eu não preciso de um marido!


— Tem certeza? — ele perguntou erguendo uma sobrance­lha. — Acho que você precisa, sim.


Dulce cruzou os braços e recostou-se na chaise. Insano ou não, Chris era muito interessante.


— E mesmo?


— Pense um pouco. Sei que gosta muito dos seus amantes, mas, eventualmente, você acaba dispensando-os, e nunca por enfado ou desinteresse. Você não é desse tipo de mulher. Não, você os dispensa porque eles se apaixonam, e acabam querendo mais. Você se recusa a levar homens casados para a sua cama, portanto, todos os seus amantes são solteiros e desejam casar com você. — Ele fez uma pausa. — Mas se fosse casada... — Chris deixou as palavras pairando no ar. Dulce o encarou. Depois, piscou.


— Que diabos você ganharia com um casamento assim?


— Muito mais do que você imagina, Candy. Eu ficaria livre des­sas debutantes casadoiras, minhas amantes entenderiam que não podem receber mais de mim, minha mãe... — Ele estreme­ceu. — Minha mãe pararia de apresentar-me futuras noivas em potencial, e eu teria uma esposa não só encantadora, mas tam­bém sem a mínima noção de amor, compromisso e fidelidade.


Por alguma estranha e incompreensível razão, Dulce perce­beu que começava a gostar de lorde Christopher. Diferente de seu primeiro marido, Chris não estava enchendo a cabeça de uma garota ingênua com declarações de amor e devoção eternos. Ele não estava propondo um casamento de conveniência a uma menina que o amava e que seria magoada com suas indiscrições. Chris estava vibrando com o bastardo a caminho, o que a fazia acreditar que ele pretendia ter filhos.


— E com relação a filhos, Chris? Já não sou tão nova, e certa­mente você vai querer um herdeiro.


O sorriso dele quase lhe tirou o fôlego.


— Não se preocupe, Dulce. Tenho dois irmãos mais novos, um dos quais já está casado. Eles terão filhos, de modo que podemos esquecer o assunto.


Dulce riu, mas em algum canto de sua mente, pensou que deveria, pelo menos, considerar aquela proposta ridícula.


Terminara com Espinosa, embora lamentasse o final tão tris­te. Ele se apaixonara, e ela o segurara egoisticamente por quase dois anos. Já era tempo de Espinosa encontrar uma mulher que o merecesse. Uma mulher que o amasse, já que ela mesma não podia amá-lo. Sua habilidade de viver uma emoção tão elevada morrera com Espinosa num campo, ao amanhecer.


Olhando novamente para o retrato do conde, odiou-o pela dor que ela causara a Espinosa. O visconde era um bom ho­mem, amante carinhoso e grande amigo. Era também o terceiro homem a quem magoara por sua necessidade de solidão física e satisfação sexual.


Sempre pensava em lorde Pearson e em como ele ficara emo­cionalmente destruído depois do rompimento. Tinha plena consciência dos sofrimentos que causava, e com freqüência re­preendia-se por provocá-los, mas sabia que não mudaria seu modo de ser. A necessidade humana por companhia não podia ser ignorada.


Chris estava certo. Talvez se ela já estivesse casada, poderia viver um relacionamento sexual agradável com um homem que não sonhasse com algo mais. E não teria que se preocupar com a possibilidade de Chris apaixonar-se por ela. Ele já confessara seu profundo amor por uma mulher, mas também freqüentava a cama de muitas amantes. Como Espinosa, constância e sensi­bilidade para um grande amor estavam acima da compreensão dele.


Mas ela saberia lidar com a infidelidade depois de ter expe­rimentado a dor que isso poderia trazer?


O marquês se inclinou para a frente e segurou-lhe as mãos.


— Diga sim, Candy. — Os desconcertantes olhos azuis reforça­vam a súplica, e Dulce entendeu que Chris nunca se importaria com seus affairs. Afinal, ele estaria ocupado demais com os dele.


O "casamento" seria uma troca, nada mais do que isso.


Talvez o cansaço tivesse apagado sua capacidade de pensar claramente, mas no espaço de duas horas, Dulce viu-se na car­ruagem de Christopher, viajando para a Escócia.


 



Seis meses depois...




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Autor(a): Dokka

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Christopher viu a figura curvilínea da esposa passando pelo cor­redor e chamou-a: — Dulce, um momento de seu tempo, se você puder, por favor? — Sim, Chris?—Ela entrou no escritório com expressão curiosa. — Você estará livre na noite de sexta-feira? — Sabe que estou sempre disponível quando p ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 34



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  • stellabarcelos Postado em 30/12/2015 - 18:26:03

    Amei muito! Adoro histórias de época!

  • a_letiicia Postado em 23/12/2013 - 20:17:55

    Dokkinha, acabou <\3 Ai, pelo menos foi tudo tão lindo!!!!! Tenho que falar que meu coração ficou todo acelerado enquanto eu não sabia se a Dulce ia se entregar. Outa merda!!! hahahahah ah, por favor, um Uckermann jogando pedrinhas na minha janela, da pra ser???? Vou sentir saudade dessa fic. E não me deixa na outra hein? Beijinhoss

  • a_letiicia Postado em 06/12/2013 - 19:24:45

    Você postou aqui Dokkinha!!! Ai que saudades meu Deus!!!! Mas postou capítulos que cortam meu coração! Não acredito que a Dulce vai ter coragem de ir embora depois de tudo, tudo que eles passaram, e depois de descobrir que o Christopher é diferente do Eslaviero. E eu só posso odiar essa mãe dele, porque ô criatura imbecil, cretina e insuportável. Nossa, eu espero que o Christopher chegue a tempo de impedir essa loucura da Dulce, que é ficar separada dele. Ela não vai conseguir, ele não vai conseguir. Fico desesperada com isso. Ahhhhhh, eu tava com tanta saudade!!! ('; Ahhhhh, você viu a música e o vídeo do Christopher??? To tão apaixonada que nem sei <3 <3

  • miranda Postado em 05/12/2013 - 04:47:03

    Gostei muito do primeiro capitulo, deu p notar que a historia é muito boa! :D

  • miranda Postado em 05/12/2013 - 04:44:36

    Leitora nova! *-*

  • a_letiicia Postado em 28/10/2013 - 21:56:07

    HAHAHAHAHAH Eu entendo que você defendia o Eddy, porque ele não ter culpa de ser apaixonado pela Dulce. Mas mesmo assim, ele é chato kk Mas repito, ele subiu um tantinho no meu conceito e tals. Espero que continue assim! HAHAHAHAHAHA A mãe do Christopher é uma cretina! Nossa. Além de tudo ainda quis 'viajar' com os dois. Tá fazendo de tudo pra evitar que eles fiquem juntos. E vai aprontar mais, porque as coisas são assim! Kk Sobre o sumiço do Christopher. To chateada também menina. Sinto falta dele. De tudo. Ele só aparece de vez em quando no twitter, mas raramente fala dele. Sabe, espero do fundo do coração que quando ele lançar novas músicas, novos trabalhos, ele volte pra gente. To com saudades do bebê que agora é homem! <3

  • a_letiicia Postado em 28/10/2013 - 21:55:37

    Eu disse que você me esqueceu, porque não viu meu comentário sobre os capítulos. Eu comentei imediatamente após você postar. Mas você não viu ): hahahahaha Mas não importa, já passou! Eu to meio sumida mesmo. Teve Enem esse fim de semana né?! E aí eu fiquei presa e preocupada com isso. Mas agora já tá tudo mais tranquila. Sobre a fic nova, ainda não comecei a ler. Li aqui primeiro, e jajá vou ler lá! Mas tenho certeza que tá demais!!! Até que enfim! Eles abaixaram a guarda e já estão juntos. E pelo visto inseparáveis, com um fogo do inferno. HAHAHAHAHAH E pelo amor de Deus, que fogo! Eu quero um Christopher pra mim também. Cê podia me dar esse da sua fic, eu não me importo nem um pouquinho!

  • crisslucas Postado em 24/10/2013 - 21:29:18

    Amada...já tinha lido os livros da silvia, mas esse eu naum tinha lido...e amei ler através do seu olhar com meus personagens favoritos....ansiosa pra novos posts...bjs amix!!!!!manda muito bem...

  • a_letiicia Postado em 23/10/2013 - 00:48:19

    era***** ps: meu comentário ficou quase maior que os capítulos.. eu falo demaiss rs ><

  • a_letiicia Postado em 23/10/2013 - 00:46:30

    Você esqueceu de mim )))): rsrs Tava com saudades de ler aqui! Essa fic me faz ficar sem fôlego! ''Você me alertará se des­confiar de alguma coisa e prometo tranqüilizá-la de modo a esclarecer todas as dúvidas.'' Isso Christopher, eea isso que faltava. Finalmente a sinceridade! Ahhhhhhh, finalmente Dulce se entregou!! Finalmente! Mas também como ela podia evitar? Como resistir? O Eddy subiu 1 tantinho no meu conceito depois desses capítulos, apesar de ainda achar ele imbecil e chato, tenho que admitir. E Maite é 1 vadia mesmo hein? Não perde tempo. Tenho receio é dela se juntar com a cretina da mãe do Christopher que tá aprontando alguma!!!!! Será que ela vai querer que Maite engravide dele??? Oh não!!! Só o que faltava. Duas cretinasss argh! Já quero que eles voltem pra casa pra ficarem longe dessas duas.


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