Fanfic: Para Sempre, Elizabeth | Tema: Orgulho e Preconceito

   Quando Becky ligou naquele sábado, Lizzie estava tão desanimada que quase não atendeu o telefone. Rolou na cama, desligou o som do filme cretino que estava assistindo e atendeu com uma voz de sono.

   - Lizzie! Adivinha!

   - Eu detesto advinhações. - parafraseou Scar, de O Rei Leão.

   - Meu chefe me deu folga amanhã, isso significa que podemos sair hoje! - disse Becky com uma pontada de histeria.

   - Hmmm... eu adoraria, mas estou fazendo umas coisas importantes aqui.

   - É sábado, Lizzie! O que poderia fazer de importante num sábado?

   - Falou a pessoa que trabalha de domingo! - resmungou Lizzie, trocando de canal. Parou numa reprise de um jogo de tenis.

   - É temporário! Vamos! Vai ser divertido, é numa balada que um amigo recomendou, parece que o som de lá é incrível!

   - Bec, não tô no pique. Sério! Teria que me arrumar, fazer o cabelo...

   - Você tem quatro horas! Te encontro na sa casa, comemos alguma coisa e partiu!

   Lizzie detestava desapontar Becky, pois nos momentos mais dificeis dos seus últimos meses, Becky esteve lá, por ela. 

   - Como você vai? -perguntou Lizzie e sorriu enquanto Becky soltava um gritinho do outro lado da linha.

   - Sainha, blusinha, saltão, simples! 

   - Ok, você está por aqui às dez, então?

   - Isso, quatro horas. Dá tempo! Beijos!

   Lizzie respirou fundo e olhou para a janela. O dia amanheceu bonito, como todos os milagrosos dias em que Lizzie esperava que algo maravilhoso fosse acontecer. E como sempre, nada acontecia. Viu o dia esquentar e uma deliciosa brisa soprar no quarto, trazendo o polen das novas flores que estavam brotando, mas ela permaneceu em casa, alternando de comodo em comodo, sentido que estava murchando. Por fim, quando definiu que perderá todo o tempo útil para sair de caa, se rendeu à TV. Agora tinha uma expectativa, e aos poucos, começou a se animar.

   Ligou o computador e escolheu as melhores músicas para tocar. Enquanto se arrumava, começou a ficar realmente empolgada. Fazia dois meses que não saia com amigos, desde que Benj viajara. Lizzie parou um segundo para pensar em Benj, mas depois afastou o pensamento da cabeça. "A escolha foi dele, não minha. Não tenho que sofrer as consequencias." Como promentido, Becky apareceu às dez e Lizzie desceu as escadas com cuidado para não cair do salto. Como era alta, não estava acostumada a usar sapatos altos, mas tinha uma pequena coleção da qual se orgulhava. Antes de sair, sua mãe apareceu da cozinha.

   - Cuidado Lizzie!

   - Terei cuidado. - respondeu Lizzie guardando dinheiro na pequena bolsa que levava. 

   - Pegue um táxi para voltar, não volte de metrô.

   - Mãe, a Becky vai de carro. - respondeu Lizzie impaciente.

   - Não confio na Becky para dirigir. Ela não vai beber? Sabe o que pode acontecer caso ela dirija bêbada?

   - Mãe, se a Becky beber, nós voltamos de táxi, eu prometo.

   - Detesto quando você sai assim, me dá um aperto no coração.

   Lizzie sabia, e se sentia mal por isso.

   - Quer que eu não vá?

   - Claro que não! Só quero que tenha cuidado!

   - Está bem, estou com o celular, qualquer coisa me liga!

   Antes de ouvir uma resposta, Lizzie saiu correndo antes que sua mãe a convencesse a ficar. Quando entrou no carro, Becky já bebia alguma coisa. Pela falta de odor de alcool, Lizzie advinhou que era vodca. As duas se cumprimentaram e Becky saiu dirigindo, com o rádio em volume alto tocando Britney Bitch. Quando chegaram na balada, se espantaram com uma fila gigantesca. Becky e Lizzie tiraram as sapatilhas da bolsa e se posicionaram na fila. Uma hora depois colocaram os saltos e mostraram os documentos para um segurança simpático. Becky tomou a dianteira e, como sempre, fez piadinhas com todos os funcionários que pode. Lizzie não se sentia constrangida, mas achava que soava falso demais. Sorrindo para o recepcionista, pegou sua comanda e entrou na casa. 

   Era muito bonita, iluminada com luzes que mudavam de cor devagar. Olhou para o lado e se deparou um um reflexo seu em um grande espelho. Havia uma porção de poltoninhas e pufes repleto de pessoas sentadas em um salão comprido que terminava em um bar. Ali, um homem alto, de regata branca e braços tatuados olhava para ela. Acanhada, ela sorriu.