Fanfic: Tudo pode mudar | Tema: luar

Tentava me tranquilizar, pois os medicamentos estavam atrasando, ele já estava com duas sessões de quimioterapia atrasadas e 7 dias sem colher um hemograma. Estávamos no escuro, não dava pra saber o que estava acontecendo no corpinho de luyara.
Só Deus para evitar pior. E Ele fez muito mais do que isso.
No dia 26 de Julho, luyara voltou ao hospital. Ele precisava fazer a quimioterapia, uma punção lombar e o mielograma (exame que colhe um pouco da medula pra saber como está a doença ).
Era  D33, mas já estávamos no D35 . ( Contagem de dias a partir da primeira quimioterapia ).
E foi feito, luyara foi sedado e levado para a sala de procedimento, eu fui junto, ele foi cantando e sorrindo. Fizeram todos os exames e uma das quimioterapias. 
A punção lombar é a pior das quimioterapias que o luyara faz, eles injetam um medicamento direto na medula, esse medicamento precisa "correr" até as membranas que revestem o cérebro procurando células ruins para destrui-las. Essa tortura dura exatamente 1 hora.

É a maior prova que passamos junto com a luyara.
Pra que o medicamento faça o efeito esperado eu não posso deixar luyara levantar a cabeça, de jeito nenhum, não importa como eu faça isso, eu não posso deixar ele levantar.
Quando o efeito do sedativo vai passando o luyara começa a gritar muito, e chorar, e faz muita força pra levantar. É uma das coisas mais dificies de fazer.
Tenho que segurar minha filha, com força, ouvi-lo gritar e chorar, e tenho que ignorar isso tudo pra que o remédio faça efeito. Eu preciso fazer isso, não importa como, eu tenho que fazer.
Além do efeito dos medicamentos, do sedativo, ainda tem a fome, pois ele precisa estar em dieta pra fazer esses procedimentos.
É um sentimento muito ruim, você acaba se culpando por tudo, por permitir aquilo, por aquilo estar acontecendo, por seu filho estar sofrendo, por a doença ter aparecido...por tudo.
Desde quando tudo isso começou ainda não consegui dar nome ao sentimento que tenho. Ainda não consigo explicar, acho que nunca será possível conseguir explicar isso. É uma mistura muito grande, e eu já tentei comparar com outros sentimentos mas nada se compara.


Já passava das 13hrs quando luyara foi liberado pra almoçar.
E quando ele viu a quentinha chegando ele começou a bater palminhas e gritar: papa papa papa.
E comeu muuuuito, trocamos a roupinha dele, e fomos liberados para ir pra casa.

Quando chegamos fui dar banho luyara e vi o curativo no local onde foi feito o exame, é na bacia, retirei o curativo com cuidado, e vi as marquinhas no corpinho do minha filha . Essas coisas acabam comigo, e eu só posso assistir, não posso evitar nada disso. Me sinto muito impotente perto dessa situação. Eu sou mãe tenho que protege-lo, mas não posso evitar seu sofrimento.

Minutos depois do banho luyara já estava correndo pela casa...Quem vê o uyara tão ativo não consegue imaginar que ele passa por tanta coisa.

No dia 28 voltamos ao hospital pra colher sangue, ele ainda tinha uma sessão de quimioterapia atrasada, e depois que o resultado saiu, a médica marcou a quimioterapia pro dia seguinte.
Dia 29/07 estávamos no hospital novamente. E por volta das 8:30 a sessão de quimioterapia de luyara começa. Então chega a médica de luyara,e me diz sobre o resultado mielograma.
Não foi encontrado mais nenhuma célula ruim na medula do luyara. luyara já não tinha mais a doença.
E eu estava sozinha com o luyara na enfermaria, não podia deixar ele lá e sair correndo pra contar pra família, tinha que esperar, mas como me conter? Não sabia o que fazer.
Então thur chegou na enfermaria, e eu contei.
-  nosso filho está curado.!
Ali eu realmente achei que o tratamento tinha terminado, que não iríamos mais precisar fazer quimioterapia, nem ficar internado, nem transplante...nada, achei que íamos embora e só voltar pra consultas.

Mas durante o tratamento contra a leucemia, essas recessões acontecem, mas o tratamento tem que continuar, e ainda temos muita coisa pra passar. A medula de Luyara tem que estar completamente boa pra que ele possa ir pro transplante. luyara ainda tem uma batalha enorme pela frente, e eu sei que minha filha é muito forte e vai passar pro isso.

Eu realmente não entendia o porque do tratamento continuar sendo que o minha filha não estava mais com a doença. Mas não é bem assim, a medula dele pode voltar a produzir as células ruins a qualquer momento se pararmos as quimioterapias. As quimioterapias são pra isso, pra fazer o trabalho que a medula deveria fazer. Ele não pode parar, pra doença não voltar. E isso não pode acontecer. E eu confio em Deus que isso não vai acontecer. arthur esta comigo