Fanfic: ¿QUEM DIRIA? | Tema: RBD

Por insistência da Dulce, saímos caminhar na praia por volta das 15:00 horas, pois antes disso ela se recusou veemente a sair do quarto dela – sim o dela, que ela tomou de volta depois do showzinho da Maite pela manhã, o que eu não pude deixar de achar ótimo, afinal acabou com as noites de Maite e gringo. –O fato é que estávamos caminhando na praia por cerca de dez minutos, quando começou a baixaria. Se você não conhece minhas digníssimas amigas Maite e Dulce, não sabe a facilidade que nós três encontramos de brigar em um tempo tão curto e esse tempo é ainda menor quando estamos em público.

- Eu estou cansada! – Dulce ralhou, empacando na areia.

- Você que insistiu pra sair, e fica agora fazendo cú doce. Só porque não sabe beber! – Mai disse saindo pisando fundo na areia.

Por um momento pensei em acompanhá-la, afinal seus argumentos eram muito plausíveis, mas logo me veio na cabeça o gringo bonitão. – Ok, nem tão bonitão assim, pelo menos não para os meus padrões, mas ainda assim ele tinha um carrão.

- Como se você nunca tivesse bebido antes. E não esqueça que estamos na casa da Dul, se ela quiser te mandar embora... – Falei com uma invejinha renovada.

- Se ela me mandar embora eu, ligo para os pais dela e peço outra chave! – Maite cruzou os braços.

Se você não conhece a Maite, essa pode parecer uma atitude razoável em meio a uma briga, mas tanto Dulce, quanto eu. Sabíamos que esse não era um bom sinal, veja por que:

1 - Maite com 5 anos de braços cruzados era sinal que em breve ela choraria.

2 - Maite com 10 anos: Jogaria o objeto pontiagudo mais próximo em cheio no seu rosto. – Nunca duvide da pontaria da Maite, eu levei dois pontos na testa quando duvidei.

3 - Maite com 15 anos: Passaria duas semanas sem olhar na sua cara. – eu digo duas semanas, porque esse foi o tempo máximo que agüentamos sem correr na sua casa para pedir desculpas.

4 - Maite com 17 anos: Leia o item um. – Às vezes ela é meio retro.

5 - Maite com 20 anos: Faria um longo discurso, dizendo o que as atitudes mal humoradas das pessoas podem causar nas outras. – Isso foi logo quando ela começou a cursar Psicologia.

6 – Maite com 23 anos: Leia os itens de 1 á 5. – Sua reação era imprevisível, lê-se: “Fuja perigo!”

- CHEGAAAAAAA! – Gritei a plenos pulmões, saindo sorrateiramente do caminho da Maite que olhou cheia de maldade a areia.

Dulce que detestava passar vergonha, também desviou de Maite e me beliscou com força no braço.

- Todo mundo está olhando Anahí. – Disse em tom de censura.

- Dane-se! Eu que não vou mais passar vergonha com vocês!

Dizendo isso sai pisando fundo na areia, cheia de uma falsa dignidade. Na verdade eu nem estava tão chateada assim com as minhas amigas, só estava usando psicologia inversa.  Elas viram atrás de mim em 3, 2, 1...

Difícil de resistir olhei para trás. Maite e Dulce se afastaram de mim, uma para cada lado. Às vezes nós parecíamos crianças de jardim e não três adultas. Bufei e fiz menção de voltar até lá. Sempre era assim, elas sempre faziam isso! Se eu não fosse atrás para fazer as pazes tudo ficava assim. Ah, mas dessa vez elas iam me ouvir!

Virei o corpo para trás bruscamente. Então colidimos. Caí estatelada de bunda na areia. Sem antes olhar para o meu agressor, soltei as palavras:

- Não olha por onde anda?

Só então o vi:

Um moreno, lindo de terno e gravata correndo a toda pela areia, sem nem mesmo olhar para trás onde tinha me derrubado. Olhei então o motivo de tanto desespero.

Duas crianças ranhentinhas, correndo direto para o mar, de braços abertos. Verdadeiros terroristas mirins.

Por um momento insano senti pena do homem de terno, ele parecia exausto. Então tive uma idéia e gritei:

-OLHA O TUBARÃAAAO!

Foi um erro. Um erro fatal. Todos na praia me olharam e depois do espanto a maioria começou a rir, a me apontar e cochichar, ou mesmo me apontar e rolar de rir na areia. Até minhas amigas da onça olharam para trás, parecendo uns pimentões de tanto rir. Olhei para a minha própria desgraça: Caída de bunda na areia, com o dedo ainda apontado pro mar.

Se pra alguma coisa o mico do ano serviu, com certeza foi para o objetivo inicial. As crianças pararam onde estavam na areia. Com as mãos pequenininhas na boca, abafando gritinhos histéricos. E pulando ora com um pé ora com outro. Será que eles entenderam mal? Eu disse tubarão e não barata!

A minha vontade nesse minuto, era pegar aqueles monstrinhos, colocar eles deitados no meu colo de bruços e dar várias chineladas nos traseirinhos, como se faz nos desenhos animados.

E com certeza era o que eu teria feito se o moreno bonitão não tivesse passado por mim dando um sorriso tímido e sussurrado:

-Obrigado.

Sua voz era ainda mais, bonita quando direcionadas a mim e não aos dois pestinhas, por um momento esqueci toda a humilhação que estava passando. Só por um momento. Afinal de contas eu tinha colocado a minha reputação em jogo por causa de um mísero corpo masculino, bem definido é verdade, mas ainda sim só um corpo. E pior ainda por duas criançinhas aterrorizantes.

Antes de continuar a narrativa vou contar sobre meu trauma de pessoas que medem menos de 1 metro de altura.  Quando eu estava no ápice da minha pré-adolescência, Maite e Dulce resolveram me dar a noticia: Minha mãe estava grávida! No começo confesso que achei um máximo, as minhas bonecas eu era obrigada a compartilhar com as minhas amigas, porém a minha irmãzinha, - eu já havia decidido, precisava ser uma irmãzinha – iria ser só minha, uma espécie de brinquedo único e invejável. Tudo bem que Maite tinha outros 2 irmãos, mas com certeza era diferente já que ambos eram mais velhos.

Mas, como as minhas amigas tem um toque terrorista não ficou por isso mesmo, elas resolveram me apresentar um filme que estava em alta: Chuck o boneco assassino. Depois que saímos do cinema eu estava com os olhos inchados de tanto chorar e sussurrando que não queria ter um irmãzinho. Parece pouco, mas se você nunca viu um filme com Maite e Dulce, não sabe do que estou falando, por sorte meu suposto irmão não passou de uma invenção das cabeças perversas de Dulce e Maite. Mas um fato é real: Nunca mais vi a crianças com os mesmos olhos.

Voltando a tragédia, logo que percebi o que tinha feito por aqueles desconhecidos, me revoltei. Xinguei-os em pensamentos dos piores nomes possíveis. E comecei a me levantar, em meio ao meu movimento uma mão máscula segurou um dos meus pulsos e me puxou pra cima terminando o que eu havia começado. Na outra mão estavam bem seguros as mãos das duas crianças com umas carinhas bem feias olhando pra mim.

Era ele. O moreno. Pensei seriamente em soltar uns bons desaforos, mas conclui que a culpa da minha situação era única e exclusivamente minha. Por isso sem jeito agradeci:

- Obrigada.

- Eu é que preciso te agradecer pelo o que fez por nós.

Sua voz mesmo que despreocupada soou altamente sensual, arrumei o cabelo uma das poucas coisas intactas em meu visual, o olhei da forma mais sexy que consegui me inclinando levemente em sua direção e falei baixo demais:

- Acho que pode me agradecer de forma diferente. Uma melhor.

Pensei por um momento que ele fosse correr, mas sua reação foi ainda pior. Ele riu, ou melhor, ele gargalhou bem alto.

- Acredito que sim, mas antes preciso levar a Maria e o Pedro para casa. – Ele apontou os monstrinhos, que afinal de contas tinham nomes.

Encabulada demais com a sua reação debochada virei de costas e comecei a ir em direção de Maite e Dulce. Com a esperança que ele viesse atrás de mim.

- Não vai me dizer o seu nome? – Sua voz vinha de longe, ele não veio.

Ignorei e continuei a minha caminhada, ignorei também minhas amigas passando por elas e mais rápido que consegui.