Fanfic: Alice e o mistério no museu | Tema: mistério; suspense.

Quando a minha mãe veio me falar que a gente iria se mudar para Ouro Preto, minha resposta foi super positiva:

- Ai, que saco!

Claro que a minha mãe, que às vezes sabe direitinho ser uma chata, brigou comigo, dizendo que isso não era jeito de falar com ninguém, principalmente com ela; que era falta de educação, e todo aquele blábláblá que ela sempre fala quando me dá bronca. Eu já conheço quase de cor todas as broncas dela: arrumar a bagunça, tirar o tênis da sala, não ficar muito tempo no computador nem vendo televisão, cumprimentar todo mundo com educação, não ser respondona e, principalmente, não ficar reclamando sem razão. Ela diz que eu sou muito reclamona, mas quem reclama mais do que eu é ela mesma. Quando eu disse isso a ela fiquei um fim de semana inteiro sem computador. Nada justo, só falei a verdade.

Bem, daí ela vem com essa novidade, assim, do nada.

- Ouro Preto, mãe? Mas não é aquela cidade que fica no morro, de onde saiu aquele cara cabeludo que morreu enforcado porque queria fazer uma revolução no Brasil? Mas por que a gente tem que ir para lá??

- Aquele cara se chama Tiradentes, Maria Alice, e se a sua nota em história tivesse sido melhor, você estaria sabendo mais sobre a importância de Ouro Preto para a história do país. E a gente vai ter que se mudar para lá porque a mamãe vai trabalhar em um projeto de pesquisa no principal museu da cidade, o Museu da Inconfidência.

Olha, vou te dizer... Quando a minha mãe me chama de Maria Alice, quase me dá um troço, um siricotico, como já ouvi minha avó falar uma vez. Detesto meu nome todo: Maria Alice. Isso lá é nome de gente com menos de oitenta anos? Nome feio, nome de velho, ou melhor, de velha. Minha mãe disse que se inspirou no livro “Alice no país das maravilhas”, de um cara chamado Lewis Carroll. Alice, tudo bem, mas Maria Alice? Só porque nasci no dia de Nossa Senhora? Vê lá se Nossa Senhora ia querer que eu tivesse o nome dela. Eu não gostaria de ver muita gente com o meu nome, parece que faz a gente perder a identidade. Mas ninguém perguntou a Ela, né?

Nome bonito é Bárbara, Helena ou Laura, como o da minha melhor amiga. Maria Alice é nome besta. Por isso que o João não repara em mim. Acho que ele gosta é da Laura. Também, ela nem fica vermelha quando tem que falar com algum menino, e ri junto como se fosse igual a eles. Todo mundo gosta da Laura.

- Trabalho, mãe? Mas e a escola? E os meus amigos?

Mamãe, já com voz mais suave, se sentou ao meu lado na cama e passou a mão no meu cabelo:

- Filhinha, eu sei que não é fácil mudar de cidade, de escola, de amigos... Mas vai ser apenas por um tempo, depois a gente volta. Ouro Preto é uma cidade muito bacana, diferente, com muita história para contar.

História para contar, sei. História é o que não me falta, e eu nem preciso ir a Ouro Preto para isso.