Fanfics Brasil - Capítulo 2 - A mudança Alice e o mistério no museu

Fanfic: Alice e o mistério no museu | Tema: mistério; suspense.


Capítulo: Capítulo 2 - A mudança

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Eu já disse que detesto andar de carro? Viajar, então... Sinto enjôo, tédio, aflição de chegar logo. Se eu ler qualquer coisa, livro, revista, em cinco segundos eu fico enjoada de morrer. E a viagem a Ouro Preto não fugiu à regra: durante umas seis horas, sofri com a estrada cheia de curvas, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, estômago embrulhado. Parecia que a gente nunca iria chegar! Eu sabia que se mudar pra lá não era uma boa ideia, mas minha mãe não me ouve nunca. Nunca! Ninguém liga para as coisas que eu digo.


Nem acreditei quando a gente começou a ver umas casinhas diferentes, de janelas e portas coloridas, e muita, mas muita ladeira. Como é que as pessoas conseguiam viver numa cidade assim, sem escada rolante?


A temperatura também tinha mudado, e estava muito mais frio. Uma chuva fininha caía, e as ladeiras molhadas pareciam escorregar que nem sabão. Falei isso para a minha mãe, e ela morreu de rir. Disse que a cidade tinha uma pedra bem característica da região, chamada pedra-sabão, mas as ruas não eram feitas disso, não. E por que então ela tinha esse nome?


- Porque ela é fácil de usar e manipular, suave que nem sabão. Tem uma feirinha bonita aqui, na qual os artesãos se reúnem para vender as peças de pedra-sabão. Depois que a gente se acomodar, eu te levo lá.


Ao contrário de mim, minha mãe já conhecia a cidade. Ela tinha estudado na universidade de lá, ou melhor, daqui: a Universidade Federal de Ouro Preto. Na época, ela disse, tinha morado em uma república feminina.


- República feminina?


- É, são casas em que moram várias meninas juntas, dividindo os quartos, as despesas. Era a forma mais econômica de morar aqui, principalmente quando se é estudante.


- Morar junto, dividir quarto? Sei não, mãe, isso não iria dar certo nunca para mim. Imagina, dividir minhas coisas... E se a outra menina resolve mexer nas minhas roupas? E se alguém quiser usar o computador na mesma hora que eu?


- Pois saiba, Alice, que morar em república foi uma ótima experiência de vida. A gente aprende a dividir, a dialogar, a negociar, a emprestar... E faz amigas para toda a vida.


Minha mãe ia dizendo isso, e eu ia reparando na paisagem, meio encoberta por causa da neblina. A cidade ficava entre as montanhas, e as casas se espalhavam pelas encostas. Portas pintadas de azul, de vermelho, janelas combinando. Gente subindo, gente descendo. O carro ia procurando, devagar, o endereço da nossa nova morada. As ruas estreitas ficavam ainda mais estreitas em tempo de chuva, os carros andavam mais lentamente e ninguém parecia se importar muito com isso. O tempo em Ouro Preto, dava para notar, era outro. Era um tempo que corria manso e branco, como a névoa que tomava conta da cidade.


Paramos numa rua sem saída, ao lado de uma igreja grande, arredondada.


- Chegamos!, exclamou minha mãe, animada. Esticou os braços pra cima, como se estivesse se espreguiçando, e foi tirando nossa bagagem do carro. Na verdade, a gente não havia trazido muita coisa, pois a nossa casa no Rio de Janeiro tinha sido mantida, com móveis e tudo, para ser alugada assim a outra família. E a gente, por nossa vez, alugara uma casa já mobiliada também, para facilitar nossa mudança.


Saí do carro pela primeira vez em seis horas e olhei em volta. A casa nova tinha portas e janelas amarelas, com paredes brancas. Tinha dois andares mas, como logo fui descobrir, cada andar era uma casa diferente. A nossa era a do segundo andar e a entrada era por uma escada lateral. Não quis dar o braço a torcer em voz alta, mas achei que nosso novo lar parecia bem legal. Resmunguei um pouco, para a minha mãe não achar que estava com a razão:


- A gente vai ter que ficar subindo escada sempre, além dessas ladeiras?


Minha mãe fingiu que não ouviu e foi entrando com as malas. Peguei minha mochila rosa, tirei os fones do meu mp3 do ouvido e fui entrando atrás dela. A porta abriu com um rangido de quem não vê gente há muito tempo.



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Autor(a): christineaz

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