Fanfic: Céu sem Estrelas (FINALIZADA) | Tema: AyA

Mona sua linda que bom que vc gostou, é muito boa  eu adora esse tipo de web, é o final é sempre muito emocionante. 

Postando

Iria estranhar se eu não soubesse. — Belinda deu uma risadinha de
exímia conhecedora, escarnecendo dos ignorantes. — Você só vinha passar as férias com a
família de Alfonso. Eu vivi aqui a maior parte de minha vida e cresci ao lado dele. Pode
imaginar o resto. Como você sabe, Alfonso foi sempre muito visado pelo sexo oposto. As
mulheres até se viravam na rua para olhá-lo e nunca puseram obstáculos aos seus avanços.
Houve exceções, é claro: aquelas mulheres por quem ele não se sentiu atraído. Possivelmente,
você pode ser enquadrada nesta categoria, minha cara Annie. Os homens latinos gostam de
olhares quentes e não gelados como o seu. Além disso, você parece estar sempre avisando:
“Não me toque”. Sabia desse seu predicado?
Annie não quis perder tempo respondendo e Belinda, erguendo as sobrancelhas, desapareceu
pelo corredor, deixando suas palavras repercutindo nos ouvidos de Annie. O raciocínio da
outra sobre as noites escuras e solitárias era bastante lógico, mas, por experiência própria,
Annie sabia que Alfonso nunca tomaria qualquer liberdade com ela, a não ser o recente
atrevimento que tinha por finalidade única tentar assustá-la e fazê-la desistir de sua missão.
Annie estava resolvida. Nada a faria abandonar aquela difícil tarefa. Nem a implicância de
Alfonso, nem as maldosas insinuações de Belinda de que ela e Alfonso haviam sido mais íntimos
do que se podia esperar de dois irmãos.
Pensando nisso, Annie sentiu uma punhalada no peito. Se fosse verdade, ela teria de conviver
com essa realidade. Entretanto, se fosse verdade mesmo, ela teria suspeitado algo quando
ainda era adolescente. No mínimo, Belinda não gostara de saber que Annie iria dormir tão
próxima de Alfonso.
Suspirou. Pobre Alfonso! As noites deveriam parecer sem fim para ele, principalmente quando
estivesse com insônia. Vivia vinte e quatro horas do dia na escuridão, sozinho consigo mesmo,
olhando para dentro. Certamente haveria momentos que deveria sentir vontade de tocar,
abraçar, beijar e amar alguém, até que todos aqueles temores torturantes se esvaíssem como
a espuma do mar que se dissolve na areia.
Ainda angustiada por esses pensamentos, Annie foi até o banheiro — o salón de bano — como
era chamado naquela casa, uma descrição muito exagerada, que sempre a divertira muito. No
idioma espanhol tudo era grandioso, como se quisesse traduzir a grandiosidade de seus
homens, como se a coragem e a audácia dos antigos conquistadores ainda circulassem nas
veias de seus varões.
Fora essa impetuosidade que levara Alfonso a permanecer no exército, para engajar-se numa
missão especial, após ter completado o serviço militar obrigatório e ter sido desligado com
a patente de tenente. Ela gostaria de tê-lo visto
com seu uniforme de oficial, alto e garboso, marchando altivamente de cabeça erguida. Agora,
ele precisava andar cabisbaixo, às apalpadelas, e essa idéia trouxe a Annie uma dor imensa.
Com um gesto de raiva, abriu a torneira de água quente para encher a banheira. Como o
destino era cruel! Ele parecia um lobo faminto, sempre à espreita, pronto para saltar na
garganta das pessoas, matando-lhes os sonhos e as esperanças!
A água escorria para dentro daquela banheira tamanho gigante mais apropriada para
acomodar as longas pernas de Alfonso do que o corpo dela. Tapetinhos felpudos cobriam o
mosaico do pavimento e imensas toalhas macias e coloridas estavam dependuradas nos
cabides de metal. O grande espelho da parede estava embaciado com o vapor, quando Annie
tirou a roupa e entrou naquela água convidativa, onde tinha colocado punhados de sais de
banho.