Fanfic: Céu sem Estrelas (FINALIZADA) | Tema: AyA

Não foi necessário, pois ele deve ter ouvido Alfonso falar e encaminhou-se em direção a eles.
Era muito alto e estava vestido com uma jaqueta bege e calças marrons. Quando chegou mais
perto, Annie ouviu a respiração de Maite tornar-se alterada. Percebeu logo a razão. Christian Chavez
tinha o mesmo porte, a mesma tez morena e o mesmo tipo másculo de Alfonso. A única
diferença é que ele tinha olhos castanhos escuros, que faziam um bonito contraste com a cor de
sua pele.
Ele pousou aqueles olhos sobre Annie e em seguida olhou para Maite, e, por
uma fração de segundo, sua expressão pareceu torturada.
— Christian? — Alfonso estendeu a mão, ao ouvirão som de passos. —-Como vai essa força,
amigo?
— Eu estou bem. — Os dois homens apertaram-se as mãos vigorosamente. — E você me
parece bem melhor, Alfonso. Se não fosse pela bengala, eu pensaria que sua
vista alcança até a costa da Espanha!
— Ficaria muito grato a Deus, se assim fosse.
Alfonso estava olhando diretamente para o outro homem, graças a seu senso de direção. A
cicatriz na têmpora parecia bem mais atenuada e o sol emprestava às suas pupilas radiações
que davam a ilusão de que estava vendo.
— Deixe que eu lhe apresente las muchachas — disse Alfonso. — A morena é minha irmã
Maite, de quem você já ouviu falar. A jovem loura é minha enfermeira, Annie Portilla.
— Muito prazer em conhecer as duas.
Christian sorriu, mas novamente Annie viu aquela expressão de profundo sofrimento em seus
belos olhos castanhos.
Ela sabia o porquê daquele lampejo de angústia e quando percebeu que Maite o admirava,
fascinada, seu coração apertou-se.
Tendo terminado recentemente um romance, Maite estava vulnerável, e não havia nenhum
sinal aparente de que aquele homem, a quem ela via pela primeira vez, tivesse sido vítima de
uma mutilação tão grave. Annie só pudera notar em seu rosto magro os resquícios do choque
e da dor que ele sofrerá, porque era enfermeira e porque Alfonso lhe havia confidenciado o
terrível drama, contando com sua discrição.
— Você é um sujeito de sorte, Alfonso, protegido assim por duas jovens tão encantadoras.
— Sabe, señor Chavez, que é um espanhol pouco comum? Seus olhos são tão bonitos! — disse
Maite, sorrindo timidamente para ele.
— Minha mãe era espanhola — esclareceu ele. — Meu pai a conheceu quando
foi comprar um touro reprodutor. Os touros espanhóis são excelentes para a arena, mas sua
carne não é da melhores para o açougue.Portanto, ele introduziu a linhagem espanhola, na
criação de gado e na família.
— Estou certa de que essa iniciativa teve muito sucesso, senor — afirmou Maite, muito alegre.
— Por favor, pode me chamar simplesmente de Christian.
— E… acho melhor. E, você, pode me chamar de Maite.
— Um nome bonito. Combina bem com você. — Virou-se para Annie. — Pelo que posso ver, a
senhorita é uma autêntica representante da raça inglesa. Seus cabelos denunciam. São tão
louros!
Ao ouvir esse comentário, Maite olhou afoitamente para a amiga. .— Alfonso contou-me que o
conheceu no hospital. Teve ferimentos muito graves, Christian?
— Sim, fui gravemente ferido — inconscientemente, ele repuxou os músculos do maxilar, num
tique nervoso.
— E já se restabeleceu completamente?
— Sim — respondeu resumidamente, e mudou logo de assunto. — Fiz uma reserva no Castillo
de Madrigal. É um bom hotel?
— Excelente — garantiu Alfonso. — E, agora, que tal irmos todos almoçar? Minha irmã sugeriu
que fôssemos até a Casa de las Palmas. É um restaurante típico que freqüentávamos muito.
Espero que aprove a escolha.
— Eu preferiria que vocês fossem meus convidados.
— Em absoluto — contradisse Alfonso, com firmeza. — Quando um amigo meu visita Bayaltar
pela primeira vez, faço questão de ser o anfitrião. Annie, dê-me o braço, por favor.
— Si, senor.
Quando pegou a mão de Alfonso e ajeitou-a sobre seu antebraço, Annie sorriu para Christian.