Fanfics Brasil - 9 Os 13 Porquês (Adaptada AyA)

Fanfic: Os 13 Porquês (Adaptada AyA) | Tema: Livro adaptado


Capítulo: 9

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Quando chego no José, o Mustang está estacionado na frente da sua casa. O capo está aberto, preso ao suporte, e ele e seu pai, debruçados sobre o motor. José segura uma lanterninha enquanto seu pai aperta alguma coisa lá dentro, bem no fundo, com uma chave inglesa.


— Quebrou ou vocês estão só se divertindo? — pergunto. José dá uma olhada por cima do ombro e, quando me vê, deixa a lanterna cair no motor. 
— Droga. 



O pai dele endireita as costas e limpa as mãos oleosas na camiseta cheia de graxa. 



— Está brincando? Isso aqui é sempre diversão — olha para José e pisca. — Fica ainda mais divertido quando a coisa é séria. 
Franzindo o rosto, José tenta alcançar a lanterna. 



— Pai, você lembra do Poncho? 
— Mas é claro que sim! Que bom vê-lo de novo.



Ele não estende a mão para me cumprimentar. Com aquela quantidade de graxa na sua camiseta, não me ofendo. Mas ele está fingindo. Não se lembra de mim. 



— Ah, lembro de você, sim. Jantou conosco uma vez, certo? Caprichou no "por favor" e no "obrigado". Eu sorrio. 
— Depois que você foi embora, a mãe do José ficou em cima da gente uma semana, falando para sermos mais educados.


 
O que eu posso fazer? Pais e mães gostam de mim. 



— É, é ele mesmo. 



José pega uma flanela para limpar as mãos. 



— E aí, o que tá pegando, Poncho? 



Repito suas palavras dentro da minha cabeça. O que tá pegando? O que tá pegando? Ah, já que você perguntou, recebi um pacote de fitas cassete pelo correio hoje, de uma garota que se matou. Parece que eu tive alguma coisa a ver com isso. Não tenho certeza que coisa é essa, por isso fiquei imaginando se poderia pegar seu walkman emprestado para descobrir.              


— Nada demais — respondo


O pai de José pergunta se eu me importaria de entrar no carro e dar a partida para eles.


— A chave está no contato.


Jogo a mochila no banco do passageiro e escorrego para trás do volante.


— Espera. Espera! — berra o pai de José.


— José, ilumina esse lado aqui.


José está em pé ao lado do carro. Ele me observa. Quando nossos olhos se cruzam, ficam grudados e não consigo desviar. Será que ele sabe? Será que ele sabe das fitas?


— José, a luz — repete o pai dele.


José corta nossa comunicação e curva-se com a lanterna. No espaço entre o painel e o capo, seus olhos fixam-se alternadamente em mim e no motor.


E se ele souber das fitas? E se a história dele estiver bem antes da minha? Será que foi ele quem as enviou para mim?


Estou pirando. Talvez ele não saiba. Talvez eu apenas esteja parecendo culpado e ele esteja captando isso.


Enquanto espero a deixa para dar a partida, dou uma olhada no interior do carro. Atrás do banco do passageiro, no chão, está o walkman. Está largado ali. O fio dos fones de ouvido bem apertado em torno do aparelho. Mas qual é a minha desculpa? Para que eu preciso desse walkman?


— José, aqui, pegue a chave inglesa e deixe eu segurar a lanterna — diz o pai dele. — Você está tremendo demais.


Eles trocam a lanterna pela chave inglesa e, nesse momento, agarro o walkman. Assim mesmo. Sem pensar. O bolso do meio da mochila está aberto, então eu enfio o aparelho lá dentro e fecho o zíper.


— Certo Poncho — avisa o pai de José. — Pode ligar.


Eu viro a chave no contato e o motor dá partida no ato. Pelo vão acima do painel, observo o sorriso do pai de José. Seja lá o que ele fez, está satisfeito.


— Um pequeno ajuste fino para fazê-lo cantar — ele diz, em cima do motor. — Pode desligar agora, Poncho.


José abaixa o capo, que se fecha com um estalo.


— Vejo você lá dentro, pai.


O pai de José faz um sinal positivo com a cabeça, ergue uma caixa metálica de ferramentas do chão, junta alguns trapos cheios de graxa e se dirige à garagem.


Puxo a mochila para cima do ombro e saio do carro.            


— Valeu. Se você não tivesse aparecido, provavelmente a gente teria passado a noite inteira aqui fora.


Escorrego o braço para dentro da outra alça e ajeito a mochila.


— Eu precisava sair um pouco. Minha mãe estava me enchendo o saco.


José olha para a garagem.


— Nem me fale. Eu precisando começar a lição de casa e meu pai querendo mexer mais um pouco embaixo do capo.


A lâmpada do poste acima de nossa cabeça acende com uma faísca.


— Então, Poncho, por que você veio até aqui? Sinto o peso do walkman na mochila


— Estava só de passagem e vi você aqui fora. Pensei era dar um oi. José está me encarando fixamente, por isso olho para o carro.


— Estou indo para o Rosie`s, ver o que está rolando — ele comenta. — Quer uma carona?


— Valeu, mas estou só caminhando um pouco. Ele enfia as mãos no bolso.


— Aonde você vai?


Meu Deus. Espero que ele não esteja na lista. Mas e se ele estiver? E se ele já ouviu as fitas e sabe exatamente o que está se passando na minha cabeça? E se ele souber exatamente onde estou indo? Ou, pior, se ele ainda não tiver recebido as fitas? E se elas forem enviadas mais tarde para ele?


Se for isso, ele se lembrará desse momento. Lembrará das minhas evasivas, da minha recusa em dar uma dica ou um aviso.


— Para lugar nenhum — disfarço. Coloco as mãos no bolso também.


— Então, falou, até amanhã — encerro a conversa.


Ele não diz nada. Só me observa partir. A qualquer momento espero que ele grite: "Ei, cara! Cadê o meu walkman?" Mas ele não faz isso. Escapo são e salvo.


Viro à direita na primeira esquina e continuo andando. Ouço o barulho da partida do motor e o som do cascalho quando as rodas do Mustang começam a girar. José pisa no acelerador, cruza a rua atrás de mim e segue seu rumo.


Baixo a mochila dos ombros e a coloco no chão. Puxo o walkman para fora. Desenrolo o fio, coloco a haste de plástico amarelo sobre a cabeça e enfio os fones na orelha. Dentro da mochila, estão as primeiras quatro fitas, uma ou duas a mais do que eu provavelmente terei tempo para escutar esta noite. O resto eu deixei em casa.


Abro o zíper do bolso menor e tiro a primeira fita. Escorrego-a para dentro do aparelho, com o lado B virado para fora, e fecho a portinha de plástico do toca-fitas.



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Autor(a): fla_ponny

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 36



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  • raya_ponchito Postado em 01/12/2013 - 23:25:35

    Cade você?

  • brunamachado Postado em 13/11/2013 - 19:12:54

    Cadê vc mulher?

  • raya_ponchito Postado em 10/11/2013 - 17:19:59

    Uôu mais a Any devia ficar feliz, sei la, pelo menos na minha humilde concepção por mais que essas listinhas sejam idiotas, ela ficou no lado bom.

  • raya_ponchito Postado em 10/11/2013 - 17:16:42

    Você só postou esses dois capitulos esse tempo todinho? Ah não :(

  • raya_ponchito Postado em 10/11/2013 - 17:15:45

    AAAA' que coisa mais infantil minha gente fazer esse tipo de listinha. Eu fazia muito com as minhas amigas na sexta série kkkk

  • raya_ponchito Postado em 10/11/2013 - 17:14:03

    O Ucker é um idiota, hunf! Não suporto esse tipo de garoto que sai com uma menina e sai espalhando e o pior espelhando o que nem aconteceu. Maaas isso não é exclusivo para a história, isso acontece tantas vezes que você perde até a conta

  • raya_ponchito Postado em 29/10/2013 - 18:11:03

    Descuuuuuulpa pela minha ausência mas está sendo impossível para mim ler qualquer web, logoo voltarei

  • brunamachado Postado em 17/10/2013 - 03:03:33

    O último comentário é meu,não sei pq as vezes não sai o nome nessa coisa aí,kkkkkkkkkkkkkkk

  • Postado em 17/10/2013 - 03:00:50

    AH somos machado então,kkkkkkkkkkkkkkkkkkk eu me orgulho muito do meu machado ... Desse tamanho tá ótimo,bem melhor,posta mais que tá muito boa

  • fla_ponny Postado em 16/10/2013 - 10:40:38

    Meninas olha la como ficou, não achei muita diferença, mas agora tá maior, me falem se fcou melhor


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