Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Dulce desliza os óculos de sol para o alto da cabeça. O olhar vagueia pela praia, detendo- se numa elevação distante, perfeita para escalar. Talvez amanhã, em sua corrida matinal, dê uma olhada mais de perto no local. Any não tira os óculos espelhados, somente assim consegue fitar Poncho sem que o garoto perceba. Eles quase ficaram juntos no Aquarium, mas não rolou. Ucker precisava voltar para casa mais cedo e os dois foram embora, deixando Any chupando dedo. Mai não tem olhos para ninguém. Sua mente está em São Paulo, relembrando os beijos de Dan. Um suspiro saudoso escapa de sua garganta. É quando Angel e as outras garotas se aproximam.

— Ei, Mai, viu aquilo? – Angel sussurra, apontando a cabeça para as Kibis.

— Fio dental? É sério mesmo? – Mai comenta, boquiaberta.

— Essas três são completamente sem noção. – Any entra na conversa. – Elas não percebem que são ridículas? Que os caras
tiram sarro e só querem aproveitar?

— Não. Elas não percebem. – Dul julga, acertadamente.

— Muito bem, meninos e meninas! – o megafone se faz ouvir. – Aqui temos bolas de vôlei, óculos de mergulho e até boias de braços com formato de bichinhos. – o monitor aponta dois baús na areia. – Com esse mergulho inaugural, vocês estarão sendo batizados por Poseidon e as férias na Ilha Inamorata

oficialmente terão início. Aproveitem sem moderação!

Garotos arrancam as camisetas e bermudas, correndo desesperados para o mar. As garotas são mais comedidas e precisam de mais tempo para tirarem todos os acessórios e adentrar as águas cristalinas. Dul deixa os chinelos na areia, dobra a saída de banho e verifica se tirou o par de brincos. Caminha ao lado das outras meninas, sem qualquer ansiedade aparente. A água está morna e o sol começa a descer no horizonte. A cena é linda, digna de um Oscar de melhor fotografia. Por um breve instante, Dul se sente uma com o todo. Mas o momento passa e ela começa a se sentir incrivelmente só, apesar de estar cercada de pessoas. Os dois pés de Dul tocam a água. Ela observa as pequenas ondas se formando, suaves e contínuas. A brisa sopra com força, acariciando a pele. É então que seus olhos se encontram com os de Ucker. Ele está de bermuda e sem camisa. Nada que ela ainda não tenha visto, já que Ucker adora se exibir. Mas ver assim tão de perto é a primeira vez. Os cabelos castanhos estão molhados e gotas salgadas escorrem pelo rosto, pescoço, tórax e braços. Ucker chacoalha a cabeça e gotículas brilhantes voam para todos os lados. Ele segura um par de óculos de mergulho. Dulce se detém, como se seus pés estivessem enraizados na areia.

— Não vai entrar? A água está ótima. – Ucker se aproxima, vencendo a força das águas.

— Não com você. – ela se mantém na defensiva, observando as amigas se afastarem.

— Qual é, eu entro com você.

— Não. Fique longe, está bem?
O olhar de Lex vai descendo pelo corpo de Dul. Ela nota que a respiração dele está acelerada. As gotas de água o alisam de maneira fascinante e por um mísero segundo, ela gostaria de ser uma dessas gotas. Um arrepio lhe percorre a espinha quando se dá conta desse pensamento.

— Tem medo de se apaixonar? – Ucker murmura, como se estivesse lendo a mente dela.

— Rá, rá! Vá sonhando. – Dul, resoluta, se coloca a caminhar. Ficar ali parada com Ucker não é uma boa opção. O garoto não desgruda. Segue ao lado dela, provocando-a. Ele sabe exatamente como irritá-la e ela está irritada por ele saber como irritá-la. Conseguiram entender?

— Ali é um ótimo lugar para mergulhar. – ele aponta para algum local à esquerda. – Dá para ver uns peixinhos bem legais.

— Ucker, me dê um tempo, tá legal? – a água já bate na altura da cintura. Apesar do mar estar calmo, Dulce sente a correnteza empurrá-la para cima de Ucker. Hum, seria mesmo a correnteza?

— Você é quem sabe. – ele suspira e recoloca os óculos. Grita qualquer coisa para Poncho e mergulha, nadando para longe dela. Novamente a sensação de solidão, de abandono. Dul fecha os olhos, buscando entrar em foco. Ucker não é nada para ela e nunca será. Então por que está se sentindo assim? Por que essa vontade louca de que ele volte para encher o seu saco? Ucker não volta e ela se sente um lixo.