Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Há um lenço azul no pescoço de Christopher Uckermann. De costas, Dul caminha intuitivamente em direção ao tablado. Os olhos de ambos não se desgrudam um segundo sequer. Murmurinhos começam a se formar na pista de dança e conjecturas são atiradas para todos os lados. Será que Dul perdeu a aposta? Se apaixonou por Ucker? Que diabos está acontecendo? Dul engole a saliva que se forma em sua boca, está nervosa com essa demonstração pública. Não que ligue para o que as pessoas pensam, não é isso. Mas os olhares cravados nela incomodam um bocado. Dul dá um puxão no lenço, trazendo Ucker para mais perto. A trilha sonora não é lenta, mas dá para dançar juntinho. As mãos de Ucker rasgam o ar, agarrando a cintura de Dulce com delicadeza. Ela solta as pontas do lenço e entrelaça os braços ao redor do pescoço dele. O magnetismo entre esses dois gera uma aura grandiosa, capaz de protegê-los contra qualquer mal. Juntos, possuem uma força avassaladora, dessas que evocam o poder divino. Mas eles não sabem sobre isso. Ainda. Dulce se deixa envolver pelos sentimentos que afloram, não se importando mais com o que acontece ao redor. O tempo e o espaço se fundem, deixando de existir. Arrepia-se quando Ucker acaricia seu pescoço com os lábios úmidos.
— Está usando aquele perfume, não está? – ele pergunta, inalando-a, inebriando-se com o aroma.
— Hipnose? – ela faz uma pausa. – Estou sim.
Ela sente as batidas do coração dele contra seu próprio peito. Cerra as pálpebras quando seu hálito quente deixa marcas por onde passa. Dulce não está mais no controle e ele a abraça com força, fazendo-a arfar. Um novo murmurinho toma conta do tablado. É Ucker quem percebe primeiro o que está havendo. Troca olhares assustados com Poncho. Belinda acaba de tirar Bola para dançar, utilizando-se de um lenço vermelho sangue. Ucker para de dançar, afrouxando o abraço em Dulce. Ela percebe algo estranho e o fita, sem entender o que está havendo. Nota que os olhos do cara estão fixos em algum ponto além e girando a cabeça, solta uma exclamação. Belinda acaba de desferir um beijo de língua em Fabiano, o Bola.
~~***~~
Ucker está boquiaberto e uma de suas pálpebras treme de raiva. Esse tempo todo o Bola estava jogando contra eles, as coisas finalmente começam a fazer algum sentido. O cara é um agente duplo, está tão óbvio agora. O que ele contou para as Kibis? Será que dedurou as apostas? Ah, claro que sim, Suzana e Ana Paula estavam agindo como se soubessem do jogo. E o que Bola terá contra a Kibi Mor? Por que ela está se humilhando a esse ponto? Terá algo a ver com Dulce? Será que Bola conseguiu algo para que Belinda possa finalmente se vingar?
— Bola, seu lixo humano. – Ucker murmura, entredentes.
— O que foi? – Dulce escuta o lamento de Ucker. – Está com ciúmes?
— Como é? Enlouqueceu?
— É o que está parecendo! – Dulce empurra Ucker com as duas mãos.
— Não é nada disso.
Poncho e Anahí, de mãos dadas, se juntam a Christopher e Dulce. Os amigos se entendem só com o olhar e Poncho está com o cenho franzido e os olhos negros brilhando em fúria. Nesse ponto, Belinda e Bola estão dando um show – de horrores – na pista de dança. Entre beijos e afagos, começam a dançar ao ritmo da salsa. Agem como se não percebessem os olhares embasbacados e as bocas entreabertas ao redor.
— Ucker, precisamos conversar. – Poncho dispara, um tanto afoito.
— Só se for agora. – Ucker concorda, pegando Dulce de surpresa.
— Como é? – ela encara Ucker e Poncho. – O que está acontecendo aqui?
— Dulce, mais tarde. – Ucker tira o lenço do pescoço e entrega a ela. – Prometo que depois conto tudo a você, mas não agora. E antes que Dul ou Any possam dizer qualquer coisa, os dois seguem em direção às redes, distanciando-se ao máximo da muvuca na qual se transformou a pista de dança. Dulce e anahí se entreolham, confusas. Logo Maite se junta a elas, tão absorta quanto todo o mundo.
— Gente, o que está rolando aqui? O mundo acabou e eu não estou sabendo? – Mai sacode a cabeça, sem conseguir desviar os olhos de Bola e Belinda. Confusa e com o humor oscilando drasticamente, Dul finca as unhas nas palmas das mãos antes de concluir:
— Eu não faço ideia do que está rolando, mas vou descobrir.
~~***~~
Os nervos de Ucker pulsam em fúria. O sangue borulha dentro das veias enquanto caminha em círculos na areia, tentando entender o que está havendo. Já está claro que Bola trabalha para as Kibis. E o que mais? O que faria com que Belinda beijasse o cara na frente de todos? Ele a está chantageando? Terá algo que a Kibi precisa para a vingança? Ou não é nada disso e Ucker está delirando?
— Conte tudo para a Dul, man. Abra o jogo antes que seja tarde. – Poncho aconselha.
— Não posso fazer isso, não antes de me entender com ela. –Ucker leva as mãos à cabeça, incerto.
— Cara, você precisa contar. Estou sentindo uma vibe estranha, acho que vai dar merda, meu camarada.
— Precisamos descobrir o que está rolando, Cabeçudo. Talvez não tenha nada a ver com a aposta e a vingança da Kibi.
— Duvido!
— Ok, estou perdido. – Ucker joga as mãos para o céu. – Não sei o que fazer.
— Vamos arrebentar a cara do Bola até ele abrir o bico. Vamos torturar o cara! – Poncho esmaga os dedos e soca o ar. – Que traíra filho da mãe!
— Ei, galera. – Hulk chega seguido por todos os garotos do Prisma. – O que está pegando naquela pista? Como o Bola conseguiu vencer a aposta?
— Eu não faço a menor ideia, mas precisamos descobrir. Estão comigo? – Poncho estende o braço com a palma da mão virada para baixo.
— Estamos com você. – Ucker repete o gesto de Poncho, colocando a mão sobre a do amigo. Logo todos repetem o gesto, uma mão sobre a outra. O que quer que Bola esteja escondendo, esses garotos irão descobrir.
~~***~~
Dulce corre atrás de Ucker, que segue apressado para a sala de jogos. Quando ouve seu nome, estaca no lugar, sem se virar.
— Ucker, o que está acontecendo?
— Dul, não posso falar sobre isso agora. – ele não quer se virar, não pode deixar que seus olhos temerosos o entreguem.
— É isso então? Vai me deixar assim, no vácuo? E será que dá para olhar para mim? – Dulce avança agarrando o braço dele, puxando-o com violência. Olhos nos olhos. Dulce percebe que algo está muito errado. Ucker não consegue disfarçar e sabe bem disso.
— Confia em mim? – Dul não responde e Ucker refaz a pergunta. – Confia em mim, Dul?
— Eu ainda não sei. – ela hesita.
Uker toma o rosto dela entre as mãos. Antes que ela o afaste, os lábios se colam com força, com vontade, com fúria. Mas não é um beijo longo. Quando Ucker abre os olhos, segura Dulce pelos ombros.
— É só o que peço, que confie em mim. – ele então segue para a sala de jogos, deixando uma desnorteada Dulce para trás.