Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Ainda naquele mesmo quarto bagunçado, Ucker está boquiaberto e não tem certeza se Poncho está de brincadeira ou não. A perplexidade é tamanha, que o garoto altera o tom de voz:

— A Dulce? Você bebeu e bateu com a cabeça?

— Qual é cara!? A mina é uma gata. – Poncho incita, divertindo-se.

— A garota mais parece um cavalo selvagem! Ela é intocável, Poncho.

Não que Ucker não esteja louco para beijar aquela boca de lábios lindos, não é isso. O problema é que Dulce é uma garota arredia, difícil e não deixa nenhum garoto se aproximar. Os que tentaram se arrependeram amargamente.

— Qual é, Ucker, nada é impossível para você. – Poncho inicia a persuasão.

— Não tenho tanta certeza disso. Viu o que ela fez com o Edgard? Com o Hulk no Halloween? E as Kibis então? Cara, eu tô fora!

— O lance das Kibis foi bem maneiro. – Poncho balança o cabeção. – Ucker, a questão

é que se não for uma aposta impossível, nunca conseguiremos a grana para arrumar a sua moto. De quanto precisa? Quatro paus?

— Seis mil. E quer saber? Logo o meu velho voltará atrás e aí terei a grana para arrumar a moto. – Ucker mira o chão enquanto a incerteza reverbera pelas quatro paredes.

— E até lá?

— Dois otários de bicicleta, fazer o quê? – Ucker suspira alto e acende outro incenso.

Mas Poncho não se dá por vencido. Aliás, deixe-me contar um pouco sobre o

melhor amigo de Ucker. O apelido não é de hoje, surgiu lá pelo oitavo ano do Ensino Fundamental.

O garoto pirateia tudo o que vê pela frente: de jogos a filmes que ainda estão nos cinemas. Para ele, a informação é livre e deveria ser distribuída de graça. Como não o é, Poncho trata de faturar algum em cima de pessoas que não estão a fim de pagar uma fortuna por um jogo de Xbox, por exemplo.

Além disso, o cara também é um falsificador dos bons. Quase levou a

lanchonete do colégio a falência quando vendeu a um real, tickets de salgadinhos e refrigerantes falsificados por ele. Esse é um garoto que vai longe.

Poncho, fisicamente, é um cara bonitão, charmoso ao extremo. Seus cabelos negros escorrem cacheados até a altura do pescoço, costuma cair sobre os olhos verdes e indecifráveis, e é um cara que usa o cérebro.

Mas, voltando à história da tal aposta, Poncho não se deixa abalar pela resolução de Ucker. Soprando a o cabelo sobre os olhos para o alto, prepara-se para deixar o amigo sem alternativas.

Envia e-mails, mensagens instantâneas e DMs no Twitter para todos os machos apostadores do Colégio Prisma. E isso é muita coisa, só para constar. A mensagem é sucinta e marketeira ao extremo, como é o estilo de Poncho. Na íntegra, o texto diz:

“A Grande Aposta será lançada. Ucker x Dulce.

Amanhã, no pátio do colégio. Venham com a carteira recheada de notas

altas.

Poncho.”

Nem preciso dizer que a galera comparece em massa, preciso? Enfim, todos aparecem, até mesmo os que não foram chamados.

Como grana é grana, nesses momentos não faz a menor diferença. Quanto mais apostadores, melhor.

Poncho se posiciona no meio da roda de garotos, expondo a Grande Aposta maquinada por ele. Quando termina de falar, encara um por um daqueles caras. Se Poncho não vê, eu vejo: alguns garotos suam, outros se entreolham e uns poucos riem, abrindo as carteiras.

— Só tem um problema nessa história. Temos que convencer o Ucker a entrar na jogada. – Poncho solta a bomba no centro do círculo e sai andando.

— Como é? O Ucker vai amarelar? – Nando, o garoto dos cabelos espetados, pergunta, incrédulo.

— Pois é, meus caros. Só uma grana alta o seduzirá. – Poncho tomba a cabeça para