Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Belinda e Bola se encaram: ele em pânico, ela tranquila e radiante. A Kibi desliga a câmara e sorri, sentindo o êxtase da vitória correr por suas veias. A vingança está quase completa.
— Droga, como eles descobriram? – Bola soca a própria perna com o punho fechado.
— Foi a Suzana, não é óbvio? – Belinda não estressa, Suze pagará caro pela intromissão.
A ex-amiga se arrependerá até o último fio de cabelo descolorido.
— Acha mesmo que a Suze teria coragem? – Ana arregala os olhos, temendo pelo futuro de Suzana.
— Bola, livre-se do conteúdo do frasco. Ana, vá para o quarto e descarregue as imagens e os vídeos. Mande para o meu email e depois apague tudo, entendeu? – a Kibi Mor dá as coordenadas, como um general.
Ana Paula se apressa. Levanta do esconderijo e corre para o hotel o mais rápido consegue. Bola já se livrou do frasco e da droga. No momento, encara a Kibi abertamente, sem saber o que esperar.
— E agora? O que faremos? – Bola teme serem descobertos.
— Você eu não sei. Mas eu estou pensando em uma maneira de detonar de vez com o Ucker.
~~***~~
Dul trava uma luta ferrenha com Anahí. Não quer a canga, não quer ajuda, só quer o Ucker. E ela grita isso, em alto e bom som. Mai e Hulk se aproximam, cautelosos. Dul está descontrolada e Any a segura como pode. Hulk tira a camiseta e estende para Mai.
— Vista isso nela.
Any e Mai dominam Dul, vestindo a camiseta praticamente a tapas. Any tenta conversar amigavelmente, mas Dul cantarola alto só para irritar, tirando Mai do sério:
— Olhe para mim. – Mai segura firme nos ombros da amiga. – Você escutou o que eu disse? Está chapada, drogaram você!
— Não estou drogada! – Dulce rebate, visivelmente alterada.
Não distante dali, Ucker irrompe em lágrimas nervosas nos ombros de Poncho. Seus lábios se retesam quando escuta Dul gritar com as meninas. Monitores e professores finalmente alcançam o Centro de Arborismo. Margareth se aproxima das garotas, fitando Dulce com preocupação.
— O que está acontecendo aqui, afinal? – a professora toma o pulso de Dulce e nota que o coração está acelerado. Um monitor checa os olhos da garota com uma pequena lanterna, confirmando a suposição. Dulce está drogada, com direito a pupilas dilatadas e opacas. Pelo rádio, outro monitor pede à recepção do hotel que encontre o único médico disponível na ilha. Margareth toma o rosto de Dul entre as mãos, encarando-a com seriedade.
— Acha que pode caminhar até o hotel?
— Eu já disse que estou bem. Aliás, nunca me senti tão bem na vida. – Dul desata a rir, sem conseguir parar.
— O médico foi encontrado e já está a caminho do hotel. – o monitor avisa, com o olhar recaído sobre Dulce. – Margareth, isso nunca aconteceu aqui antes e olhe que trabalho nesse ramo há anos.
— Ainda não acredito que isso esteja acontecendo. – a professora concorda, pesarosa. – Venha, Dulce, vamos para o hotel.
— Não vou a lugar algum sem o Ucker. – ela cambaleia e segue ao encontro do garoto.
Ucker a toma nos braços quando Dulce deixa o corpo cair sobre ele. A garota não consegue parar de rir, mesmo quando escuta a voz embargada de Ucker aos ouvidos:
— Dulce, você ficará bem. Precisamos voltar ao hotel.
Ela não responde. Agarra-se aos cachos de Ucker e lhe desfere um beijo arrebatador, daqueles que arrancam suspiros inclusive de coisas inanimadas. Ele se afasta com dificuldades, abraçando-a bem forte.
— Pare com isso, está bem?
— Por quê? – Dulce o encara com um olhar torturante, umedecendo os lábios de forma provocante. – Poderíamos ir para a praia, tenho altas fantasias que envolvem areia e mar.
— Escute o que está dizendo, essa não é você. – ele murmura, demolido por dentro.
— Dulce, precisamos voltar ao hotel. – Margareth dá o ultimato, tomando um dos braços da garota.
— Já disse, sem o Ucker não vou a lugar algum! – Dul estressa e se agarra ao pescoço de Ucker, sufocando-o.
— Precisamos voltar, o médico saberá o que fazer. – Ucker conversa com calma, como se Dul fosse uma criança. Ela se afasta, trançando as pernas.
— Não quero voltar ao hotel, só quero retomar do ponto em que paramos. – Dulce morde o lábio, fitando Ucker como se o garoto fosse uma sobremesa irresistível.
Mas então, um sopro invisível a faz tremer da cabeça aos pés. Dul sente as pernas fraquejarem e os olhos saem de foco, como se a pressão sanguínea tivesse caído aos pés. O corpo perde as forças e Ucker e Poncho a seguram no ar, antes que desabe no chão.
— Ai, meu Deus. – Any entrelaça os dedos acima da cabeça, enquanto todos correm para ajudar.
— Dul, fale comigo. – Ucker se desespera.
— Hum. – ela balbucia, abrindo os olhos.
— Olhe para mim. O que está sentindo? – Margareth checa o pulso de Dulce novamente.
— Estou zonza. Acho que quero dormir.
— Não durma, por favor. – Ucker a pega nos braços, juntando todas as forças que possui e não possui. O corpo dela está amolecido, entregue.
— Se não aguentar carregá-la, trocamos no caminho. – Poncho oferece, desferindo um tapa no ombro de Ucker. Na trilha de volta para o hotel, ele conversa com Dul para que ela não durma. Os garotos se oferecem para carregá-la, mas Ucker não permite. Sente-se em dívida com Dul por não ter percebido o que estava acontecendo. Bem, ele sabia que havia algo errado, mas não fez absolutamente nada para contê-la.
— Já disse que você é lindo? – Dul sussurra preguiçosamente, como se estivesse bêbada. – Não, é sério, você é um dos caras mais bonitos que já conheci.
— Não diga isso, pode se arrepender depois. – Ucker ensaia um sorriso, sem desviar os olhos da trilha.
— Não me arrependerei. – ela rebate, alisando a barba dourada do cara com a ponta dos dedos. – Aliás, já disse que você mexeu comigo desde a primeira vez em que nos vimos?
— Não, você nunca disse. Também acho que se arrependerá disso mais tarde. – Ucker a encara, com o ego transbordando. – Tenho que confessar que você também mexeu comigo.
— Verdade?
— Você nem imagina o quanto. – Ucker finalmente avista a entrada do hotel.
~~***~~
Com as costas arqueadas e os joelhos gritando, Ucker alcança o dormitório das meninas. Auxiliado por Mai, deita Dulce sobre a cama, sentindo-se culpado pela situação em que ela se encontra. Deveria ter previsto algo assim, ainda mais em se tratando da Kibi Mor. Uma galera se amontoa no quarto, todos querendo fazer algo para ajudar. Nada pode ser feito no momento e Dul começa a se irritar com a algazarra.
— Mande todos embora e feche a porta. – ela puxa Ucker pela nuca e balbucia, insinuante.
— Sabe que não posso fazer isso. – ele acaricia o rosto transfigurado de Dul.
— Não pode ou não quer? – ela incita, traçando formas geométricas no peito dele.
— Não posso. – ele responde, sentindo arrepios por todo o corpo. – Pare com isso.
— Dul, você tem consciência do que aconteceu? Sabe que está drogada? – Mai se senta aos pés da cama.
— Não estou drogada! Por que fica repetindo isso? – Dulce se apruma. – Gente, que calor infernal é esse? Ligue esse ar- condicionado, por favor.
— A Belinda e o Bola armaram para você, colocaram algo no seu suco, entendeu? – Any liga o ar-condicionado, regulando a temperatura.
— Ok, crianças, o médico chegou. Todos saindo, circulando, vamos. – Margareth enxota os estudantes, afirmando que Dul ficará bem. O médico alto, grisalho e um tanto bicho grilo, entra no quarto com uma maleta preta à tiracolo. Margareth pede que Ucker se retire, mas Dulce inicia um escândalo, agarrando-se a ele como se o mundo fosse acabar.
— Tudo bem, deixe que ele fique. – o médico abre a maleta sobre a cama, retirando alguns instrumentos de lá. – Sabem qual substância foi ingerida?
— Não sabemos, a-i-n-d-a. – Margareth frisa.
— Precisarei colher uma amostra de sangue para análise. – o médico abre uma caixa metálica, retirando de lá uma seringa.
— Eu estou ótima. – Dulce bufa e cruza os braços, fechando a cara.
— Deixe ele tirar o seu sangue, está bem? – o tom de Ucker é manso, cuidadoso. – Estarei com você, não irei a lugar algum.
— Nesse caso. – Dul dá de ombros e estende o braço, finalmente disposta a colaborar.
~~***~~
Médico, exames, testes, um banho bem quente… as horas passam e o corpo de Dulce sofre os efeitos ruins da droga que ingeriu. Um frio cortante a assola e Ucker a abraça como um cobertor quente e seguro. A garota passou a tarde toda dormindo e acordando, num sono agitado e repleto de sonhos estranhos. Ucker foi o único que não arredou o pé do quarto, nem para almoçar. Any e Mai estão atônitas, olhando para o nada. Margareth está sentada sobre a cama de Mai, balançando a cabeça em negativa. O relógio de pulso marca cinco da tarde. Ainda não encontraram Belinda ou Bola. Ana Paula, que estava no quarto das Kibis, disse não saber nada sobre eles e desmentiu quando a acusaram de fazer parte do plano. O professor de literatura e os monitores estão reunindo a turma toda na sala de jogos. A verdade precisa vir à tona e o diretor do Prisma já foi informado sobre o acontecido na ilha, por telefone. Cabeças vão rolar.