Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Quando sai da enfermaria, Dul mantém uma postura ereta, a cabeça erguida e um ar despreocupado. Conforme vai passando pelo corredor de risadinhas, piadinhas e olhares ameaçadores, os ombros de Dulce vão despencando, assim como sua cabeça, que agora está tombada para baixo. Não pensou que seria tão difícil enfrentar aquele bando de fuxiqueiros. Antes que seus joelhos fraquejem e ela caia mortinha frente àqueles olhares maldosos, Dulce é salva por Any e Angel, que a levam mais do que depressa para a diretoria.
~~***~~
O diretor gira o DVD em mãos. Tira os óculos, jogando-os sobre uma pilha de pastas muito bem dispostas sobre a mesa de mogno. Levanta-se da cadeira e trinca os dentes ao observar o outdoor em frente ao colégio.
— Já liguei para a empresa responsável. Essa barbaridade será retirada ainda hoje. – ele faz uma pausa. – E quanto aos DVDs, revistaremos todos os alunos. Infelizmente de nada adiantará, o vídeo já caiu no Youtube. – outra pausa, dessa vez preocupada. – Seu pai precisará entrar com uma ação para tirar o vídeo do ar, senhorita Espinoza.
— Não queria envolver meus pais nisso. – a voz de Dulce é só um fio fraco, prestes a se partir. – Mas meu irmão contará o que está acontecendo, não conseguirei esconder o fato.
— Você deveria ir para casa. – Any alisa o braço da amiga. – Ficar aqui só vai piorar a sua situação.
— Não quero fugir.
— Não serão dias fáceis para você. Mas compreendo o seu lado, entendo o que quer provar. – o diretor alinha quatro vasos de plantas no parapeito da janela, de modo que fiquem simétricos. – Falei com sua mãe hoje cedo. Fique tranquila, não contei nada sobre o outdoor. – ele se apressa em dizer. – Sua mãe me contou sobre a possibilidade de você estudar fora do país. Seria muito bom, Dulce. Crescimento pessoal, cultural e emocional são sempre bem-vindos. Todas as pessoas deveriam fazer isso algum dia. – o diretor se senta novamente, ajeitando agora o polvo e os cachorros de cerâmica sobre a mesa.
— Ainda não me decidi sobre isso, mas estou pensando. – Não. Dulce não está pensando sobre a viagem. A única coisa que não lhe sai da cabeça tem nome e sobrenome: Christopher Uckermann.
— Pense bem, uma oportunidade como essas pode não aparecer nunca mais. – o diretor recoloca os óculos e faz uma pausa com ar pensativo. – Dulce, qualquer outro problema que tiver aqui dentro dos muros do colégio, por favor, me comunique.
— Certo, obrigada.
~~***~~
Rumo à sala vinte e dois, Angelique pergunta sobre a viagem. Dulce pede discrição total e absoluta antes de contar. A amiga assente e escuta o relato de Dulce sobre a possibilidade de estudar em Paris por alguns meses. Uau, até eu queria uma oportunidade dessas! O sinal já soou e os corredores estão vazios. Quando Dulce e as garotas chegam ao segundo andar, uma nova surpresa se abate sobre as três. Não, não são cartazes colados às paredes. A surpresa vem das caixas de som espalhadas pela escola. O sistema de áudio do colégio é daqueles megamodernos, digitais e computadorizados. Alguém deve tê-lo invadido para reproduzir o que apenas os surdos não podem ouvir. As vozes que saem dos auto falantes são as de Belinda e Ucker. Na íntegra, o diálogo – que nós sabemos não ter ocorrido – desenrola da seguinte forma:
Ucker: — O que quer que eu faça? (a voz de Ucker foi gravada pelo celular da Kibi, no dia em que Belinda chantageou o garoto pela primeira vez).
Kibi Mor filha da mãe: — Leve a Dulce para o Centro de Arborismo. Deixe a vagaba fazer o que quiser com você. Filmarei tudinho e finalmente terei a minha vingança. Feito isso, prometo não mostrar o vídeo do acidente para o seu velho. (a Kibi gravou essa parte no mesmo lugar, com o mesmo celular, no fim de semana pós- viagem).
Ucker: — É só isso o que quer? (essa parte foi gravada na balsa, também com o celular da Kibi. O material foi editado por Bola, os ruídos de fundo foram retirados e mixados).
Kibi Mor dos diabos: — Sim, é só isso.
~~***~~
Os joelhos de Dulce não conseguem mais sustentar a pressão. A garota cai, prostrada, vencida, arrasada, espezinhada, humilhada. Então o que Belinda disse na ilha era verdade? Ela realmente havia mandado Ucker fazer o serviço sujo e o filho da mãe aceitou?
— Dul, eu não acredito que o UCker tenha feito isso. Cara, isso está me cheirando a montagem! – Any despenca ao lado da amiga, abraçando-a.
— Também não acho que o Ucker faria algo assim, Dulce. Ele está apaixonado por você, está tão na cara! – Angel, apesar de estar em dúvida sobre a veracidade do diálogo, não colocaria sua mão no fogo por Ucker.
Mas ela não pode deixar isso transparecer. Não pode deixar Dul pior do que já está.
— Como eu sou burra! – Dulce deságua no ombro de Any. O choro vem recheado de soluços, arrebentando qualquer esperança que Nina ainda mantivesse com relação a Ucker.
— Não, Dul. Isso é armação amiga. – Any tenta apaziguar, sem sucesso.
— Dul? – Ucker chama do final do corredor. – Não pode acreditar nisso, é mentira! Eu não sabia de nada! – Ucker vai se aproximando com Poncho logo atrás.
— Ucker, não se aproxime. – Angelique toma a frente.
— É mentira, Dulce. O Ucker nunca aceitaria algo assim, pelo amor de Deus! – Poncho fala por cima do ombro de Angel.
— Eu quero ir para casa. – Dul murmura para Any. – Me leve daqui, por favor.
— Venha, eu ajudo você.
— Não pode acreditar nisso, por favor. – Ucker está com a camiseta do Prisma encharcada de sangue. Um tremendo olho roxo se destaca naquele rosto de traços sensuais.
— Não se aproxime! – Dul ruge quando Ucker faz menção em tocá-la. – Nunca mais se aproxime de mim, está entendendo?
— Não faça isso comigo. – Ucker leva as duas mãos aos cabelos cacheados.
Lágrimas irrompem de seus olhos cor de mel. As rajadas douradas ficam opacas e sem vida ao acompanharem Dul e Any tomando o rumo da escada central. O que ele deve fazer? Nem preciso dizer que, nesse momento, as portas das salas se abrem e uma aglomeração começa a se formar, não é? Quando Ucker respira fundo e toma coragem para ir atrás de Dulce, Poncho e Angel bloqueiam a passagem do cara.
— Deixe a ela em paz, Ucker. – Angel é enfática.
— Não é a hora, man. – Poncho segura o braço do amigo.
— Aliás, acho que essa hora nunca vai chegar. Não depois do que acabamos de ouvir. – Angel cruza os braços frente ao corpo.
— É mentira. A Kibi montou esse diálogo, eles nunca tiveram essa conversa. – Poncho defende o amigo.
— Como sabe? Nasceu grudado no seu amigo, Poncho? Como pode afirmar que essa conversa nunca existiu? – Angel ataca.
— Ele nunca faria algo assim. E outra: Se o Ucker realmente tivesse feito um pacto com a Belinda, ele estaria livre da chantagem, certo? – Poncho faz uma pausa. – Então
como você explica o pai do cara ter recebido os vídeos do acidente?
— A Belinda resolveu ferrar com ele de qualquer maneira, oras! – Angel retruca. – Isso não prova nada.
Com um olhar glacial, Ucker encara uma das caixas de som do Prisma. Respira fundo e as lágrimas cessam:
— Temos que conseguir essa gravação. Só com isso em mãos conseguirei provar a minha inocência.