Fanfic: A aposta - Vondy - ADP | Tema: Vondy

Dez dias se passaram. Dulce sente o vazio tomando forma, como um imenso buraco negro prestes a tragá-la. Ainda não enlouqueceu porque existe uma contrapartida, um sentimento poderoso que a faz abrir os olhos todas as manhãs. Amor. É por esse amor que ela ainda não desistiu de recomeçar sua vida. É por esse amor que ela respira. É por esse sentimento que ela ainda está ancorada, sem se deixar levar pela melancolia e pela dor. Dulce acaba de sair de uma escola de francês, nos arredores de Madeleine. Está com a inscrição para o curso debaixo do braço, doida para rasgá-la em mil pedacinhos. Mas se contém, dobrando os papéis com cuidado, guardando-os dentro da bolsa. Com um mapa de Paris aberto no celular, Dulce verifica as anotações de Simone numa caderneta. Precisa aprender a andar pela cidade sozinha e hoje é o segundo dia que faz isso. O metrô está lotado e Dul volta para casa com um saquinho de croissants e uma linda rosa que ganhou próximo da Igreja de La Madeleine. Simone está de folga e tirou o dia para dar um jeito no apartamento. Ontem Dul esteve no Louvre. Quando viu a pirâmide de vidro, não se conteve. As lágrimas caíram como flocos de neve, já que o frio estava de lascar. Não, ela não se emocionou por conhecer o museu. Dul chorou por estar sozinha e por UCker não ter cumprido a promessa. Ele havia prometido estarem juntos, havia dito que enxugaria suas lágrimas. Ucker não estava lá. Ela abre a porta de casa e dá de cara com uma Simone completamente histérica. Ela não fala coisa com coisa e Dul precisa de um tempo para entender o que está havendo.
— Escutou alguma palavra do que eu disse? – Simone continua estendendo um envelope vermelho e um pen drive na direção de Dulce.
— Como assim ele entregou isso a você pessoalmente? O Christopher… o Ucker… UCKER…?
— Está em Paris! Duds, ele está aqui! – Simone não se contém e começa a gargalhar. – E você não fez juz ao cara não. Menina, ele é lindo demais!
— Mone, onde ele está? – Dulce perde o chão e se senta.
— Disse que iria procurar um hotel. Eu o convidei para ficar aqui, mas ele não aceitou.
Dulce abre o envelope e descobre os seis mil reais. Dinheiro da aposta. Pega o pen drive em mãos e seu olhar se perde naquele minúsculo aparelho.
— Não vai ouvir os arquivos? – Simone se ajoelha em frente à Dulce.
— Não preciso. – a voz de Dulce é um fio fraquinho, prestes a partir.
— Como assim não precisa? – Simone se sobressalta. – Dulce, o cara veio lá do Brasil atrás de você!
— Ele falou mais alguma coisa?
— Disse que vai esperar por você às duas da tarde, no lugar marcado. – Simone revela, um tanto tensa com a situação. – Dulce, vai perdoar o cara, não vai?
— Que horas são?
— Uma e quinze.
— Eu preciso ir. – Ela pula da cadeira e enfia o pen drive no bolso da calça. Pega o casaco e o cachecol e sai às pressas, sem se despedir de Simone.
— Dulce, não faça besteira! – Simone grita, incerta de que Dulce tenha ouvido o recado.
~~***~~
O metrô não é rápido o bastante. Dulce chega com cinco minutos de atraso no local marcado. A praça do Louvre está abarrotada de turistas, apesar do frio e do tempo fechado. Semana que vem é natal e Paris recebe pessoas do mundo todo nessa época. Ela procura por UCker, desesperadamente. Vai caminhando, abraçando-se para esquentar, até finalmente chegar a um dos lados da pirâmide de vidro. De onde está, Dulce consegue enxergar o hall de entrada do museu lá embaixo, lotado de pessoas agasalhadas.
— Esqueci de trazer o lenço para enxugar suas lágrimas. – a voz de Ucker rasga o ar gélido.
Dulce não se vira para encará-lo.
— Chegou atrasado. Eu estive aqui ontem. – seu tom não revela nada além disso.
— Desculpe por isso, não pude vir antes. – Ucker leva as mãos aos bolsos e seu olhar está cravado nas costas dela. Estão bem próximos e ela pode sentir o aroma de Mentos de frutas no ar. – Como posso me redimir?
— Ainda não sei.
— Abriu o pen drive? – ele pergunta, um tanto temeroso com a resposta.
— Não, não abri. – Dulce se mantém na mesma posição e UCker não consegue acompanhar suas expressões.
— E o que isso quer dizer? – Ucker sente o coração apertar.
— Quer dizer que eu não preciso abrir um arquivo para tomar qualquer decisão. – ela engole em seco e ele percebe.
— Eu achei que…
— Achou errado, de novo. – Dulce finalmente se vira para encará-lo. – Não é esse pen drive que vai mudar o que eu sinto por você. – ela sustenta o gadget na mão.
— E o que sente por mim?
Dul suspira alto e profundamente. Sua expressão relaxa quando ela tomba a cabeça e diz:
— Eu te amo e não consigo viver longe de você.
Ai. Meu. Deus.
O sol chega a Paris através daqueles olhos cor de mel com rajadas douradas. A temperatura entre aqueles dois parece ter subido uns mil graus Célsius. UCker está sorrindo e não é de deboche. É um sorriso com o qual Dulce precisará se acostumar. É um sorriso feito para ela e só para ela.
— Vai me perdoar por eu ter sido um covarde, um idiota? Vai me perdoar mesmo sem saber se sou inocente? – UCker não consegue parar de sorrir.
— Você está aqui, não está? O que mais eu poderia querer? – Dulce guarda o pen drive no bolso.
– Promete não mentir, não me enganar? Promete que sempre seremos honestos um com o outro?
— Eu prometo. – Ucker se aproxima mais, tocando os cabelos soltos de Dulce. – Eu prometo fazer de você a mulher mais amada desse mundo.
Eles se fitam por um tempo, estudando-se. Dulce tira o cachecol do pescoço e, como fez na ilha, passa-o pelo pescoço de UCker, puxando o garoto para si, para sua boca. O cara se entrega, cerrando as pálpebras. Os lábios se tocam e o frio dá lugar a uma sensação de completude, de calor, de êxtase. Um momento perfeito, no lugar perfeito. E com esse beijo para lá de arrebatador, Christopher e Dulce Maria selam um compromisso e recomeçam a sua história, tendo a verdade e o amor como únicos guias por toda a vida. Se eles ficarão juntos por toda a eternidade? Oh, sim, definitivamente. Almas gêmeas possuem esse poder. Mas não posso dizer que esse será um romance calmo e sem brigas. Oh, não. Mas essa é outra história. E assim, vamos deixando esses dois curtirem o momento, saindo bem de fininho, tomando o caminho inverso do início dessa história.
Louvre.
Paris.
França.
Europa.
Planeta
Terra.
Sistema Solar.
Via Láctea.
FIM.

--------------------------------------------------------------

Quero agradecer a toooodas vcs por ter acompanhado essa história e favoritado a Fic

um MUITOOOO OBRIGAAADAAA meninas!!!! Tem uma frase que li ontem em um livro q diz assim:

"Nem todo ponto final indica fim de história, pode ser só o começo de um novo parágrafo."

:*