Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Ela recolheu a mão.

— Você deve estar louco!— O mundo inteiro devia ter enlouquecido! Primeiro Mustafa, e agora este homem dizendo que ela ia se casar com ele!— Eu não me casarei com ninguém— disse Dulce, querendo rir da ideia de que talvez ela estivesse louca.— Não com Mustafa, E certamente não com você.

— Perdoe-me por ter lhe dado a notícia dessa maneira, princesa. Eu pretendia convidá-la para jantar comigo esta noite e convencê-la dos méritos do plano, enquanto a seduzia com a melhor comida, o melhor vinho e o melhor entretenimento que Al-Jirad pode oferecer.

— Não importa como planejou me dar a notícia. Esta ainda seria insana, e minha resposta seria a mesma. Eu não me casarei com você! E agora, pretendo voltar à minha suíte, e esperar a chegada de meu pai. Lamento que alguém teve o trabalho de desempacotar todos os meus pertences, quando terão de empacotá-los de novo, para minha jornada para casa amanhã. Boa noite.

Ela se virou, começando a andar em direção à porta, quando seu pulso foi capturado num aperto forte.

— Não tão depressa, princesa.

Dulce olhou para onde a mão grande estava curvada em seu pulso, a pele bronzeada, tomando sua própria pele cor de mel quase pálida em comparação.

Ela ergueu a cabeça para encontrar os olhos escuros brilhantes.

— Ninguém toca uma princesa de Jemeya sem consentimento.

— Certamente, o noivo...

Ela desvencilhou o pulso do aperto dele.

— Eu não tenho noivo!

— Não é isso que seu pai pensa.

— Então você está realmente louco. Meu pai nunca daria a permissão para um casamento que eu não quero.

— Talvez seu pai não tenha escolha.

— E talvez você esteja sonhando. Pois quando ele chegar amanhã, com certeza, irá esclarecer as coisas. Meu pai não enviou seus homens para me resgatar das mãos de um tirano para simplesmente me entregar a outro.

— Você tem tanta certeza que aqueles eram homens de seu pai?

As palavras dele confundiram Dulce. Que tipo de pergunta era aquela? É claro que seu pai enviara os homens.

— Eles foram ao meu resgate— replicou ela, detestando aquele homem por fazê-la questionar as ações de seu próprio pai, por fazê-la duvidar que ele realizaria tudo que estivesse em seu poder para tê-la de volta.— Como eu sabia que eles iriam desde o primeiro momento que fui sequestrada. Sabia que meu pai mandaria alguém para me salvar, e estava certa. E eles me disseram que meu pai saberia que eu estava segura. Então, quem mais poderia ter enviado os homens?

— E se eu lhe disser que foram os meus homens quem a resgataram daquele acampamento no deserto, e de um futuro suportando os numerosos filhos gordos de Mustafa?

Ela gesticulou as mãos no ar.

— Basta disso. Eu vou embora.— Dulce virou-se e começou a andar. Iria sair de lá, e desta vez, esqueceria tudo sobre ser uma princesa, correria o mais rapidamente que conseguisse para sua suíte, e se trancaria lá. E não se importava com quem pudesse vê-la, ou com o que pensariam ao seu respeito. Não sairia do quarto até que seu pai chegasse e assegurasse sua volta para Jemeya.

Desta vez, ele não tentou impedi-la. E por um momento, Dulce realmente achou que conseguiria escapar. Até ouvi-lo declarar as palavras fatídicas:

— E se eu lhe disser que fui até você com a bênção de seu pai?

Dulce parou, medo a envolvendo com tanta força que era impossível se mover. De súbito, estava ciente do pulsar de seu sangue, do disparo de seu coração.

Eu fui até você?

Ele falava sério? Estivera lá na noite anterior, afinal de contas? Tinha sido um dos homens do grupo de resgate? Ou aquele que rasgara a tenda, depois a aconchegara contra o corpo forte sobre o cavalo, enquanto o garanhão galopava ao longo das dunas?

Pois aquele homem era alto e poderoso, assim como seguro de si e insuportavelmente arrogante. Todavia, seu salvador tinha sido um mercenário, vestido todo de preto, o rosto coberto, exceto pelos olhos escuros brilhantes.

Não, não podia ser ele.

Ela virou-se.

— Você está blefando! Admite ter falado com meu pai esta manhã. Ele lhe contou sobre o resgate, e agora você tenta fazer com que eu me sinta em débito com você, tão feliz por ter escapado das garras de Mustafa que concordarei com essa— ela procurou por uma palavra que transmitisse o quanto a ideia do casamento era absurda insanidade!

Sem chance.

— Todavia— continuou Dulce -, compartilhe essa sua fantasia com meu pai, quando ele chegar amanhã. Tenho certeza que ele achará divertido.

Christopher afastou-se da mesa, e aproximou-se com passos longos e determinados, fechando a distância entre os dois, antes de parar diante dela, alto e dominador.

— Se você quer falar sobre fantasias, princesa, deixe-me lhe contar uma agora. Ficaria similarmente divertida se eu lhe dissesse que mal posso esperar para ver o que esta sua boca é capaz quando você estiver nos espasmos da paixão, em vez de tomada por medo?

Choque a fez fechar a mão para evitar esbofeteá-lo.

— Como você ousa falar comigo dessa forma?

— Como eu ouso?— Ele estendeu uma mão, tocando o polegar no lábio inferior de Dulce.— Mas foi você quem pôs a ideia na minha cabeça, princesa. Você... e seus dentes brancos e afiados.

Ela arfou, deu um passo atrás.

-Você!

Ele sorriu e, parecendo casual, cruzou os braços sobre o peito. Ela viu então, no indicador da mão direita dele, a marca de seus dentes.

Christopher observou-a arregalar os olhos. Viu quando ela percebeu, sentiu o medo da princesa.

E experimentou uma sensação estranhamente boa.

— Sim, princesa. Eu. Usando sua marca. Algum estranho costume de Jemeya, suponho, para marcar a pessoa pretendida?

Ela o encarou, as feições tensas e determinadas.

— Não importa quem você seja, ou se estava lá ontem à noite. Não importa se fazia parte do grupo que me resgatou daquele acampamento. Eu não lhe devo nada, exceto meu agradecimento, e você o tem. Mas não haverá casamento entre nós. E não há nada que você possa fazer para me obrigar a isso.

— Você pode lutar contra quanto quiser, princesa, mas não há outra saída.

— E se eu ainda assim disser não?

Ele sorriu.

— Neste caso, talvez haja uma única outra possibilidade.

— Sim?

— Eu posso levá-la de volta para o acampamento no deserto, deixá-la lá nas mãos de Mustafa. A escolha é sua, princesa.

Ela pareceu prestes a explodir, o rosto vermelho de raiva, as mãos fechadas nas laterais, e os olhos parecendo emitir faíscas.

— Quando meu pai terminar seu assunto com o rei e vier me buscar amanhã, ele lhe dirá o mesmo que eu. Não haverá casamento!