Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

O choque roubou o ar dos pulmões de Dulce, apagou todos os pensamentos de sua cabeça. Por Deus, ela podia somente sentir!

Ele parecia estar em todos os lugares, o peito sólido pressionado contra o seu, os braços fortes a rodeando, os pelos da barba por fazer roçando sua pele, e a pressão dos lábios firmes contra os seus.

Até mesmo o ar entre eles parecia cheio da essência de Christopher, do gosto dele.

E por um momento, o reconhecimento a abalou, porque era muito poderoso. Reconheceu o cheiro dele, e soube que tinha sido ele que a aninhara nos braços, em cujo peito ela se aconchegara enquanto o cavalo a carregava para longe do acampamento, e para longe do asqueroso Mustafa, que pensava que poderia tomá-la quando bem entendesse...

Repulsa se instalou em seu interior, dando força aos seus membros fracos e propósito à sua mente em branco.

Dulce ergueu o queixo, virou o rosto, tentando escapar do beijo.

— Não— gritou ela.— Não!

Mas ele não parou... não lhe deu espaço, não a liberou. Não mostrou misericórdia. Em vez disso, ela se sentiu sendo erguida do chão e movida, até que suas costas estivessem contra uma coluna de mármore. Então, ele continuou beijando-a. Demandando. Persuadindo.

Tão persuasivo.

O corpo de Dulce respondeu, e ela detestou-se por isso, mesmo enquanto angulava a cabeça para lhe dar melhor acesso à sua boca.

Então, uma mão grande deslizou pelo seu braço, roçou o bico de um dos seios, e subitamente foram os dedos gordos de Mustafa que ela viu nos olhos da mente.

E a imagem foi o bastante para lhe dar a força que precisava.

— Não!— gritou ela, se contorcendo freneticamente. — Solte-me!— E de alguma maneira, conseguiu libertar uma das mãos, para empurrá-lo e arranhá-lo com as unhas.

Christopher praguejou, antes de empurrá-la, e de repente, Dulce estava tentando se manter em pé sobre pernas trêmulas, enfrentando o olhar furioso dele. Ela esperou, arfou, chocada pelo que tinha feito, chocada que ela, uma princesa da família real de Jemeya, executara um ato tão baixo. Todavia, não lamentava sua ação.

Mas estava com medo.

A realidade de sua posição nunca tinha sido mais apavorante. Pois estava sozinha naquele palácio, sem aliados, sem ninguém para protegê-la. Ele era grande, poderoso e estava zangado, e ela o agredira e lhe tirara sangue do rosto.

Quando Dulce temeu que ele agisse, que levantasse a mão para bater nela, Christopher a surpreendeu com um sorriso lento e preguiçoso.

— Que costumes estranhos vocês têm em Jemeya. O que significa esta segunda marca que você deixou em mim? Fidelidade eterna? Amor eterno? Ou uma promessa de muitos anos de amor apaixonado e selvagem na minha cama?

— Seu convencido! Você sabe exatamente por que eu o agredi. De que outra forma eu poderia fazê-lo parar de agir como um bárbaro?

— Talvez não estivesse claro que você queria que eu parasse.— Após uma pausa, ele acrescentou:— Seu corpo me disse que você não queria parar.

— Então você não estava ouvindo com atenção!

Christopher levantou a mão, tocando as três linhas vermelhas que marcavam seu rosto, os olhos se arregalando diante da mancha de sangue em sua mão.

— Você vai se arrepender disso.

Dulce quase riu. A ameaça dele não significava nada para ela.

— Eu acho que não. O que me arrependo é de ter assumido que estava sendo resgatada ontem, em vez de perceber que estava sendo sequestrada para outro pesadelo. Arrependo-me de ter ouvido seu plano ridículo e argumentado a insanidade deste, e lamento que você parece não ter ideia do quanto é louco. Mas não me arrependo de tê-lo agredido. Você pediu por isso!

— Eu deveria levá-la de volta para Mustafa, e deixá-la lá.