Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Medo a envolveu, mesmo que soubesse que ele não faria uma coisa dessas, não quando queria o trono para si mesmo. Todavia, ela lembrou-se dos dedos asquerosos, da inspeção humilhante, e do que Mustafa prometera fazer com ela assim que eles estivessem casados, e ele estivesse seguro...

— Meu meio-irmão merece uma mulher como você — continuou Christopher.— Ele merece alguém que lhe traga sofrimento e faça de sua vida um inferno.

O insulto enfureceu-a. Dulce jogou os cabelos para trás, recusando-se a se acovardar.

— Se você acha que é diferente de Mustafa, está enganando a si mesmo.

O rosto de Christopher tornou-se vermelho, e músculos pulsaram no maxilar forte.

— Eu não sou nada como ele!

— Então você não o conhece, em absoluto. Vocês são ambos desprezíveis! Totalmente inadequados para reinar um país. Al-Jirad está melhor sem nenhum de vocês.

— Então, quem será o rei?

— Eu não me importo. Outra pessoa pode resolver isso. Mas eu lhe digo o mesmo que direi ao meu pai: Eu não me casarei com nenhum de vocês.

— Faça isso, princesa. Diga ao seu pai. Diga a quem quiser. Talvez se repetir a declaração muitas vezes, passe a acreditar nela. Mas estaria perdendo seu fôlego, pois em menos de 24 horas, nós estaremos casados, você goste disso ou não.

— Sobre o meu cadáver!

Os olhos dele brilharam perigosamente.

— Se isso for necessário...

Se o vizir não tivesse escolhido aquele momento para chegar, Dulce teria batido em Christopher de novo... mais forte desta vez.

Princesas não batiam em ninguém, ela sabia. Princesas eram serenas, e nunca perdiam o controle... ou assim ela fora ensinada por infinitos tutores. Mas tinha crescido com irmãos mais velhos. Eles podiam ter sido príncipes, mas certamente não haviam tratado a irmã como princesa. Oh, sim, Dulce era mais do que capaz de lidar com intimidadores.

— O que foi, Hamzah?— perguntou Christopher para o vizir.

O vizir deu uma olhada para o rosto de Christopher, antes de olhar para Dulce com desdém, observando-lhe os cabelos desalinhados, as faces vermelhas, claramente desaprovando o que via. Então, voltou-se para o sheik.

— Sheik Ashar ligou do Palácio Azul. Ele pede para falar com a princesa.

Finalmente! Christopher a fitou, e ela sorriu, porque aquele era seu momento. Quanto antes falasse com seu pai, mais depressa poderia pôr um fim naqueles planos loucos de casamento. Finalmente, teria a chance de falar com alguém que a ouviria, alguém que gostava dela, em vez de tentar racionalizar com um homem que não se importava com seus desejos.

— Onde eu posso atender à ligação?

Quando o vizir gesticulou a cabeça em direção a uma grande mesa de canto, Dulce teve de se controlar para não correr para lá, agarrar o telefone e contar ao seu pai o que estava acontecendo. Ele não devia saber de todos os detalhes do plano. Devia ter sido enganado. Não podia ter ideia do que aquele homem estava planejando.

Mas ela não correria para o telefone. Agiria de modo sereno e régio. Começou a andar lentamente em direção à mesa.

— Nós a deixaremos em privacidade, princesa.— Chrostopher falou, prestes a se retirar atrás de Hamzah. Num capricho, ela virou-se e ergueu uma das mãos, cem por cento confiante no que seu pai diria.

— Não. Espere. Tenho certeza que você estará interessado no que meu pai tem a dizer.

Por mais que o detestasse, por mais que ele a tirasse do equilíbrio, Dulce queria que Christopher testemunhasse aquilo, queria acabar com qualquer mal-entendido entre eles. E depois que ela falasse com seu pai, pediria que ele repetisse as mesmas palavras para Christopher, porque com certeza, ele não acreditaria nela. Dulce pegou telefone, ainda sorrindo.

— Papa, é tão bom falar com você.

Ela ouviu e riu quando ele expressou seu deleite, desculpando-se por não estar lá para recebê-la. Dulce o assegurou que não tinha sido machucada por Mustafa e seus homens, não fisicamente, e disse que não via a hora de ir para casa.

Sorriu para Christopher imaginando-o cerrar os dentes, e saboreando o pensamento. Pensando que a última coisa que ele teria desejado era que o pai dela telefonasse, alguém que ficaria do seu lado em tudo aquilo.

Até que houve uma pausa do outro lado da linha que ela não pôde mais ignorar.

— Papa?

As palavras que ouviu gelaram seu sangue, e a deixaram tonta, com choque e incredulidade.

— Mas, papa, eu não entendo.— E desta vez, ele falou as palavras mais devagar, de modo que não pudesse haver mal-entendido.

— Dulce, você não vai para casa. Por que ninguém lhe contou ainda? Você precisa se casar com Uckermann.