Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Ahmed, percebeu quando o guarda inconsciente foi derrubado no tapete por um segundo bandido vestido similarmente de preto. Ahmed, que a olhara com desejo toda vez que levara suas refeições, rindo dela quando Dulce insistira em ser devolvida ao seu pai, dizendo-lhe exatamente o que Mustafa planejava fazer com sua noiva pretendida no momento que eles estivessem casados.

O bandido olhou para o homem atrás de Aisha.

— Está limpo por enquanto, mas vá logo. Há mais.

— E Kadar?

— Preparando uma de suas “surpresas”.

Subitamente, ela estava se movendo, impulsionada por seu salvador sem nome, em direção a um rasgo na parede da tenda, suas sapatilhas mal tocando o chão acarpetado. Ele hesitou somente por um segundo, testando o ar, ouvindo com atenção, antes de finalmente afrouxar o aperto nela.

— Você pode correr com o mesmo vigor que morde? — perguntou ele, a voz rouca e baixa, enquanto envolvia a mão dela na sua e a fitava.

O brilho nos olhos dele a deixou furiosa. Agora, ele estava rindo dela? Dulce deu-lhe um olhar designado a extinguir qualquer traço de divertimento.

— Eu mordo mais forte.

Mesmo no escuro, Dulce pensou ter sentido a boca dele se curvar num sorriso, antes que um grito soasse no acampamento atrás deles.

— Vamos esperar que você esteja errada— murmurou ele, puxando-a pela mão para uma corrida, o segundo homem guardando suas costas, enquanto eles escalavam a duna baixa, gritos de pânico e acusação agora preenchendo o ar.

Adrenalina bombeava o corpo de Dulce... adrenalina e o pensamento tentador de que assim que eles estivessem seguros, ela iria mostrar ao mercenário arrogante de seu pai como tratar uma princesa.

Do acampamento atrás, veio uma ordem para que eles parassem, seguida pelo som de balas que passaram acima de suas cabeças, e ela logo esqueceu que estava zangada com seu salvador. Eles não atirariam nela, racionalizou. Não ousariam machucar uma princesa de Jemeya, e arriscar incitar um incidente internacional. Mas estava escuro, e seus captores estavam em pânico, e Dulce não pretendia testar sua teoria.

Também não pretendia obedecer ao comando de parar. De maneira alguma, se permitiria ser recapturada, não quando as feias ameaças de Mustafa ainda a faziam tremer com repulsa. Casar-se com um imbecil como Mustafa? Nunca. Aquele era o século XX. Ela não seria forçada a se casar com ninguém.

Apertou a mão de seu salvador e forçou seus pés a se moverem mais depressa na areia, então hesitou quando uma de suas sapatilhas de seda escapou de seu pé.

— Deixe isto— disse ele, impulsionando-a para frente, e Dulce deixou que a outra sapatilha também fosse levada pela duma, achando mais fácil acompanhá-lo descalça ao longo da areia. Seus pulmões e músculos queimavam no momento que eles chegaram do outro lado da duna, sua boca tão seca quanto o solo sob seus pés descalços. Por mais que quisesse fugir, ou os homens de Mustafa certamente a caçariam, sabia que não conseguiria continuar naquele ritmo por muito tempo.

Sobre o som de sua própria respiração ofegante, ela ouviu... um assobio rasgando o céu, depois outro, até que o céu noturno se tornou uma promessa gritante que acabou com uma série de explosões, enviando cores e luz na escuridão. Os gritos vindos de trás se tornaram mais frenéticos, e tudo ao redor tinha o cheiro acido de pólvora.

— O que você fez com eles?— demandou ela, sentindo-se subitamente enjoada pela fumaça que agora se erguia no ar. Fugir era uma coisa, mas deixar um rastro de pessoas feridas... talvez coisa ainda pior... era outra.