Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Dulce pôde sentir o sal no ar muito antes que pudesse avistar o oceano. Eles tinham saído da estrada algum tempo atrás. A trilha ao longo da areia do deserto era percorrida com mais lentidão, até que chegaram ao topo da última duna, e subitamente um deserto seco se transformou num paraíso.

Daquele ponto de vista, ela podia ver a península rochosa sobressaindo-se das águas cor de safira, e onde antes não vira sinais de vegetação por quilômetros, agora havia palmeiras nas praias, e as pedras eram cobertas com vegetação exuberante.

— É lindo— exclamou ela quando eles desceram a duna, indo em direção à longa faixa de areia branca.— Mas como?

— Uma fonte natural alimenta esta área. Se você quiser, eu lhe mostrarei onde a água corre limpa e pura da terra. Se eu tentar o bastante, tenho certeza de que lembrarei o caminho.

A oferta foi tão surpreendente, não apenas porque Christopher estava pedindo de novo, mas porque revelara parte de si mesmo com aquelas palavras... que estivera lá antes, com certeza, muito tempo atrás.

— Eu gostaria disso— respondeu Dulce, tentando imaginar como Christopher tinha sido como criança. Dominador, como era agora? Embora isso não fosse bem verdade, foi forçada a admitir. Ele não era dominador o tempo inteiro.

O que era uma pena, pois era muito mais fácil detestá-lo quando ele era. E Dulce não queria encontrar motivos para não detestá-lo, porque então ficaria tentada a imaginar...

Ela meneou a cabeça, reprimindo o pensamento. Não queria imaginar como seria fazer amor com um homem como aquele, que claramente tivera muitas amantes e sabia tudo sobre mulheres e do que elas gostavam...

— Alguma coisa errada, princesa?

Ela o fitou.

— Não. Por que pergunta?

— Porque você emitiu algum tipo de gemido. Pensei que pudesse haver algo errado.

— Não.— Dulce virou-se, enrubescendo.— Eu só estou cansada de ficar sentada. Estamos chegando?

Felizmente, estavam. Diversas tendas haviam sido montadas abaixo de uma fileira de palmeiras, em preparação para a chegada deles, uma delas separada das demais.

— Aquela é a minha?— perguntou ela.

— Aquela é nossa, princesa.— Christopher saiu do carro, abriu a porta de passageiro e ofereceu a mão para ajudá-la a descer.— Ninguém pode saber sobre o verdadeiro estado de nosso casamento.

— Mas eu lhe disse...

— Tenho certeza de que você ficará satisfeita com os arranjos para dormir— interrompeu ele.

Dulce olhou para a grande mão estendida, como se avaliando se ele falava a verdade.

— Tudo bem.— Ela aceitou a oferta de ajuda.— Mas se eu não ficar satisfeita, então eu não serei responsável pelo seu ego ferido.

— Estou certo que meu ego pode aguentar isso, princesa. A preocupação mais imediata é o dano que você causa à monarquia, e ao dano que poderia causar ao seu próprio pai. Então talvez, devesse ter ciência disso.

O rosto de Dulce se fechou de imediato.

Que assim fosse.

Ela podia estar acostumada a ter tudo que queria em casa, levando a vida protegida de princesa mimada, mas estava lá agora, era sua esposa, e começaria a cumprir seus deveres e agir como sua esposa, antes que eles fossem embora do acampamento, e antes da coroação. Isso era uma certeza.

Todavia, Christopher permitiu que ela liderasse o caminho para dentro da tenda e inspecionasse os arranjos de dormir, que visse o grande sofá que podia se abrir numa cama, se necessário, e a cama de casal que ele esperava que fosse a única usada.