Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Ele deu de ombros, como se isso não importasse, e Dulce quis liberar sua mão e golpeá-lo por tal insensibilidade.

— Você não queria ser resgatada, princesa?— Então, ele virou-se e, no brilho do fogo, ela viu a silhueta escura de alguém esperando por eles, ouviu os relinchos baixos dos cavalos que ele segurava. Quatro cavalos, um para cada um deles, notou ela, momentaneamente lamentando a perda de seus sapatos, até que percebeu tudo que ganharia. Não se importava se seus pés congelassem na noite fria, ou se esfolassem nos estribos. Esse era um preço baixo a pagar por alguma distância daquele homem.

— Certamente— disse ela, enquanto eles andavam em direção aos cavalos -, você não precisava ter ido tão longe.

— Você não acha que merece isso?— Mais uma vez, dulce teve a impressão que ele estava rindo dela. Frustrada, desviou o olhar, tentando focar-se nas coisas positivas. Seu pai enviara pessoas para resgatá-la. Logo, ela o encontraria. E logo estaria em sua própria casa, onde pessoas a levavam a sério, e onde homens não a fitavam com olhos brilhantes, sorrisos ocultos, e não a tocavam com mãos que lhe causavam choque sob a pele.

Ela mal podia esperar.

Já estava alcançando as rédeas do cavalo mais próximo quando a mão dele segurou seu pulso.

— Não, princesa.

— Não? Então, qual é o meu?

— Você cavalga comigo.

— Mas há quatro cavalos.

— E cinco de nós.

— Mas...— E então ela os viu... mais dois homens de preto, descendo as dunas em direção a eles, quando esperava somente um.

— Kadar— disse ele, batendo nas costas dos homens que se aproximaram, fazendo-a imaginar como ele sabia quem era quem, quando ela não podia distingui-los.

— Lamento, mas a princesa não gostou muito de seus fogos de artifício.

Fogos de artifício?, pensou ela quando o homem chamado Kadar fingiu desapontamento. A fumaça que vira era apenas de fogos de artifício?

— Perdoe-me, princesa— murmurou Kadar com uma reverência.— Da próxima vez, prometo fazer melhor.

— Eles serviram seu propósito, Kadar. Agora vamos, antes que eles lembrem o que estavam fazendo antes que o céu explodisse.

Dulce olhou para o cavalo que tinha escolhido, agora montado pelo homem que estivera esperando por eles nas dunas. Um homem que, como os outros, era alto e fisicamente poderoso.

Guerreiros, ela supôs enquanto todos montavam. Mercenários contratados por seu pai para resgatá-la.

Talvez aqueles homens fossem bons no seu trabalho, mas ela não via a hora de se livrar deles.

Especialmente do que tomava liberdades com suas mãos.

— Você está pronta, princesa?— perguntou ele, e antes que ela pudesse responder, foi erguida pela cintura e colocada sobre o lombo do último cavalo, seu salvador montando atrás e puxando-a para mais perto, antes de passar uma capa ao redor dos dois, fazendo-a se sentir dentro de um casulo.

— Você se importa?— perguntouDulce, contorcendo-se para pôr alguma distância entre eles.

— De forma alguma— replicou ele, envolvendo-a mais na capa, pondo o cavalo em movimento ao longo da areia.— Temos um longo caminho pela frente. Você vai achar mais fácil, se relaxar.

Sem chance.

— Você poderia ter me dito.— Dulce tentou ignorar o braço másculo em suas costas, e o calor em todas as partes onde os corpos deles se conectavam com o movimento do cavalo.

— Eu poderia ter lhe dito o quê?

— Que aqueles eram apenas fogos de artifício.

— Você teria acreditado?

— Você me fez pensar que era muito pior.

— Você pensa muito.

— Você não sabe nada ao meu respeito.

— Sei que você fala demais.— Ele a aconchegou ainda mais.— Relaxe.

Dulce bocejou.

— E você é arrogante e mandão.

— Durma.