Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Enquanto a seguia, ele não pôde decidir se gostava mais de vê-la vestida como hoje... numa túnica de algodão que não marcava o corpo, mas que sugeria curvas sedutoras quando uma brisa inesperada pressionava o tecido contra a forma feminina... ou em calça, como ela usara no primeiro dia no palácio, que se aderia à pele e acentuava as curvas.

De qualquer maneira, Dulce prometia muito prazer por vir.

Ela virou-se, a mão na aba da tenda, antes de entrar.

— Você falou alguma coisa?

— Não. Por que a pergunta?

— Porque achei que você tivesse dito alguma coisa. Pensando bem, parecia mais um gemido. Está tudo bem?

Mas antes que ele pudesse responder, Dulce tinha angulado a cabeça para as notas sendo carregadas intermitentemente pela brisa.

— O que é isso?

Christpher nunca ficara tão grato por uma mudança de assunto. O conhecimento de que ela o tornara tão distraído de suas próprias reações o acordou. Ele não podia permitir que tais lapsos acontecessem, não se iria ser o rei.

E subitamente as notas fizeram sentido na brisa, lembrando-o de algo que ele ouvira falar.

— Há um acampamento de tribos itinerantes aqui perto. Apenas algumas famílias. Eles logo irão embora, como sempre fazem.

— Esse povo tribal é seguro?

E Christopher percebeu que Dulce ainda estava preocupada sobre a possibilidade de ser recapturada por Mustafa.

— Eles não estariam aqui se não fossem seguros. Mas foram avisados de nossa chegada, e valorizam a própria privacidade, também. Portanto, fique tranquila, princesa. Eles manterão distância e não lhe causarão mal algum.

Dulce estava lá apenas por uma hora, e já amava o lugar. Estar na costa significava brisas que aliviavam o calor do dia e tomavam um prazer estar na areia, em vez de tortura... pelo menos se você tivesse removido as sandálias para andar na beira da água.

E ela não se importou nem um pouco quando Christopher pediu licença para cuidar de “negócios”, qualquer coisa que isso significasse. Porque aquilo lhe deu a chance de relaxar verdadeiramente. Apesar de toda a beleza do lugar, do infinito mar azul, do balanço das palmeiras e do sussurro eterno das ondas, não havia como relaxar com Christopher por perto.

Entretanto, ela estava feliz por ter ido. Sem o peso dominador do palácio e dos deveres que este carregava, Dulce já se sentia mais leve de espírito. Sabia que não poderia evitar tais deveres por muito tempo. Os deveres que a vida jogara no seu caminho.

Mas por enquanto, era delicioso caminhar na praia, e estava pensando em retomar quando ouviu o grito de uma criança em apuros.

O som veio com a brisa, e desapareceu rapidamente, e, por um momento, Dulce pensou que imaginara aquilo, e virou-se para voltar quando ouviu de novo. Seus pés pararam na beira da água. Uma criança estava definitivamente chorando, e nada indicava que houvesse alguém por perto para consolá-la.

Dulce virou-se, ergueu a bainha de sua túnica com uma mão e correu em direção ao promontório.

Foi somente quando rodeou o afloramento rochoso no final da praia que encontrou a criança sentada na areia, chorando. Olhou ao redor e não viu ninguém, apenas a garotinha gritando e segurando o pé. Um pé ensanguentado.

— Olá— disse ela quando a menininha ergueu a cabeça e fitou-a com olhos desconfiados, os soluços momentaneamente parando.— O que aconteceu?

A garota fungou e olhou para o pé, viu o sangue e recomeçou a chorar.

Dulce ajoelhou-se ao seu lado.

— Deixe-me ver.— Gentilmente, ela pegou o pequeno pé nas mãos e viu um corte profundo e uma concha quebrada por perto, que devia ter machucado o pé descalço da garotinha.

— Ai. Isso dói!— resmungou a garota, e Dulce acariciou-lhe os cabelos para acalmá-la.

— Desculpe, mas eu terei de enfaixar seu pé, e isso pode doer um pouco. — Ela olhou ao redor, desejando que alguém... qualquer pessoa... aparecesse. Porque Dulce não tinha nada consigo que pudesse ajudar, e as palmeiras balançando não ofereciam assistência, também.

— Onde está sua mãe?— perguntou ela, enquanto pegava a bainha de sua túnica e rasgava uma longa tira. Então enrolou a faixa em volta do pé da menina.

— Katif estava chorando. E mamãe correu para o acampamento e me disse para seguir.— E então ela gritou, e Dulce se sentiu culpada por apertar muito a faixa, mesmo quando sabia que a garota estava chateada por não ter conseguido seguir a mãe, e por a mãe não ter voltado.

— Sua mãe sabe que você está bem— murmurou ela, sentindo que era isso que a criança precisava ouvir.— Ela está ocupada com Katif agora, mas sabia que eu cuidaria de você, enquanto isso.