Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Os cabelos de Dulce estavam quase secos quando ele a encontrou, escovando-os numa cadeira sob as palmeiras. O ar estava preenchido com cheiro de carneiro no espeto, e no começo, ela presumiu que devia ser hora de comer.

— Você tem uma visita, princesa— anunciou ele.— Ou diversas, para ser mais preciso.

— Eu?— Dulce pôs a escova de lado e o seguiu.

Eles estavam parados num pequeno grupo, parecendo incertos e conversando baixinho entre si... uma mulher segurando um bebê, um homem ao seu lado, e uma garotinha segurando um pequeno pacote nas mãos.

A garotinha da praia.

Quando a mulher a viu, esboçou um sorriso amplo, lágrimas inundando os olhos escuros, mas foi o homem quem deu um passo à frente.

— Desculpe— murmurou ele com uma reverência.— Eu disse a Marisha que esta não era uma boa hora, mas ela insistiu que viéssemos agradecer a vocês dois. Mas sabem, o helicóptero chega logo depois que o sol nascer, amanhã.

Dulce fitou Christopher para ver se ele entendia, e a mãe se aproximou.

— Princesa, Katif precisa de uma pequena operação... a tosse dele danificou os músculos, e eles irão consertá-los, de modo que ele não chore mais. Eles irão nos levar para o hospital, e eu não terei a chance de agradecê-la novamente.

Ela abaixou-se e impulsionou a criança para a frente.

— Agora, Cala.

A garotinha piscou, e subitamente pareceu se lembrar do pacote. Deu um passo à frente, mancando um pouco, uma faixa amarrada ao redor do pé machucado, sob a sapatilha de cetim.

— Isto é para você.

Dulce sorriu-lhe.

— Vocês não precisavam me trazer um presente.

— Nós queríamos, princesa— disse a mãe.— Para substituir a túnica que você arruinou para enfaixar o pé de Cala.

Dulce agachou-se e tocou uma mão na cabeça de Cala.

— Como está seu pé agora, Cala? Ainda dói?

— Dói, mas o médico consertou meu pé.

E ela sorriu em agradecimento para Christopher, que a observava com uma estranha expressão no rosto.

— A dor logo passará, eu prometo— disse Dulce, aceitando o pacote e puxando a ponta da fita até que o laço se desfez. Ela abriu o papel a arfou.

— Foi toda feita à mão, princesa— ofereceu a mulher orgulhosamente, quando Dulce ergueu a delicada túnica bordada com fios de ouro.

— É linda— exclamou ela, deslizando o dedo ao longo do colarinho bordado.— Deve ter levado meses para fazê-la.

A mulher sorriu.

— Minha família sempre foi conhecida por nossos bordados. Isso é o mínimo que sua generosidade merece.

Dulce envolveu a garotinha num abraço apertado.

— Obrigada, Cala.— Então, levantou-se e abraçou a mãe, também, cuidando para não acordar o bebê, agora dormindo nos braços da mulher.— Obrigada. Eu usarei a túnica com orgulho e lembrarei sempre de vocês.