Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Ela olhou para o perfil perturbado dele e imaginou como deveria ter sido ser mandado embora pela família porque você não se encaixava, quando provavelmente era o único membro são desta.

Ela voltou a lhe pegar a mão, esperando que ele não lesse muito no gesto. Estava apenas oferecendo sua compreensão, nada mais.

— Foi onde você conheceu seus três amigos?

— Isso foi mais tarde. Nós nos conhecemos na faculdade.

— E se conectaram de imediato?

— Não. Nós nos detestamos à primeira vista.

Dulce o olhou e franziu o cenho. Christopher deu de ombros.

— Nada desperta raiva mais rapidamente do que alguém lhe dizendo quem devem ser seus amigos.

— Acho que eu não entendo.

— É uma longa história. Basicamente, nós quatro viemos de lugares distintos, e de alguma maneira, acabamos na mesma faculdade, todos solitários até lá, e pretendendo continuar solitários. Até que alguém decidiu nos unir, esperando que os “estrangeiros” se dessem bem. Como uma brincadeira, eles nos chamavam de “Barco dos Sheiks— Ele pausou, refletindo.— Não riram por muito tempo.

— E com o tempo, vocês se tornaram bons amigos.

Christopher olhou para o mar, e ela perguntou-se que parte da história ele não estava lhe contando.

— Isso não foi automático, mas sim. E eu não poderia desejar por irmãos melhores.

Eles andaram em silêncio por um tempo, o sussurro das ondas e o canto dos pássaros soando como uma canção de ninar.

E então Christopher surpreendeu-a, parando e pegando-lhe a outra mão nas suas.

— Eu lhe devo um pedido de desculpas— começou ele.

— Não, eu expliquei...

Ele liberou uma das mãos e pôs um dedo nos lábios de Dulce.

— Eu preciso dizer isso, princesa, e não sou bom em pedir desculpas, portanto não me impeça.

Ela assentiu, e teve de se controlar para não pôr a língua para fora, de modo que pudesse sentir o gosto da pele dele mais uma vez.

— Eu estava enganado ao seu respeito, princesa. Você não era quem eu pensei que fosse. Eu a subestimei. Presumi que fosse uma garota mimada superficial e fútil. Pensei que o que você chamava de seu “trabalho” com as crianças não fosse realmente trabalho. Mas depois de vê-la formando um elo com a garotinha hoje, o jeito que você se ajoelhou, ouviu-a e a tratou como igual, percebi que esse é um dom seu. E peço desculpas por meu julgamento errôneo, porque eu me enganei em todos os aspectos. Não tinha idéia da pessoa que você realmente é.

Ela esperou que a realidade retomasse... que aquele sonho acabasse e que o verdadeiro Christopher voltasse... mas tudo que viu foi Christopher esperando por sua resposta.

— Você está errado, sabia?

— Sobre o quê?

— Sobre não ser bom em pedir desculpas. Esse foi um dos melhores pedidos de desculpa que já ouvi.

Era verdade. A confissão de Christopher a tocara fundo, em lugares que ela pensara que fossem imunes a qualquer coisa que ele pudesse dizer ou fazer.

Ele sorriu.

— Lamento tanto, Dulce.

Ela arregalou os olhos.

— Você me chamou pelo meu nome. Pela primeira vez.

Ele assentiu.

— E sinto-me envergonhado por não ter feito isso desde o começo. Você merece ser chamada pelo seu nome, em vez de pelo seu título. Um nome que fala da deusa em homenagem a quem você foi nomeada. A deusa que agora deve invejar a sua perfeição.

E, apesar de ele ter ido longe demais, Dulce não pôde evitar um sorriso.

— Você não deveria falar assim de deuses. Eles não têm inveja.

— Uma deusa poderia sentir inveja de você— murmurou ele, curvando uma mão ao redor de sua nuca.

— Exceto que você está unida a mim no casamento, e nenhuma deusa poderia invejar isso. Elas concluiriam que você já pagou o preço por sua beleza.