Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Mas ela não queria dormir. Se adormecesse, tombaria contra aquele peito sólido. E princesas não dormiam no peito de estranhos montados em cavalos. Muito menos estranhos como este homem. Arrogante. Autocrático.

Além disso, ela passara a maior parte da noite anterior acordada. Poderia ficar acordada por mais um tempo. Olhou para ele, notando a linha forte do maxilar sob a máscara, e a expressão determinada nos olhos escuros. Então, ao perceber que o olhava fixamente, levantou a cabeça para onde parecia como se todas as estrelas do universo tivessem aparecido para brincar num céu aveludado.

Focou nas estrelas mais brilhantes, as estrelas familiares que vira do terraço em seu palácio.

— Estamos longe de Jemeya?

— Muito longe para viajar esta noite.

— Mas meu pai saberá que eu estou segura?

— Ele saberá.

— Ótimo.— Dulce bocejou de novo, subitamente exausta. O ar noturno estava frio, e ela enterrou o rosto sob a cobertura da capa, imaginando-se em sua própria cama, no palácio. Lá era quentinho também, um refúgio do vento cortante nas noites geladas do deserto.

O cavalo galopava, balançando-a, mas ela sabia que não havia risco de cair, não com aqueles braços poderosos ao seu redor, a capa envolvendo ambos, ancorado-a ao corpo dele. Ela inalou o cheiro quente da pele masculina. Um aroma que era diferente da mistura de colônia e tabaco de seu pai. E delicioso. Este homem parecia carregar a essência do deserto, combinando sol, areia e couro, e algum ingrediente indefinível, alguma qualidade almiscarada própria.

Dulce inalou profundamente, saboreando o aroma, guardando-o na memória. Logo estaria de volta em sua cama, com sons e cheiros familiares, mas, por enquanto, não era nenhum sacrifício ficar sob aquela capa, absorvendo o calor e cheiro do homem.

Afinal de contas, estava segura agora. Por que não relaxar um pouco? Por que não cochilar por alguns minutos?

Dulce fechou os olhos quando bocejou novamente, e desta vez, aninhou-se contra o peito largo de seu salvador, deleitando-se com o aroma dele e com o movimento relaxante do cavalo. Uma soneca lhe devolveria as energias e, em breve, estaria em casa com seu pai. Ninguém saberia que ela adormecera nos braços de um estranho.

E ninguém saberia o quanto ela apreciara aquilo.

Christopher Uckermann soube o momento preciso que a princesa adormeceu. Ela lutara contra o sono por um tempo, tentando permanecer rígida como madeira em seus braços.

Ele quase riu do pensamento. Ela estava longe de ser rígida como madeira. Descobrira isso desde o primeiro instante que a puxara para si e abrira os dedos sobre a barriga dela. Uma manobra designada a calá-la, antes que ela gritasse em alarme, mas com o bônus adicional de descobrir que a princesa vinha com benefícios: uma barriga suavemente arredondada, e curvas deliciosamente firmes. Não tinha sido sacrifício algum abraçá-la e sentir-lhe a pele tremer com consciência sob sua mão, mesmo enquanto ela tentava agir como se não estivesse afetada.

Pelo menos até que cedesse aos seus instintos básicos, e mordesse o dedo dele.

Desta vez, istopherCh riu. Não, não havia nada rígido sobre a princesa.

Especialmente agora.

O ritmo do cavalo a fizera relaxar, e abandonar a resistência aos poucos, até que o sono a vencera, e ela se derretera contra ele.

Era surpreendentemente bom tê-la ali, aninhada junto ao seu corpo, cada curva feminina um convite ao pecado.

Exatamente como a irmã escandalosa dela, pelo que ele ouvira falar. Esta princesa também seria tão livre e tão dada? Era provável... ela possuía a aparência sedutora das mulheres da realeza de Jemeya... olhos que por si sós excitavam os homens, uma boca carnuda que prometia o paraíso. Com a idade da princesa, ela devia ter tido amantes. Mas pelo menos, diferentemente da irmã, esta tivera o bom senso de não procriar.

Não seria sacrifício fazer amor com esta mulher. Seu sexo enrijeceu com o pensamento. Em menos de 48 horas, ela seria sua. Ele esperaria esse tempo. Talvez o dever e aquele casamento indesejado tivessem alguns benefícios, afinal de contas.

Talvez.

Quando olhou para ela aninhada em seus braços, Christopher teve certeza de uma coisa... princesa mimada ou não, ela era boa demais para tipos como Mustafa.

Ao seu redor, seus amigos se espalhavam, fazendo areia voar dos cascos de seus cavalos, enquanto galopavam ao longo das dunas. Melhor do que bons amigos, eles eram os irmãos que Christopher nunca tivera. Ficariam para o casamento e para a coroação, antes que cada um seguisse seu próprio caminho... Kadar, voltando para Istambul, Bahir, para as mesas de roleta em Monte Cario, e Rashid, para qualquer lugar do mundo onde pudesse ganhar dinheiro mais rapidamente.

Ele sentiria falta de seus amigos, e desta vez, não estaria livre para encontrá-los quando a oportunidade surgisse. Pois não era mais o chefe de uma frota mundial de aviões executivos, com a habilidade de decolar sempre que quisesse, se tivesse tempo. Agora tudo que construíra talvez não servisse para nada. Agora estava preso ali em Al-Jirad, preso ao seu dever.

A mulher em seus braços se mexeu, murmurando alguma coisa, uma mão escorregando pelo abdômen dele, e perigosamente para perto de seu sexo.

Christopher gemeu ao se sentir enrijecer. Se ela podia fazer isso com ele enquanto dormia, do que mais seria capaz, quando estivesse acordada?

Ele mal podia esperar para descobrir.