Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Christopher a viu se encolher e captou a mágoa nos olhos de Dulce, antes que ela se afastasse, Ele a deixou ir, enquanto era tomado por incredulidade. Virgem? Isso não podia ser verdade.

— Não pode estar falando sério. Quantos anos você tem? E sua irmã...

Ela virou-se.

— Oh, é claro! Porque eu tenho 24 anos, e porque minha irmã tem dois filhos ilegítimos, então eu devo ter dormido com diversos homens, e de alguma forma, escapado do mesmo destino? Com quantos homens acha que eu dormi, Christopher? Uma dúzia? Cem?

— Princesa— começou ele. — Dulce, eu nunca pensei...

— É claro que pensou. Você não acreditou em mim antes, quando eu lhe contei por que Mustafa não tinha me tocado. Achou que fosse algum tipo de piada. Bem, a piada recai sobre você. E embora estejamos casados, eu gostaria que os deuses o amaldiçoassem tanto quanto eu o amaldiçoo agora.— Então ela virou-se e saiu andando pela praia.

Ele a observou ir, já sentindo o efeito das pragas de Dulce. Que tolo! Tivera-a na palma de sua mão, suave e desejosa. Se tivesse reagido à confissão dizendo que seria gentil com ela, ou que a considerava ainda mais preciosa por isso... como teria feito, se tivesse acreditado que ela falava a verdade... então Dulce teria sido sua.

E essa deveria ter sido sua reação, considerando o que ela lhe dissera antes. Mas ao ouvir a história, Christopher só pensara na estupidez de Mustafa. Porque era isso que quisera ver.

Não a considerara como parte daquilo.

Mas então, nunca a considerara.

Somente vira o que tinha de fazer para satisfazer os termos do arranjo que não criara. Apenas quisera esmagar seu meio-irmão no processo.

Era um tolo.

Quanto à Dulce? Ela era realmente uma deusa.

Uma deusa virgem.

Ele observou-a andar ao longo da praia, em direção ao acampamento, até que ela desaparecesse de vista. Somente então, olhou para o céu estrelado e sentiu o peso de suas obrigações sobre os ombros, sentiu os olhos dos deuses sobre si, sem dúvida, rindo do mortal patético que jogava o destino fora, quando este lhe era entregue numa bandeja.

E o que fazer? Porque Dulce precisava ser sua esposa em todos os sentidos da palavra a tempo para a coroação, para que ele pudesse ser rei, e só havia mais uma noite para que isso acontecesse.

Essa deveria ser a questão mais urgente. No entanto, Christopher agora pensava que estava diante de escolhas que nunca antecipara.

Poderia ter o reinado e uma esposa por quem sentia desejo, mas que talvez o odiasse para sempre, se ele a tomasse antes que ela estivesse pronta. Ou poderia ter uma esposa que o queria, mas que precisava de tempo para se entregar, em cujo caso, o reinado poderia cair nas mãos do homem que ele detestava mais do que qualquer pessoa.

E, considerando que seu dever para com seu país sempre fora sua força motivadora, por que tal escolha era subitamente tão difícil?