Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Tudo que ela quisera era um homem para amá-la do jeito que merecia ser amada. Tais palavras não tinham significado nada para Christopher antes. Os sonhos e esperanças de Dulce não haviam importado, porque, afinal de contas, nenhum deles possuía escolha.

Mas ele a conhecia agora, melhor do que antes, e vendo os pensamentos dela escritos com tanta clareza, sabendo como ela sofrera o tempo inteiro...

O nó no estômago de Christopher aumentou ao vê-la chamar a si mesma de ingênua. Ingênua por ter se guardado para um homem não existente, enquanto Dulce se desculpava com a irmã por todas as vezes que pensara que Marina entregara a virgindade de maneira leviana, porque, pelo menos ela escolhera para quem se entregar. Agora, Dulce a aplaudia, até mesmo a invejava, pois nunca experimentaria o privilégio de tomar tal decisão.

Mas acima de tudo, ela lamentava, escreveu, um dia ter se considerado especial pela escolha que fizera. Uma escolha que claramente surtira efeito contrário ao desejado.

Christopher sentiu como se tivesse sido golpeado.

Dulce pensava que não era especial? Ela era a mais especial de todas as mulheres.

Uma mulher tão perfeita e pura que ele se sentira honrado por ter recebido o presente precioso da virgindade dela.

Todavia, obviamente não era assim que Dulce se sentia. Na opinião, dela, perdera sua posse mais preciosa para um bárbaro, que a tomara por dever, e apenas para satisfazer o requerimento de convenções arcaicas.

Era terrível perceber que Dulce se fora sem que Christopher lhe contasse o que aquele dia tinha significado para ele, a experiência maravilhosa que tivera.

Por que não colocara seus sentimentos em palavras?

E por que não pensara em avisá-la sobre as declarações na cerimônia de coroação, antes que ela pensasse que ele meramente a impregnara?

E ele lembrou-se do comportamento gelado de Dulce, da expressão fechada no rosto bonito. Destruía-o pensar que a machucara tanto.

Recolocou as páginas sobre a mesa. Não deveria ter lido a carta, mas não estava arrependido. Porque agora sabia o que deveria fazer. Iria para Jemeya, procurá-la. Precisava contar-lhe sobre seus sentimentos, pedir-lhe perdão. Pois necessitava tê-la de volta.

Todavia, ainda não sabia bem por quê.

Apenas sabia que precisava.

Subitamente lembrou-se das palavras que seu tio, o rei, lhe dissera muito tempo atrás:

— Escolhas suas batalhas, e escolha-as com sabedoria.