Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Olhou para o urso de pelúcia em seus braços. Talvez fosse hora de crescer. Talvez, em vez de ficar ali, trancada em seu quarto, esperando Christopher aparecer, devesse tomar a iniciativa. Afinal de contas, eles estavam casados. Tinham dormido juntos... feito amor juntos. E, apesar de sua mágoa, Dulce não podia negar que queria fazer amor com ele de novo.

Talvez, devesse procurá-lo, e se ele não a quisesse de volta, bem, ela não era mais uma virgem inexperiente, com sonhos de se apaixonar perdidamente. Era uma mulher. Lidaria com qualquer acontecimento.

Mas antes devia a si mesma tentar.

Houve uma comoção do lado de fora de seu quarto, vozes altas e alguém gritando seu nome, e então a porta foi aberta e seu pai entrou, um sorriso amplo no rosto, e, ao lado dele, sua irmã querida.

— Marina!— exclamou Dulce e atirou-se nos braços abertos da irmã.

Foi um reencontro agitado, repleto de risadas e lágrimas de alegria, e foi somente quando seu pai saiu para encomendar uma festa que Dulce teve a chance de conversar com Marina. Elas se sentaram num sofá que dava vista para o mar, e se deram as mãos, como faziam desde que eram crianças.

— Eu tive tanto medo— confessou Dulce.— Mustafa machucou você? Ele devia estar tão zangado por ter me perdido.

Sua irmã acariciou-lhe a mão por um momento, e se tornou séria.

— Ele estava zangado. E amargo. Deleitou-se em me dizer de quantas maneiras me teria.— Marina arqueou as sobrancelhas.— E em grandes detalhes.

Dulce tremeu, lembrando-se de sua própria experiência terrível, e sua irmã apertou-lhe o braço.

— Mas não se preocupe. Eu sei por que ele teve de falar tudo aquilo. Porque, minha cara irmã, parece que o homem é impotente.

— Então, por que ele sequestrou você?

Ela deu de ombros.

— Acho que Mustafa sabia que não havia nada que pudesse fazer para desafiar a ascensão, mas ainda queria frustrar as coisas. Ele deve ter tido a esperança que a coroação seria adiada. Mas aparentemente, a notícia não chegou ao palácio a tempo.

Ela bateu no dorso da mão de Dulce, onde os remanescentes das tatuagens de henna ainda eram visíveis.

— O que me lembra que você é uma rainha agora, e uma mulher casada! Meus parabéns. Christopher é um homem tão maravilhoso. Você deve estar feliz.

Ela meneou a cabeça.

— Não.— Lágrimas inundaram os olhos de Dulce, mas desta vez, não de alegria.

— Por quê? O que está errado?

— O casamento acabou. Eu o deixei. Não sei se Christopher irá me querer de volta.

— O quê?

— Eu o abandonei.

— Como você pôde fazer isso? Ele não a resgatou de Mustafa?

Dulce levantou-se e andou até a janela, onde a costa de Al-Jirad aparecia como uma linha branca a distância, o tempo todo, tentando dar sentido às suas ações, tentando lembrar por que deixá-lo era tão necessário.

— Tudo que Christopher fez foi com o objetivo de se tornar rei. Isso era tudo que ele queria. Não queria uma esposa. Ele me disse isso. E não me queria.— Ela virou-se, unindo as mãos.— E, antes que você fale qualquer coisa, faz dois dias desde que eu deixei o palácio, e Christopher não se incomodou em me contatar. Portanto, como vê, ele não se importa.

— Todavia, eu o contatarei— continuou Dulce.— Decidi tentar fazer o casamento dar certo, se ele quiser tentar.

Os olhos de Marina se arregalaram.

— Você não tem ideia, verdade? Ninguém lhe contou.

— Contou o quê?

— Que Christopher não pôde procurar você, porque estava muito ocupado me salvando.