Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Dulce suspirou em frustração e deu um gole do chá doce, aliviada em saber onde estava, mas ainda preocupada com as bandeiras pretas. Talvez a mãe idosa do rei tivesse finalmente sucumbido à doença da qual vinha sofrendo nos últimos anos. A última notícia que soubera era que a velha rainha não estava respondendo ao tratamento. Os al-jiradans ficariam muito tristes com a morte dela. Rainha Petra era universalmente adorada.

Mas, além desse fato, o conhecimento de que estava em Al-Jirad era bom. Relações entre Al-Jirad e Jemeya... um país, não mais do que uma extensão de deserto na ponta de uma península arenosa, o outro, uma pequena ilha a curta distância da praia... eram próximas, e existiam por séculos. Estrategicamente posicionados de cada lado do canal apenas navegável no interior do deserto, uma trincheira profunda que dava acesso à navegação, os dois países haviam criado um elo forte ao longo dos anos, sua geografia os designando guardiões da rota de acesso à terra firme.

E o rei de Al-Jirad, Hamra, era um dos melhores amigos e aliados de seu pai. Este devia ser um dos diversos palácios que ele possuía.

Ela tomou banho rapidamente, ansiosa para descobrir mais, o tempo inteiro se perguntando por que se dera ao trabalho de questionar a garota sobre seus salvadores. Queria realmente vê-lo de novo, mesmo se ele ainda estivesse no palácio, sabendo o quanto ele a afetara? Queria mesmo agradecê-lo?

Por que como poderia encará-lo, e não lembrar quão intimamente ele a segurara? Como não coraria ao se recordar de como a sensação havia sido boa e perturbadora, ao mesmo tempo?

Não. Dulce enxugou-se e vestiu um roupão pendurado no banheiro. Era melhor que eles permanecessem estranhos. Melhor ainda que ela nunca vira o rosto dele, e que não sabia quem ele era.

Pausou perto da bandeja, e comeu uma tâmara, enquanto se servia de mais chá, sentindo-se mais humana depois do banho, e confiante de que logo estaria a caminho de casa.

Então abriu a porta do closet, a fim de encontrar algo para usar.

E sentiu um calafrio percorrer sua coluna.

Porque o lugar, que esperara conter um ou dois trajes, estava cheio.

De suas próprias roupas.

Seus vestidos, suas túnicas, seus sapatos e sapatilhas. Suas bolsas. Dulce olhou ao redor do quarto, para as prateleiras e para uma superfície espelhada, onde sua caixa de joias estava em posição de destaque. Até mesmo Honey... o ursinho de pelúcia que possuía desde criança, as orelhas despeladas depois de anos de carícias de seu polegar, enquanto ela pegava no sono... a fitava com seu único olho restante, de cima de uma cômoda. Dulce pegou seu velho urso adorado e abraçou-o junto ao peito, desejando o conforto que ele sempre lhe oferecera quando criança, antes de sentar-se num sofá, sua cabeça girando em confusão.

— O que isso significa, Honey?— perguntou para o urso de pelúcia, exatamente como costumava fazer quando não entendia o que estava acontecendo no mundo adulto ao seu redor. Exatamente como fizera quando seu pai lhe dissera que sua mãe nunca voltaria para casa do hospital, onde ela havia ido para ter um bebê.— Por quê?

Parte sua queria correr como uma criança teria feito, encontrar a garota chamada Maite e exigir saber o que estava acontecendo. Mas era adulta agora, e uma princesa, e não poderia sair correndo por um palácio, vestida em roupão.

Não, esse não era seu jeito, por mais confusa que estivesse, por mais que precisasse de respostas para suas questões. Além disso, devia haver uma explicação lógica para todos os seus pertences terem sido enviados para um palácio de Al-Jirad. Tinha de haver.

Ela manteria a calma. Escolheria uma roupa, se vestiria, e somente então, quando parecesse a princesa que era, iria procurar respostas.

E pretendia encontrá-las!