Fanfic: O Dever e a Paixão | Tema: Vondy

Um homem chamado Hamzah veio à Dulce uma hora mais tarde. O vizir do sheik, ele lhe dissera com uma reverência profunda, e quando ela começara a questioná-lo, ele prometera que o próprio sheik responderia todas as suas perguntas. Então ela seguiu o homem idoso para o jardim, sua impaciência crescendo a cada minuto.

O sol estava mais baixo agora, dando um tom avermelhado à pedra dourada do palácio, embora ainda estivesse quente demais para o traje com calça de linho que selecionara do closet.

Ela não se importava. Havia escolhido roupas de viagem, em vez de uma de suas túnicas mais frescas por uma razão: queria deixar claro que pretendia viajar para Jemeya na primeira chance que tivesse, hoje mesmo, se possível. Eles poderiam enviar seus pertences depois.

Uma brisa fresca soprando no jardim tocou sua nuca, fazendo-a agradecer por ter prendido os cabelos no topo da cabeça. Buscara serenidade em sua aparência, o que mais precisava no momento. Juntamente com confiança. O que sentia pela maior parte do tempo, até que pensou sobre o mistério de suas roupas naquele closet, e na ausência de qualquer tipo de resposta para suas perguntas.

Dulce tremeu, apesar do calor, o alívio que experimentara ao escapar do acampamento de Mustafa no deserto se dissipando rapidamente no rastro de todas as suas perguntas não respondidas.

E na sombra de uma suspeita crescente.

Alguma coisa estava errada.

O vizir a conduziu para dentro de outra ala do palácio, através de um labirinto de corredores; entre paredes alinhadas com lindos mosaicos feitos de pedras preciosas, assim como com quadros e tapeçarias de animais brincando em bancos de rios. E água... água era sempre um tema... nos murais, nos mosaicos, e nas pequenas fontes, pingando de jarros de pedra em cada canto sobre pedras, criando música com água.

O lugar era maravilhoso.

Sem dúvida, designado a ser pacífico.

Se você não estivesse com os nervos à flor da pele, transformando a melodia suave da água no som de alguém arranhando unhas num quadro negro.

No momento que chegaram a um conjunto de portas entalhadas que se erguiam de modo imponente diante deles, Dulce estava pronta para arranhar alguma coisa com suas unhas.

Estranho; não era normalmente uma pessoa violenta, dada a morder ou arranhar.

“Você pode correr com tanto vigor quanto morde? ”

Ela lembrou-se da risada nas palavras dele, e desejou que tivesse mordido mais forte. Então Hamzah gesticulou para que ela o seguisse, e Dulce prometeu tirar aquele homem da cabeça de uma vez por todas. Ele provavelmente se fora, e estava gastando sua recompensa no cassino mais próximo.

Mercenários seriam assim, imaginava. Fanáticos por dinheiro, pela excitação da caça, por ganho fácil.

Eles entraram numa biblioteca, o piso e as colunas da sala em mármore, os móveis cobertos de ouro e pedras preciosas, as paredes alinhadas com livros e manuscritos. E lá, num canto da sala, um homem estava sentado atrás de um computador, os cabelos pretos brilhando sob as luzes.

Ele levantou a cabeça quando eles se aproximaram, os olhos se estreitando. Um secretário, Dulce supôs, imaginando quanto tempo levaria e que outras burocracias ela enfrentaria até que finalmente encontrasse o sheik misterioso, e talvez alguém que pudesse responder suas perguntas.

— Princesa Dulce.

Ela deu um passo à frente, sua paciência tendo chegado ao limite.

— Pode responder as minhas perguntas? Ou pelo menos, me dizer quem pode? Porque, por mais que eu esteja grata por sua hospitalidade, preciso saber por que não estou no caminho para Jemeya, mas invés disso, encontro o closet de meu quarto cheio das minhas roupas.

O homem mais velho recuou, como se tivesse sido fisicamente golpeado.

— Perdoe-me, Majestade.

Ela olhou para o vizir. Majestade?

— Obrigado, Hamzah. Eu lidarei com isso agora.— E alguma coisa naquela voz a fez se virar de novo para o homem na cadeira, mesmo enquanto o homem mais velho, se retirava. Quase em câmera lenta, parecia, ele afastou a cadeira e se levantou.

Ele era alto. Com ombros largos.

E havia alguma coisa sobre aquela voz...