Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

Foi só eu sentar para que o telefone tocasse. Mais uma vez...

- Pois não? - Atendi, suspirando ou ouvir a voz dele do outro lado. - De novo você?

- À toda hora do dia. E espero que isso não seja um problema.

- Não propriamente dito, mas isso atrapalha o meu trabalho aqui na empresa, que resulta em má resultado nas metas do fim do mês e então isso é um problema.

- Acho que seu chefe não se importaria tanto dessa vez... - Ele deu uma risada abafada e instintivamente mordi meu lábio.

Querendo morder o dele.

- Meu chefe não parece ser um homem compreensível.

- E ele não é.

Oi?

- Então me dá licença, porque eu preciso trabalhar e dar lucro à empresa.

- Claro, minha linda. Fique à vontade. - Eu fico em silêncio, esperando que ele desligue o telefone, mas ele nada faz. Eu ainda escuto sua respiração do outro lado da linha e não sei se eu quem devo desligar. - E então?

- Ah claro, desculpa. - Desligo imediatamente e é só colocar o telefone no gancho que ele toca novamente. Ai não! - Alô? - Sopro irritada.

- Senhora, o senhor Bonner está na linha.

Meu Deus do céu! 

Passo as mãos pelo meu cabelo e não sei se estou excitada de irritação ou felicidade.

- Obrigada, Stela. - Troco de linha e então lá está ele, gritando comigo. - Qual é o seu problema? De uma vez por todas. Nós acabamos de nos falar, William Bonner! Eu não fugi, não morri e nem matei ninguém no espaço de meio minuto. Pelo amor de Deus!

- Qual é o seu problema? - Ele enfatiza o pronome. - Por que desligou?

- Porque eu precisava trabalhar e você disse para que eu ficasse a vontade.

- E pra isso precisava me dispensar?

- Eu não dispensei você. Eu desliguei o telefone pra trabalhar.

- Você é muito estúpida, Fátima. Daria, tranquilamente, pra você trabalhar enquanto falava comigo.

- Estúpida? Você que está dependente demais. Você não tem que trabalhar também?

- Tenho. E muito. Mas eu não consigo me concentrar de jeito nenhum. Quando não estou com você, preciso estar. E quando você não está falando comigo, é como se estivesse falando com qualquer outra pessoa e desperdiçando seu tempo. E a pior parte é que não é comigo. - Quase choro ouvindo seu "desabafo". Tudo que eu sinto por ele parece querer sair pelos meus olhos, mas eu quero manter tudo dentro de mim. - Você não quer trabalhar aqui na minha sala e me ajudar com o meu trabalho?

- Adoraria - me seguro para não chorar e cravo as unhas na minha mesa de trabalho -, mas não posso. Assim que eu terminar de arrumar a minha mesa - que você mesmo desarrumou, penso - eu dou uma passada na sua sala. Até isso, por favor, não me ligue e nem venha aqui. Por favor.

Ele ri. - Sente-se e espere.

Então, finalmente, desliga o telefone.

Solto o ar com força dos pulmões e alguém bate à porta. Penso que se for ele, nosso namoro terminará nesse exato instante.

Vou até a porta lentamente - porque sei que farei besteira e não quero fazer - e a abro. Graças a Deus, não é ele.

- Stela! - Suspiro. - Que bom que é você!

- Precisando de mim? - Ela entra com uma bandeja de café em uma mão e a agenda em outra e eu fecho a porta. - Desculpe demorar tanto, mas aproveitei que a senhora estava ao telefone e fui buscar um café. Longo dia pela frente...

Sento e percebo o olhar curioso e cômico da minha secretária. Sim, ela provavelmente sabe do meu "caso" com o senhor William Bonner - nosso chefe.

- Na verdade, não. Mas precisava de qualquer pessoa aleatória que não fosse - paro, imediatamente, antes de falar qualquer besteira. Apesar de achar que ela já sabe, não sei se posso confirmar que estamos tendo um caso.

Aliás não sei nem se o que temos é um caso.

- Quem, senhora? - Pergunta ela, se endireitando à minha frente.

- Michael, meu amigo e colega de apartamento. Ele e o senhor Bonner também, que está me apressando para que eu entregue as fichas das modelos e das roupas que elas usarão no próximo desfile. - E então sorrio aliviada: nem tudo que eu falo é mentira.

- Ah claro!

- Mas então, o que temos para hoje?

- Hoje a agenda está lotada, então temo que seja necessário fazer hora extra! - Stela me passa meus compromissos da agenda e então eu percebo o quão estúpido foi sair mais cedo todos aqueles dias por causa de William. Isso sem contar nos telefonemas que atendi. Havia muito trabalho acumulado. - E por último, o senhor Lorenzo Baldo pediu para que a senhora ligasse para ele assim que tivesse terminado um anexo. Ele não deu detalhes de que anexo se tratava.

- Ah sim, Lorenzo Baldo. - Faço uma pausa e ligo o monitor do computador ao meu lado. - As modelos estão todas confirmadas?

- Quais, senhora?

- Eu não lhe passei os contatos de ninguém? Nenhuma modelo, nada?

- Eu receio que não. - Escondo minha cabeça entre as mãos e apoio os cotovelos na mesa. É claro que eu não fiz isso, estava muito ocupada sendo comida por William Bonner. - Senhora?

- D-desculpe. - Ergo a cabeça e sorrio envergonhada. - Vou providenciar isso agora... Você poderia me dar licença? - Mordo o lábio, imaginando Stela fazendo a mesma coisa que William.

- Claro, desculpe. - Mas não, ela não faz. Simplesmente vira-se de costas e sai caminhando, até a porta.

- Stela? - A chamo antes que ela cruze a porta.

- Sim? - Ela vira-se pra mim e sorri.

- Esse café está forte? E bem quente?

- Exatamente do jeito que a senhora gosta. - Ela sorri e sustenta o olhar. - A senhora quer que eu chame a funcionária da limpeza para arrumar sua sala?

- Não, obrigada. - Sorrio completamente envergonhada. Vermelha, provavelmente. Ela sorri de canto e sai da minha sala, fechando a porta lentamente. Agora, mais do que nunca, sei que ela sabe de tudo que aconteceu aqui. E como faço para olhá-la nos olhos novamente?

Quando me ajoelho ao chão para pegar tudo que caiu - depois de ter feito metade do meu trabalho -, encontro as pastas que William me mandou e sua foto jogada de lado. Tão lindo e tão solitário... Tão William Bonner.

Ponho as pastas em cima da mesa e seguro sua fotografia junto ao meu peito, sorrindo feito adolescente.

- Meu amor! - Sussurro e ponho-a dentro da gaveta, como se fosse algo normal de se fazer. Abro as pastas e lá estão todos eles: todos os modelos de que preciso.

Vou olhando cada um e comparo às escolhas de tecido, aos croquis que tenho em mãos e também a cada modelo a ser escolhido. Pouco depois de meia-hora, estou com a lista dos escolhidos prontos.

Conforme acho os e-mails, aproveito e já envio o convite eu mesma, sem querer sobrecarregar a minha secretária. Ou sem querer encará-la novamente depois da última conversa; tanto faz.

Abro a caixa de entrada e lá estão eles: três e-mails de Lorenzo Baldo. Leio cada um e todos clamam pela mesma coisa: uma matéria comentando o boicote que a empresa sofreu. Droga.

Muitas coisas para absorver, muito trabalho a se fazer. E, mesmo sem querer rimar e por pura coincidência, muitos telefonemas para atender.

- Alô. - Atendo irritada, não me preocupando com quem está do outro lado da linha. E mesmo que seja ele, não me importo.

- Uau! Você costumava ser mais delicada nos seus telefonemas! - Michael comenta e não posso deixar de sorrir. - Esse seu namoro com o Super-Homem não está te fazendo bem!

- Ah Michael, que bom que é você! - Respiro aliviada e minha vontade é de abraçá-lo, mas infelizmente não posso. - Nunca pensei que me acalmaria com uma ligação sua. - Brinco.

- Obrigada pela parte que me cabe, dona Fátima. Obrigada mesmo!

- Você sabe que é brincadeira. Você sempre é o único a me acalmar e a me fazer bem.

- Não parece, já que você foi procurar consolo nos braços de outro. - Ele reclama.

- Você também sabe que não é bem assim.

- É, eu sei... - Ele bufa e parece sorrir. - Hoje você vem pra casa?

- A princípio, sim. - Mas talvez não sozinha, amigo.

- Então não preciso me preocupar com as minhas vestimentas?

- Na verdade, talvez sim.

- Você não vai trazer seus machos para dentro de casa!

Ai não!

- Michael! Não fale assim. E isso nunca fora um problema entre nós dois!

- Isso William ou isso seus machos?

- Isso de levar nossos relacionamentos para dentro de casa. Sempre fizemos isso, inclusive você.

- Mas eles nunca foram Willians Bonneres. - Ele pluraliza e eu rio. - Não quero esse homem dentro da minha casa!

- E por que não?

- Você sabe que eu não sou fã dele. E muito menos simpatizo com o relacionamento de vocês.

- O que é uma pena. - Sugiro e sinto cócegas no meu corpo todo. Geralmente isso acontece quando estou prestes a me meter em confusão, mas talvez seja apenas coincidência. A trigésima terceira do dia.

- Certo, Fatinha. Quer alguma coisa em especial para o jantar?

- Amor. Seu amor.

E então William entra na sala, boquiaberto, pálido, rígido. Sinto que ele ouviu minhas últimas palavras, mas ele entendeu tudo no sentido errado. Eu quero dizer isso a ele, preciso dizer isso a ele, mas não consigo me mexer. Michael me chama no telefone, mas só ouço a porta batendo com força.

- Você está brincando com fogo, sua prostitutazinha. E você acaba de se queimar.