Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

Chegamos na minha casa pouco tempo depois - já que não havia muito trânsito. Eu precisava trocar de roupa, passar uma maquiagem no rosto e ainda tinha um melhor amigo enciumado para enfrentar. Tudo isso fora o tempo que corria contra mim...

Eu e William paramos na porta do meu apartamento e ele insistiu que queria entrar e me esperar, então abri a porta e deixei que ele entrasse primeiro.

- Esse é a sua casa? - Ele perguntou assim que entrou. Vi que ele observava tudo que conseguia.

- É sim... Na verdade é um casebre comparada à sua, mas é bastante confortável. - Disse enquanto trancava a porta do apartamento. Fiquei ao lado de William e estiquei os olhos para ver se encontrava Michael, mas não o vi.

- Como você mesma diz: é tudo muito Fátima Bernardes. - Ele sorriu e me abraçou de lado, me puxando pela cintura. Se eu não estivesse tão atrasada teria empurrado-o para cima do sofá que estava a dois passos nossos. - Eu adorei!

Me virei para beijá-lo e quando estávamos prestes a encostar nossos lábios, Michael apareceu na sala. Ele havia recém saído do banho e estava somente de cueca, secando seus cabelos molhados na toalha também molhada. Olhamos para ele assim que ouvimos o barulho e mordi os lábios, estreitando os olhos. William não iria gostar nada disso.

- Mas o que é isso? - Perguntou ele, me soltando imediatamente. Sorri envergonhada e respirei fundo. - Você anda assim no dia-a-dia? E você? - Ele virou para mim e seu rosto parecia estar queimando. - Você ainda tem coragem de dizer que o Michael é apenas seu amigo? Ah Fátima, por favor!

- Hey, boa tarde pra você também, Bonner. E não é por nada, mas essa é a minha - ele enfatizou - casa e eu ando do jeito que eu bem entender. E a Fátima mora comigo há muito tempo e nunca tivemos problema algum em andar nus ou semi-nus pela casa. E se você vê algum problema nisso, azar o seu! - Michael estava tão irritado que eu quase não era capaz de reconhecer meu amigo. Ele gesticulava enlouquecidamente com as mãos e olhava diretamente para William. Ver ambos irritados e completamente opostos do que eu conhecia me fez tremer dos pés a cabeça.

- Caso o senhor não saiba, eu e Fátima estamos namorando. - William ergueu uma sobrancelha para Michael e me puxou com força, grudando meu corpo no seu novamente. Fiquei assustada com a sua agressividade, mas não fiz esforço algum para me soltar. - E a partir de agora eu não quero que você ande assim pela casa.

- Ta bom, Bonner. Antes de ser sua namorada - Michael enfatizou e sorriu irônico - ela é minha amiga. Melhor amiga. E dividimos apartamente há muito tempo, como eu já falei pra você. Não me interessa se a Fátima está comprometida, solteira, casada ou viúva, eu. Vou. Andar. Do. Jeito. Que. Eu. Quiser. E, nem você e nem ninguém, tem alguma coisa a ver com isso. Deu pra entender?

- Isso é o que você pensa. Se você insistir nisso, eu tiro a Fátima daqui.

COMO É QUE É? Mal começamos a namorar e ele já quer mandar em mim? Tudo bem que seja William Bonner, mas nem meu pai me manda.

- Espera um pouco, Bonner. Não é bem assim. - Me afastei dele e caminhei para frente, ficando no meio de um fogo cruzado incessante. Respirei fundo e tomei coragem. - Tudo bem que estamos namorando, mas o Michael mora comigo há um bom tempo e ele anda do jeito que ele quiser na nossa casa. E além disso, você não tem o direito de mandar, nem em mim e nem no Michael. Eu prometo a você fidelidade, mas não prometo submissão. - Disse e coloquei as mãos nas cinturas, segurando os ombros em linha reta. Senti que Michael sorriu e vi William erguendo uma sobrancelha, claramente surpreso.

- Muito bem, Fátima Bernardes, você tem razão. Prostitutas não costumam ser submissas, a não ser que recebam muito pra isso. - Ele colocou as mãos no bolso e se virou de costas, mas olhou para mim por cima dos ombros e sorriu. - E por mais que você me prometa fidelidade, fica difícil para mim acreditar nisso quando se trata de uma mulher que transava com quatro homens numa mesma noite. - Ele pausou, virou para frente e foi até a porta, abrindo-a. - Você me entede? - Dizendo isso, cruzou a porta e foi embora.

Eu desabei sobre os meus próprios ombros e ri, incrédula. Não acreditei no que acabei de ouvir e Michael se irritou ainda mais - se possível.

- Quem esse homem pensa que é? - Ele passou batido por mim e abriu a porta, botando meio corpo para fora. - Não volte mais aqui até que nos peça perdão de joelhos! - Gritou ele. - Você me entende? - Zombou.

Me senti tonta e caminhei até o sofá, sentando e apoiando a cabeça entre as mãos - apoiadas nos joelhos. Lembrei da noite que tive ao lado de William e senti que em breve choraria.

- Deixa isso, Michael. - Murmurei, quase em prantos. Que homem bipolar!

- Fátima... - Ele fechou a porta e se ajoelhou ao meu lado, acariciando meus joelhos. - Não fica assim, minha linda. - Minha linda? Minha linda! Meu estômago deu duas voltas completas e meu coração bateu pesado. - O Bonner é um idiota. Sempre foi. Não fica assim por causa dele. - Michael levantou e sentou ao meu lado, me abraçando em seguida. - Aonde você estava com a cabeça quando aceitou o pedido de namoro dele? Até parece que você não conhece a peça...

- Ah Michael, você não entende! O que eu sinto pelo William quase não cabe em mim. - E então caí em lágrimas. Michael me abraçou mais forte e beijou minha cabeça.

- Eu to aqui, Fa...

Cheguei na Visconde`s Moda e Design meia-hora depois, já devidamente arrumada e recomposta. Por fora uma mulher independente, segura de si. Mas por dentro, uma adolescente com um coração partido ao meio.

Fui até o andar da minha sala e encontrei Stela tomando um café em horário de expediente. Quando me viu, imediatamente largou a xícara em cima da mesa e limpou a boca com a ponta dos dedos.

- Senhora, bom dia. Me desculpe, eu... - Sua voz me relembrou de que havia muito trabalho pela frente e então acenei com a cabeça, entrando para a minha sala sem ao menos lhe dar bom dia.

Assim que entrei, lembrei que havia muito a ser feito. Joguei minha bolsa em qualquer canto da sala e fui correndo para minha mesa. Liguei meu computador e pilhas e pilhas de papeis estavam espalhadas ao seu lado. E ao lado das pilhas e pilhas de papeis estavam elas: as duas pastas coloridas de catálogos de modelos que William havia me dado. Sentei em minha cadeira e senti vontade de chorar, mas eu simplesmente não podia.

- Stela? - Liguei para minha secretária e pedi que ela trouxesse até mim os catálogos de tecido que havia pedido dias anteriores. Ela assentiu e disse que já me levaria. - Obrigada.

Desliguei o telefone e me recostei na cadeira, fechando os olhos por instinto. Repentinamente, lembrei de William em cima de mim naquela mesma cadeira, fazendo-me gozar e gozando junto comigo. Massageei meu peito com as mãos e abri os olhos, me ajeitando novamente. No computador, abri meus emails e sorri quando vi que Lorenzo - o amigo cerimonialista de William que levou à ele a notícia do "boicote" ao desfile da empresa.

Querida Fátima,

 Lembra da ideia que você deu a mim e ao Bonner para que façamos a mídia descobrir o boicote que sofremos? Pois então, andei pensando e cheguei a uma conclusão: e se você voltasse às suas origens de crítica de moda e trouxesse isso à tona, usando um pseudônimo, logicamente? Você dá um jeito de sua matéria sair em um site ou jornal bem conhecido e então a Visconde`s fica por cima, mais uma vez. Eu dei um jeito e, com os meus contatos, consegui reorganizar o desfile inteiro para duas semanas depois da data que seria.

 Assim que você ler esse email, me responda com o que acha da ideia e então falaremos com o Bonner, imediatamente.

Com sua compreensão, Lorenzo Baldo.

Em um primeiro momento, gostei da ideia que Lorenzo teve, mas assim que Stela bateu e abriu a porta, entrando na sala em seguida, pensei melhor: talvez não desse tão certo e talvez a ideia não fosse tão boa.

Decidi pedir ajuda a William.