Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

Quando cheguei em casa no outro dia de manhã e abri as portas com calma - por estar cedo- , vi que Michael me encarava sem cerimônia.

- Voltando da farra a essa hora, Fatinha? - me espantei um pouco com sua atitude e dei uma leve risada, porém vi que ele não estava para brincadeiras. - Está rindo do quê, Fátima? Você sai de manhã, passa o dia, a tarde e a noite fora e volta seis horas da manhã do outro dia. Sendo que tem que trabalhar às oito... Qual é o seu problema? Transou com quantos esta vez?

- Primeiro: mais respeito comigo, não lhe devo grandes explicações. E segundo, respondendo à sua pergunta, transei apenas com um. Mas que um! - exclamei, sem vergonha do que falava. - Que homem incrível!

- E você está falando isso pra mim?

- Se não for pra você, vai ser pra quem?

- Pra quem quiser ouvir. Já que eu não quero. - Michael virou as costas e sentou no sofá.

Eu passei pela frente dele e acabei atrapalhando sua visão para as mulheres seminuas que apareciam na tv, em algum canal pornô. Fui até a geladeira, me servi um copo de iogurte e vi alguns lenços de papel no lixo. Ele havia chorado naquela noite? E o que ele sentia agora, era ciúme?

- Michael, você está bem?

- Melhor do que você, com certeza. Já parou pra pensar na vagabunda que está virando?

Revirei os olhos e sentei ao lado dele. Apoiei meus pés em seu colo e o fiz fazer uma massagem em mim. De fato, estava muito cansada.

- Encontrei o Bonner na esquina!

- William Bonner? O seu ódio-amor? - ele perguntou em tom irônico, quase desinteressado.

- William Bonner, o homem mais detestável e incrível do mundo! Por incrível que pareça, eu ainda lembro do beijo dele...

- Credo! - ele fez uma expressão de puro nojo. - Vocês só se beijaram naquela festa a fantasia! E aposto que ele não sabe que era você que estava vestida de "Dama do século XVIII". Muito "certinha" pra ser você...

- Pois cale a boca, Michael! Isso é porquê você não foi convidado...

- Claro que não! E nem queria...

- Sei! - disse, desconfiando dele. - Mas ele também não pode falar nada. Ele vestido de "Mickey" estava lindo! - comentei, ironicamente.

- Lindo ou não, você o beijou sabendo quem ele era!

- Ele me beijou. Eu apenas retrubuí.

- De todo o modo, você sabia quem ele era. Ele não.

Arranquei o controle de sua mão e troquei de canal. Estava levemente atrasada, mas queria ir para o banho depois de ter visto algum programa matinal bom o suficente; e não um canal pornográfico de vadias se masturbando na televisão.

- Vou pro banho... Você me leva ao trabalho hoje?

- De jeito nenhum! Peça para o seu homem incrível de ontem a noite!

Ele levantou e entrou em seu quarto. De fato, Michael estava diferente comigo! Parecia sentir ciúmes de mim, mas éramos somente amigos e eu achei que ele soubesse. Talvez tivesse chego a hora de conversar sobre tal assunto, porém estava atrasada.

Corri para o banheiro e tomei meu banho de mais de meia-hora. Fui para o quarto e me arrumei de acordo: uma calça jeans preta, uma blusa de renda branca e um casaco de tecido leve verde-musgo. De fato, eu amava conforto e ainda assim amava me sentir bem; me sentir bonita.

Pensei em colocar meu sapato novo, que estava escondido dentro da bolsa para Michael não dar "chiliques", porém pensei melhor e achei que seria ousado de mais vestir um sapato daqueles. Abri meu armário e peguei uma sapatilha preta. Conforto, versatilidade e beleza: nada melhor que trabalhar com moda!

Peguei minha bolsa, tirei os sapatos e conferi meus documentos. Abri minha carteira, contei meu dinheiro e vi que daria para o táxi de ida e de volta. Respirei fundo e fui para a cozinha.

Já eram mais de sete horas da manhã e eu me atrasaria se tomasse café, por tanto peguei uma maçã, a lavei e saí comendo. Toda atrapalhada com a bolsa no antebraço, o telefone nas mãos, a chave e a maçã nas outras, avisei Michael que estava saindo, sem lhe dar tchau ou, se quer, vê-lo novamente.

Desci do elevador, cumprimentei Renato novamente e saí do edifício. Caminhei um pouco, até conseguir um táxi vago. Entrei e ele me levou até meu trabalho.

Quando parei em frente ao prédio das indústrias "Visconde`s", senti meu coração tremer e um frio enorme subia pela minha barriga. Olhei para cima e percebi como era grande.

- Vamos lá! - dei forças à mim mesma, porém fui surpreendida por duas grandes mãos na minha cintura, me empurrando para frente.

- O que é isso? - perguntei assustada, me debruçando sobre os homens do homem.

- Me esbarrei em você... Pra variar!

Olhei para o homem que me segurava pela cintura e que eu tocava nos ombros. O mesmo homem lindo e detestável da queda de domingo.

- Qual é o seu problema, William? Não olha por onde anda? - continuávamos próximos e ele ainda aproximava meu corpo ao seu pela cintura.

- Desculpe, Fátima. Mas parece que temos um imã no corpo...

- Imã. Você acha que me engana?

- Mas enfim... - e então me soltou. - O que fazia olhando para cima?

- Esse prédio é enorme! Como você conseguiu chegar até o topo?

- Trabalhei bastante até chegar lá... Mas, como você bem sabe, moda dá dinheiro!

- Sempre achei que fosse gay!

- Um dia eu fui!

- Como? - me espantei e ele riu de mim. - Você já foi gay?

- Bem, na verdade não... Eu menti que era, pra poder ajudar minha tia com uma costura que ela queria fazer. E depois, pra conseguir chegar onde cheguei - além de trabalhar muito - tive que fingir ser um homossexual. Graças a Deus eu pude voltar a ser o homem que sou!

E que homem! Apesar de tudo, ele era capaz de levar qualquer uma ao delírio. E a mim, principalmente. Eu não sabia porquê, mas ele me atraía de uma maneira completamente diferente do que os outros homens. Apesar de detestá-lo com todas as minhas forças, eu me sentia muito bem ao seu lado.

Fomos entrando no prédio e ele me acompanhou até dentro do elevador. Assim que entramos, ele me segurou pelo braço, me olhando nos olhos com um sentimento aparentemente feroz e com os lábios estendidos. Eu o olhava da mesma maneira, porém já demonstrava interesse naquele par de olhos castanhos, naquela boca bem delineada e naquele corpo - ah! aquele corpo...

- Que horas você solta?

- Por que está me segurando?

- Que horas você solta? - ele insistiu.

- Seis horas da tarde, seis e meia. Por quê?

- Passe no meu escritório às cinco horas. Avise à quem quer que seja que terá que sair mais cedo.

- E porquê eu faria isso!?

- Porque sou seu chefe e estou lhe mandando. - ele me soltou e foi para o outro lado do elevador, me deixando confusa e sedenta. Depois disso, me jogou um beijo. - Estarei lhe esperando! Não se esqueça, no meu escritório, às cinco. E não se atrase!

E antes que eu pudesse falar qualquer coisa, as portas do elevador se abriram e eu tive que sair dali. Com as bochechas rosadas, alguns fios de cabelo em pé e as maõs trêmulas, tive que começar o serviço.

Cumprimentei Stela, minha secretária e entrei em minha sala. Antes de qualquer coisa, liguei o despertador para as cinco horas. De fato, não queria me atrasar.