Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

Eu mal havia chegado na minha sala e já era o terceiro toque que eu ouvia vindo do telefone. Fechei a porta atrás de mim e fui correndo atender, já imaginando quem poderia ser.

E sim, foi exatamente aquela voz grossa que eu esperava ouvir que disse alô e reclamou da demora para atender.

- Qual é o problema com você? Eu disse que ligaria quando chegasse aqui.

- Não, você não disse. Eu mandei, mas você deu a entender de que não me obedeceria.

- E eu não estava com vontade de obedecer mesmo, mas é como se você não pudesse esperar nem os segundos que o elevador da sua empresa leva para chegar do seu andar até o meu.

- Eu detesto a facilidade que você tem pra me irritar. É impressionante!

- Você se irrita fácil demais. - Ri e William bufou. Afinal de contas, qual seria o problema desse homem?

- O que você vai fazer agora?

- Trabalhar, eu pretendo. Mas eu não vou conseguir fazer nada se você não desligar o telefone. - Por favor, não desilga! - Então...

- O que você vai fazer agora?

- Trabalhar, eu já disse.

- Com o quê? Seu textinho de crítica de moda ou os vestidos para o próximo desfile?

- Os dois.

- Ótimo, estou indo aí.

O QUÊ!?

- Não! - Me apressei em dizer, mas percebi que não faria diferença quando não ouvi resposta.

Eu já havia namorado antes; tanto colegas de escola quanto com colegas de trabalho, mas nunca fora tão intenso e "próximo" assim. E isso sem contar que com William, fora tudo muito depressa e sem nenhum indício de que iria começar. Porque, pelo menos eu, nunca imaginei que um dia estaríamos namorando.

Há mais ou menos três dias atrás eu estava esbarrando com ele na esquina, depois já estavamos transando na sua sala e então começado a namorar, mas sem nem um dia de namoro já havíamos brigado e eu não sabia se duraríamos por muito tempo. Fora que William Bonner era o homem mais inconstante e bipolar que eu já havia conhecido. Mas o mais bonito também!  

E eu lembrei disso no exato momento em que ele abriu a porta - sem que a minha secretária me avisasse que ele estava ali.

- Sua secretária é muito mal educada! Ela não sabe que sou eu o "manda-chuva" daqui? - Ele disse, enquanto fechava a porta.

- Normas da empresa. - Sorri e levantei da cadeira, indo o abraçar. - O que você está fazendo aqui?

- Matando saudades. - Disse e me beijou levemente. - Eu não sei como, mas você está me fazendo muito mal.

- Eu sinto que você não consegue ficar longe de mim. Talvez seja dependência.

- Nunca foi tão bom ser viciado! - Me beijou de repente e me atirou contra minha própria mesa. Jogou longe tudo o que estava em cima e me sentou ali. - Eu quero dormir com você hoje. De novo.

- Por quê? - Mordi o lóbulo de sua orelha e gemi baixo. - Já dormimos juntos de ontem para hoje.

Ele segurou meu cabelo com sua mão esquerda e ergueu minha cabeça, me engolindo com seus olhos.

- Porque eu quero, porque eu preciso e porque estamos namorando! - Ele mordeu meu pescoço e belisquei sua bunda.

- Namorando. - Disse pausadamente, então o beijei bem devagar. - Não significa que devemos dormir juntos todos os dias.

- E quem decide isso? Você mesma disse que não se prenderia a ninguém. - Ele aperta minhas coxas e se encaixa no meio delas.

- E no entanto estou aqui com você. - Enfiei minha mão em seus cabelos e mordi seu lábio inferior.

- Você já namorou antes? - Ele para e me encara.

- Algumas vezes, sim. Mas nunca foi nada sério. - Me inclinei para beijá-lo, mas ele se afastou. - O que foi?

Eu senti que havia algo errado. Primeiro Michael, depois a mulher saindo de sua sala, então essas perguntas todas... Aonde eu estava me metendo?

- Você já amou antes?

Engoli minha saliva a seco e o impurrei para longe, saindo da mesa logo em seguida. Coloquei minhas mãos na cintura e fui caminhando na direção oposta à de William, sem poder responder sua pergunta olhando em seus olhos. A cor creme da parede à minha frente nunca fora tão bonita.

- Eu não sei... Talvez sim, talvez não.

- Olhe para mim.

Fingi que não era comigo e fiquei em silêncio, imóvel.

- Fátima!

Mais uma vez.

- De uma vez, olhe para mim. Eu estou mandando! Você já amou alguma vez? Você gosta do seu amigo Michael? Você me ama?

Eram perguntas demais para mim, respostas de mais, sentimentos de mais.

Não, eu não vou olhar para você. Não, você não manda em mim. Sim, eu já amei uma vez. Não, não gosto do meu amigo Michael. Sim, eu te amo!

- O que é? - Virei para ele, com as lágrimas presas na garganta. - O que você quer saber? Pra que você quer saber?

Ele respirou fundo e sentou na mesa - exatamente onde eu estava minutos atrás. Ele baixou os olhos e eu vi que ele estava muito mal. E eu estava quase certa de que só estávamos juntos porque ele estava mal.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu não consigo ficar longe de você, não gosto e não quero. Isso é amor? É dependência? É sexo? É carinho? Fátima!

E, mais uma vez, perguntas e respostas e sentimentos de mais!

- Eu também não sei! - Corri até ele e o abracei com força. - Mas se vale de consolo, também me sinto assim em relação a você. Desde quando eu trabalhei com você pela primeira vez! - Sussurrei em seu ouvido e nos beijamos.

Ele me agarrou no colo e me colocou sentada na mesa mais uma vez. Puxou minha blusa de seda rosa lentamente e deixou meus cabelos escorrer pelos meus ombros. Segurou com delicadeza meus braços e os beijou, um de cada vez. Curvei minhas costas quando senti seus lábios na minha pele e gemi baixo, agarrando suas costas logo em seguida. Ele sorriu para mim e segurou o fecho do meu sutiã com as duas mãos. Mordi meus lábios.

- Vou poder dormir com você hoje a noite? Na sua casa? - Sussurrei monossilábica algo como um sim e abri minha boca, primeiro para respirar e depois para deixar que a língua de William passasse. Ela passou e eu tremi, dos pés a cabeça. - Ótimo!

Ele tirou as mãos de mim rapidamente e se afastou, me deixando completamente sem reação - e, literalmente, de boca aberta.

- Aonde você vai?

- Trabalhar, porque todos nós precisamos disso.

- E vai me deixar aqui, assim?

- Vai ser seu castigo, pela cena que vi hoje cedo. - Ele sorriu irônico e mordeu o lábio. - Talvez seja melhor você vestir sua blusa. - Claro!

- Obrigada. - Desci da mesa e a segurei, de costas para ele. Quando me virei - já vestida -, ele jogou um beijo no ar para mim e abriu a porta. Segundos antes dele sair, perguntei: - Quem era ela?

Ele sorriu e fechou a porta.

Droga! Droga! Droga! Mil vezes droga! Eu odeio William Bonner!

E talvez seja por isso que goste tanto de ficar com ele.