Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

^{2 semanas depois}

Acordei de novo, pela quinta vez naquela mesma madrugada, e olhei o relógio. Nem cinco da manhã... Virei para um lado, virei para o outro, mas continuava acordada e sem sono. Era impressionante como aquele homem - mesmo sem manter contato com ele -, acabava comigo.

- Por que você faz isso? - Perguntei pro escuro. Óbvio, ele não respondeu. - Às vezes eu só queria que você tivesse aqui... - Sorri sozinha, lembrando dele. Ele era inconstante comigo, vivia me provocando, ora um amor, ora um animal, mas era lindo. E era ele. Da melhor maneira possível, ele era só ele. E como eu sentia falta dele.

"Eu sinto muito não poder oferecer um amor que você mereça."

"Quem dera eu pudesse amar alguém..."

"Eu sinto muito, Fátima. Mas eu não amo você."

Por quê? Era a única coisa que eu não entendia. Por que comigo, por que daquele jeito, por que tão depressa, por que tão intenso? De tudo que eu me esforçava pra entender, o ponto dos porquês era a única coisa que eu não entendia de jeito algum.

Olhei para o relógio de novo: 4:55 AM. Já era alguma coisa...

Levantei da cama e fui até o banheiro. Lavei o rosto e vi o estrago pelo espelho: olheiras de mais de duas semanas, cabelos opacos e frizados, olhos inchados e como se não fosse suficiente, um cheiro a coração adolescente destroçado que se sentia à quilômetros de distância.

Tão Fátima Bernardes...

Escovei meus dentes e tudo o que eu comi no jantar de ontem à noite veio até minha garganta. Engoli aquilo a seco e imediatamente enxaguei minha boca. Droga. Era a quinta vez que aquilo acontecia só naquela semana. E como eu queria que fosse aquilo que parecia... Mas eu tinha que tomar banho todo dia de manhã por uma coisa que mulher entende. Então não era aquilo que parecia.

Cheguei a empresa bem mais cedo do que o habitual, mas eu não iria conseguir dormir de novo mesmo e havia muito trabalho pela frente. O desfile estava batendo às nossas portas, e eu ainda não havia entregue aquela carta ao Lorenzo, amigo de William. William.

Meu telefone nunca mais tocou sem parar, nunca mais recebi pastas coloridas, nunca mais recebi visitas durante o expediente, nunca mais fiquei envergonhada diante da minha secretária. Coisas que pareciam tão ruins, mas que agora faziam tanta falta.

Sentei na minha cadeira, a mesma da última vez e tive que me controlar pra não chorar. Mesmo eu, que estava acostumada em fazer aquilo toda vez em que eu sentava ali. Liguei o monitor do computador e abri meus emails. Dois do William! DOIS. Dois do William!

AI. MEU. DEUS. WILLIAM!

Abri o primeiro.

E então, como você vai? Já faz um tempo, não é? O Lorenzo me ligou e perguntou do texto que você ficou de escrever. Não acho que você deva, mas se você combinou com ele talvez deva escrever. E sobre o desfile, ainda não recebi confirmação do seu trabalho. Os modelos estão todos confirmados? E as roupas, estão prontas? Espero que nada do que aconteceu tenha atrapalhado seu profissionalismo. Você sabe como eu adoro isso em você! Qualquer coisa você sabe onde é minha sala. Um abraço.

William Bonner

AI. MEU. DEUS.

Era a primeira vez que mantínhamos contato depois daquele dia em que ele não me deixou gozar. E como eu o odeio por isso! Mas mesmo assim, independente do que havia acontecido antes, ele tinha acabado de me mandar um email! Um email, não. Dois! E antes de processar o que havia no primeiro, fui logo ver o segundo. Vai que seja um pedido de desculpas virtual...

A propósito, sua menstruação desceu?

Oi? Primeiro carinhoso como nunca e depois o mesmo estúpido William Bonner de sempre? Eram mudanças bruscas demais pra poder acompanhar. Mas pergunta feita é pergunta respondida.

 

Infelizmente, desceu sim. Eu vou bem e você? Faz um tempo, sim. Mas eu fiquei esperando você vir me procurar. Eu ainda não tive tempo de escrever a matéria, mas se você puder me dar o telefone do Lorenzo eu fico muito agradecida, já que poderia tratar diretamente com ele. Pois aqui está a confirmação. Todos os modelos e todos os figurinos confirmadíssimos. Não acho que você me conheça, mas eu sei separar o profissional do pessoal. Até porque eu conheci primeiro o seu trabalho, pra depois conhecer você. Por enquanto, não tenho nenhum problema. Mas assim que eu tiver e não conseguir resolver, eu lhe procuro. Obrigada.

Pronto. Email enviado. É claro que eu preferia ter lido um pedido de desculpas e ter escrito uma declaração de amor, mas aquilo não estava ao meu alcance. Eu precisava ser profissional. Era aquilo que a nossa relação havia se tornado.

Fui fechar a janela dos emails e acabei abrindo o navegador em uma página de fofocas. Sabe Deus como aquilo havia chegado lá. Mas a primeira notícia foi a última coisa que eu queria ter lido àquela hora.

Era uma matéria com flashes do William abraçado com outra mulher. A mesma que eu vira semanas atrás saindo de sua sala. Aquela que ele havia dito não ser ninguém importante na sua vida. Ele estava com sua mão na cintura dela e com um sorriso amarelo nos lábios. Ela sorria como uma criança na Disney. Droga. Era pra ter sido eu. Era pra ser nós. Seu cabelo loiro estava ainda mais loiro com as luzes dos flashes e eu quase fiquei cega. A foto teria ficado melhor com a cor dos meus cabelos. E certamente o William combina mais comigo.

E eu olhei de novo pra foto. Não era eu, não éramos nós; não existia nós. Era ele e eu, não nós. Senti meus olhos marejados e resolvi chorar com motivo.

Você foi rápido. Com "ninguém importante na sua vida" você quer dizer isso?

E mandei em anexo a foto do site de fofocas. Não que aquilo fosse o atingir, mas pelo menos eu teria um motivo pra chorar. Esperei dois minutos por uma resposta, mas ela não veio. Droga. Ia começar a entrar em desespero quando o telefone tocou.

- Pois não?

- O senhor Bonner está aqui. Peço para ele entrar?

- O quê? - William... - Ele está aqui? O que ele quer?

- Ele só disse que quer falar com a senhora. Deixo ele entrar?

- Não. - Sim. - Não deixa. - Por favor. - Diga que eu estou ocupada e agora eu - mas fui interrompida com a porta sendo aberta.

- E então? Você não sabe que não se deixa o chefe esperando?

- William, eu... - Imediatamente levantei da cadeira e sabe Deus como tive forças. Segurei minhas lágrimas na hora e fechei os punhos com força. Eu só queria poder...

- Senhora, me desculpe. - De repente a Stela entrou na sala tentando se explicar, mas eu sabia que não era culpa dela.

- Sua secretária não sabe que eu sou o dono dessa empresa e mando em tudo aqui? - Ele falou, sem parar de me encarar.

- Desculpe senhor Bonner, mas eu precisava fazer o meu trabalho.

- Está tudo bem, Stela. - Disse, sem tirar os olhos dos olhos de William. - Obrigada, você pode nos deixar sozinhos.

- Sim, senhora.

Esperei que ela saísse para fazer a volta na mesa. Fui caminhando lentamente na direção dele, mas eu estava segura quanto aos meus movimentos.

- O que você veio fazer aqui?

- Tentar explicar o mau entendido.

- Qual deles?

- A foto.

- Da ninguém importante na sua vida?

- Fátima, por favor.

- Não. Por favor digo eu. Você fez aquela palhaçada toda comigo porque eu estava conversando com o meu melhor amigo e não me deixou explicar. E quando você deixou eu falar, você foi embora dizendo que não me amava. Aí você me deixa sem conseguir dormir e comer por duas semanas e então eu descubro que a mulher que você disse não ser ninguém importante pra você é, na verdade, sua nova namorada ou seja lá o que for. Eu não posso obrigar você a transar comigo e não deixar você gozar, até porque eu acharia isso ridículo, mas eu posso não querer ouvir suas explicações do mesmo jeito que você fez comigo. - Digo e respiro fundo, sem parar de o encarar. Penso mais um pouco e sussurro:- É uma pena que eu não possa falar as mesmas coisas que você.

- Você me ama?

- O que você acha?

- Eu acho que nós precisamos conversar.

- Eu também acho, mas agora eu não posso. - Desvio meu olhar e caminho até a porta, passando ao seu lado. Seu cheiro. Ah o seu cheiro!

- Ótimo, porque eu também não. - Ele se vira até mim e vem caminhando na minha direção. - Almoça comigo?

Ele segura minhas duas mãos com as suas e eu perco a força nas pernas. Ele imediatamente segura minha cintura e logo estamos a centímetros de distância. Mas apesar de tudo, eu gosto da proximidade. E ele parece gostar também, já que sorri pra mim. Mais uma vez!

- Eu não sei se devo.

- Por favor. - Ele roça seu nariz nas minhas bochechas, e aspira meu perfume. - Minha. - Ele beija - Lindas. - e morde minhas bochechas, bem onde aspira com seu nariz.

Não tenho como dizer não. Não depois de tudo que ele faz.

- Tudo bem, eu vou. - Ponho minhas mãos em seus ombros e tento o afastar, mas é claro que não consigo.

- Eu venho buscar você.

- Eu posso ir sozinha.

- Eu quero - ele enfatiza - buscar você aqui. - Me beija mais uma vez e abre a porta atrás de mim. Me solta e sai, caminhando lentamente.

Minha linda!

Meu lindo!

Já não sou mais certa de nada, mas quero entender os porquês daquilo tudo.