Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

Assim que aquele Homem saiu da minha sala, eu até tentei voltar a trabalhar, mas aquele último sorriso exercia um poder de magnetismo em mim. Era como se nós estivéssemos imados e de um jeito ou de outro, eu não conseguiria fazer nada sem ele. Eu estava me tornando dependente de um homem que nem era meu e estava com nojo de mim por isso.

Sempre que eu me pergunto como tudo aquilo começou, eu me perco nas datas. Foi tudo tão depressa, tudo tão sem sentido... Eu nem sabia ao certo se havia começado quando ele esbarrou em mim naquela esquina ou se foi há anos atrás, quando estagiei em sua empresa. Mas de todo jeito, eu havia conseguido ter ele um pouquinho pra mim. Por pouco tempo, poucos dias, mas valeu a pena. Muito mais do que valeram minhas duas semanas de vegetal. Fazendo tudo que eu tinha pra fazer somente por estar no automático.

A única coisa que eu queria nesse momento era cuspir na cara de William tudo que ele havia me causado de mau. As brigas com meu melhor amigo, minha insegurança quanto às minhas relações, meu humor que não era bom fazia tempo... Isso sem contar nas duas últimas semanas em que ele não deu nenhum tipo de sinal de vida.

Mas é claro que ele não daria, ele estava com outra mulher.

Olhei para o relógio do monitor à minha frente e ainda não eram dez horas. O dia hoje resolveu demorar pra passar! Tentei relembrar toda nossa conversa pra ver se ele tinha deixado alguma brecha de que iria me ligar ou de que eu poderia ligar para ele, mas eu não achei nenhuma. Também não achei nenhuma pista de que ele apareceria na minha sala de repente, fazendo-me tremer dos pés a cabeça.

Droga.

E se eu mandasse um outro email, reforçando a pergunta sobre a mulher misteriosa? E se eu ligasse pra ele, desmarcando nosso almoço só pra ele reclamar diretamente pra mim. Talvez, fazendo isso, eu agiria como uma adolescente do ensino médio, mas quem é que liga? Eu amo aquele homem!

Então lembrei do Lorenzo e da matéria que fiquei de escrever pra ele. Pensei em lhe mandar um email, mas nada melhor do que procurar o William para conseguir seu telefone.

Disquei o ramal de sua sala e logo sua secretária atendeu.

- Pois não? - Perguntou ela educada e áspera.

- Eu gostaria de falar com o senhor Bonner.

- Quem gostaria?

- Fátima Bernardes. Diga a ele que é urgente, sobre uma matéria de jornal. Ele vai entender.

- Nesse exato momento ele está em reunião, dona Fátima. Mas fique tranquila que eu lhe dou o recado.

- Se você puder dar assim que ele for liberado, eu fico muito agradecia. O assunto é verdadeiramente urgente. - Tentei forçar uma voz desesperada, o que não foi tão difícil já que eu precisava falar com ele, mas talvez não tenha surtido efeito.

- Pode ficar tranquila que eu o avisarei assim que possível.

- Obrigada. - Desliguei o telefone, não muito certa de que meu recado chegaria até William.

Peguei minha bolsa e meu celular, saí da minha sala e fui até a mesa de Stela.

- Senhora?

- Stela, eu vou precisar dar uma saída. Se o senhor Bonner ligar, diga que eu não demoro. Obrigada.

- Sim senhora.

Que empresa gigante! Dez minutos pra poder chegar até o térreo e mais dois para poder sair dali. E céus, que calor! Certamente eu saí de casa com um vestido floral e um cardigã branco, mas estava com esperanças de chegar a sentir frio. Porém a cidade ia contra nossa vontade e o clima era sempre quente e úmido. Digamos que uma mistura não tão agradável...

Fui até a padaria que havia há três quadras da Visconde`s e pedi um café preto e um pão com mortadela. Lembrei somente àquelas horas que não havia comido nada desde o último jantar. Jantar inclusive que quase botei pra fora de madrugada. Ah William!

Dei uma olhada rápida no meu celular e ainda nada. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum email novo. Tudo normal, apesar de fora do lugar. Desbloqueei a tela e liguei para Michael.

- Você saiu cedo, Fatinha. Aconteceu alguma coisa?

- Muito pelo contrário, meu amigo. Não consegui dormir a noite inteira.

- Pensando no Super-Homem?

- Você sabe que eu não consigo pensar em mais nada. Foi tudo muito rápido e sem sentido! Eu ainda não entendi nada.

- É. - Ele fez uma pausa e respirou fundo. Eu sabia que a foto era uma novidade só pra mim.

- Você sabe, não é?

- Eu ia te contar, mas você estava tão mal. Não dormia mais, não comia, sentia fortes enjoos. Eu não quis que você ficasse ainda pior.

- Não adiantou de nada, porque eu acabei vendo hoje.

- Como?

- Não sei também. Apareceu na tela do meu computador de repente.

- Você não sabe de muitas coisas ultimamente. Você tem que se ligar mais, Fatinha.

Ri alto, com o telefone na orelha e a xícara de café na mão. Aproveitei para tomar um gole e depois dei uma mordida no meu pão - que por sinal estava muito bom. Michael me fazia bem. E como eu gostava daquilo.

- É. Disso eu sei. - Rimos juntos. - Eu preciso voltar ao trabalho, mas eu não quero.

- Já falou com ele?

- Já sim. Inclusive vamos almoçar juntos. - Engoli o resto do café tudo de uma vez e terminei com o meu pão no mesmo instante. Michael gritou algo como um "você tá louca, pedindo pra morrer", mas eu não me importava. Eu só queria que o almoço chegasse de uma vez. - Meu amigo, eu preciso ir. Mais tarde nos falamos. Um beijo. - E desliguei o telefone, indo direto ao caixa e pagando o que eu havia consumido.

Saí da padaria e fui caminhando calmamente até a Visconde`s. Quando peguei meu celular novamente, próximo à entrada da empresa, haviam cinco ligações perdidas.

High five!

Decidi responder tudo quando chegasse na minha sala e até lá, mais doze minutos.

- Senhora, eu não pude evitar. - Stela começou a dizer assim que me viu sair do elevador. Ela baixou os olhos quando perguntei o que havia acontecido e ela sussurrou: - Pra variar.

Passei reto por ela e entrei na sala assustada. Susto que só aumentou quando vi quem estava lá dentro.

- Você acha que eu tenho todo tempo do mundo? - Fechei a porta e larguei a bolsa no canto ao lado, ainda processando as palavras dele. - Aonde você foi?

- Não te interessa. - Fui caminhando lentamente em sua direção e fiz a volta na minha mesa, sentando naquela cadeira. - E o que você tá fazendo aqui?

- Esperando você. - Ele se virou pra mim.

- E por quê?

- Porque você ligou pra minha secretária e disse que tinha um assunto urgente pra tratar comigo. Se não me engano sobre aquela matéria. Tentei ligar pra você, mas você não me atendeu.

- Eu estava falando com o Michael e não vi suas chamadas, me desculpe. - Desviei os olhos e me fiz de desentendida, ligando o monitor do computador. Peguei um bloco de papel e uma caneta e entreguei a ele. - Eu só queria o número do Lorenzo Baldo, por favor. - Voltei os olhos ao monitor e sorri de canto.

- Como é que é? - Ele gritou, fazendo a volta na minha mesa e me levantando pelos dois braços. - Você me faz vir até aqui e esperar você por horas somente pra eu lhe dar o número do Lorenzo? Você não tem o email dele?

- Primeiro me solta. - Falei calma, apesar de estar me tremendo de medo. - Por que você tem que fazer isso?

- Desculpe. - Ele me soltou e beijou minha testa. Me tremi novamente, mas dessa vez de um jeito bom. - Machuquei você?

- Agora não. - Sorri de lado novamente e pus minhas mãos na cintura. - Segundo, não pedi pra você vir aqui na minha sala. Eu pedi pra sua secretária lhe dar o recado e o que eu esperava é que você me ligasse de volta. Só isso. E outra, eu tenho o email dele, mas prefiro ouvir a voz da pessoa com quem eu estou conversando do que imaginar o que ela quer dizer com o que ela está escrevendo.

- Você já fez a matéria?

- Ainda não.

- Onde você foi?

- Não te interessa.

- Onde você foi? - Ele repetiu a pergunta, pausadamente.

- Na padaria. - Disse, com medo do que ele pudesse fazer a seguir.

- O que você vai fazer agora?

Fiz a volta na mesa e esperei que ele viesse atrás, mas ele continuou parado. Parei do outro lado e olhei fundo em seus olhos.

- Vou ligar para o Lorenzo assim que você me der o número dele.

- Não. Você vai subir pra minha sala e tomar um café comigo.

- Não. Eu acabei de voltar da padaria, muito obrigada.

- Você vai comigo.

- Pra quê? - Gritei. - Pra você me comer na cadeira da sua sala e de noite aparecer com outra mulher nos sites de fofoca? Não, muito obrigada. Eu sei que você pensa que eu sou fácil, vulgar, uma prostitutazinha, como você sempre disse. Mas eu não sou! Eu sou a Fátima Bernardes, design de moda, e eu não vou pra sua sala com você! Mas eu espero que você vá.

- Eu vou explicar tudo pra você, eu juro. Sobe comigo.

- Por que somente quando eu me imponho é que você é carinhoso comigo, romântico? Qual o seu problema?

- Medo. - Ele disse, sentando na cadeira atrás de si. Ele literalmente desabou e eu fiquei desesperada.

Desde quando o Super-Homem sente medo?