Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo
- Medo? - Fui me aproximando devagar, tentando entender tudo que ele estava transmitindo.
- Medo. - Ele esconde o rosto entre as mãos e respira pesado. - Ah! William Bonner tem medo. - Ele força uma risada e olha pra mim. - Tem.
- O que você quer dizer com isso? - Corro até ele e me sento nas minhas pernas, pondo as mãos em seus joelhos. - Me explica essa história direito.
- Medo, Fátima. Você não sente medo? Nunca sentiu?
- Ultimamente tenho sentido muito! - Sorrio de lado mais uma vez e ele baixa os olhos. - Fala pra mim, por favor. Que tipo de medo você sente?
- Eu queria almoçar com você hoje pra poder lhe explicar tudo que você quiser saber.
- Fala agora. Eu não vou conseguir fazer nada e hoje o dia está andando muito devagar!
- É eu sei. - Ele volta seus olhos pra mim e sorri de forma doce. - Tá difícil pra mim também!
- Então pronto. Me conta o que tá acontecendo. Me fala sobre o seu medo. Estou aqui pra te ouvir!
- Senta no meu colo?
OI?
Engasgo. Meu peito começa a se mexer rapidamente e eu ponho a mão, tentando o controlar. Respiro fundo pelo nariz e meus olhos estão perdidos.
- Como assim? Eu estou querendo falar decentemente, saber o que te aflige e você já quer que eu sente no seu colo! Ah William, por favor! - Digo, mas imediatamente levanto do chão.
- Não é desse jeito que você tá pensando. - Ele endireita suas costas e segura minhas mãos. - Quero que você sente no meu colo pra eu poder abraçar você. Pode ser que você não acredite, mas eu estou louco de saudades de abraçar você! - Ele sorri feito um menino e eu perco a força nas pernas, mas não me dou por vencida. - Senta só em uma perna, então. Mas senta.
Aceno com a cabeça e sento em sua perna direita, pondo uma das minhas mãos em volta de seu pescoço. Ele larga minhas mãos e põe as suas nas minhas pernas. Certamente ele sobe meu vestido e toca a pele das minhas coxas. Mas eu não fico brava. Eu inclusive gosto.
- Pronto. Agora me conta tudo.
Ele olha nos meus olhos e faz um movimento circular com a ponta dos seus dedos. Um movimento doce, calmo, tranquilo. E apesar de ser dele, não parece. Ele me olha uma última vez nos olhos e começa, olhando para baixo.
- Eu ainda era uma criança quando saí de casa. Não sabia nada da vida, mas sabia que não queria morrer na minha cidade. Sempre tive o sonho de ser gigante, mundialmente conhecido. - E você conseguiu!
Até pensei em dizer isso em voz alta, mas não quis o atrapalhar. Tão lindo contando sua história pra mim...
- Então eu comecei a comentar com os meus pais que eu queria sair da cidade, conhecer o mundo. Meus pais sempre riam de mim quando eu começava a falar isso, mas a minha irmã não. Ela sabia que eu não estava brincando e que eu realmente queria sair daquela cidade. E apesar de ser somente uma criança, eu sempre gostei de moda. Adorava ver aqueles programas que contavam as rotinas das modelos, mas adorava mais ainda ver os figurinos, a riqueza dos detalhes, essas coisas... - Conforme ele ia contando, seus olhos ficavam cada vez mais vivos. - Quando minha irmã percebeu que eu adorava isso, ela contou para os meus pais que, jamais admitiriam ter um filho homossexual dentro de casa. Eles tentaram conversar comigo, me proibiram de pensar no assunto moda e todas essas coisas que se faz quando se quer transformar alguém em alguma outra coisa. A situação foi ficando cada vez pior, até que decidi sair de casa. E se eu tinha quinze anos naquela época era muito.
- William, meu Deus! Você fugiu de casa?
Ele olhou pra mim e sorriu.
- Fugi. Fui embora de madrugada e deixei um bilhete explicando tudo. Contei que não era homossexual, mas que adorava o assunto moda. Contei também que não era brincadeira o meu desejo de ir embora daquela cidade e contei que peguei metade do dinheiro que meu pai tinha na carteira pra poder comprar uma passagem de ônibus e viajar pra qualquer lugar, mas deixei escrito que devolveria depois.
- Mas você nunca mais devolveu?
- Não tive oportunidade. Até tentei devolver em seguida que ganhei meu primeiro salário, mas meus pais tinham se mudado e eu havia perdido contato com eles.
- E depois de fugir, o que você fez? - E, mais uma vez, a jornalista voltava à tona.
- Eu fui pra uma cidade vizinha e arrumei um emprego de faxineiro. Depois juntei dinheiro e viajei pra capital. Aí, de degrau em degrau, abri aquela empresa fabricante de roupas. Nesse meio tempo fiz minha graduação, viajei, conheci gente importante...
- Que história incrível! Por que você nunca contou?
- Porque contar que eu tenho um tio parisiense que viu um talento em mim muito grande é inúmeras vezes melhor do que contar a história do menor arrependido. Você não acha? - Ele sobe a mão para minha cintura e me abraça de leve. Eu, sem querer, escorrego minha cabeça e a grudo no seu ombro.
- É, você tem razão. Mas ainda assim é uma história linda. Adoraria poder escrevê-la algum dia!
- Quando eu morrer eu deixo você fazer uma biografia minha completa. Pode ser?
- Eu adoraria! - Sorrimos juntos e levo minha mão direita até a sua, entrelaçando-as. Faço uma pausa e respiro fundo. - Mas, afinal, qual é o seu medo?
- Fátima, pra chegar onde eu cheguei eu precisei de muito mais do que dinheiro roubado da carteira do meu pai e graduação. Eu tive que pagar todos os pecados que eu havia cometido e os que eu ia cometer. Eu comi comida podre, eu dormi na rua porque não tinha dinheiro pra alugar um quarto, fui a países sem conhecer a língua nativa, e como se não fosse suficiente, fui gay a minha vida toda! As pessoas não comprariam roupas feitas por um homem comum. Elas jamais confiariam em um homem comum pra desenhar suas roupas. As modelos jamais aceitariam que um homem feito eu as vissem nuas caso eu não fosse gay. Nem as mais atiradas aceitariam. Era quase uma humilhação pra elas.
- Eu entendo. Você tem medo de se relacionar com uma mulher.
- Fátima, eu nunca fui gay. - Ele me afasta um pouco e me olha nos olhos. - Nunca me relacionei com homens. Eu só fingia ser. Era sempre uma mulher que eu levava pra cama!
- Então qual o seu medo? Eu não entendi.
- Nunca ninguém gostou de mim. Nunca ninguém teve algum tipo de sentimento em relação a mim. Eu me aproximava de pessoas por puro interesse, sendo uma pessoa que eu não era. Quando eu aparecia nos desfiles eu era um gay que adorava fazer esparro e ninguém gostava de mim. Mas tinham que me aturar, porque modéstia à parte, eu sempre fui muito talentoso. E quando eu levava mulheres para a cama, era somente por desejo de carne. Por precisar fazer aquilo. Nunca me senti atraído a passar mais de uma noite com elas. Nunca.
- Mas?
- Mas com você sempre foi diferente. Você foi a única pessoa que sentiu algo em relação a mim. No começo nós não nos dávamos bem de jeito nenhum, mas eu gostava da nossa relação. Eu podia ser alguém mais próximo do que eu realmente era naquele tempo e não me preocupava com o que você iria pensar. Porque você não gostava de mim e pronto. A primeira pessoa que deixou isso bem claro pra mim.
- William
- Quando eu esbarrei com você naquela esquina, eu estava completamente perturbado. Havia recebido uma ligação dos diretores da empresa dizendo que eu teria que dar um jeito na minha vida, ou eu iria ser mandado embora. Você tem noção? Quando você caiu de bunda na minha frente - ele ri - eu lembrei de como era bom dividir o mesmo espaço que você. E tudo bem que você já trabalhasse na Visconde`s há um tempo, mas nós não nos víamos há muito tempo. Depois no outro dia eu esbarrei em você de novo e aquela foi a confirmação de que eu precisava. Você era a minha solução.
E eu comecei a ligar os pontos.
- Você quis me conquistar aos pouquinhos pra que eu caísse de quatro por você e aceitasse ser sua namorada. Assim seu nome voltaria a ser citado no mundo da moda e você não perderia seu posto.
- Isso. O problema é que eu nunca gostei de você também. E você foi a primeira. É claro que eu não gostava de um monte de gente antes de não gostar de você, mas eu fingia que sim. Fingia que gostava. E pra você eu nunca precisei. Então quando eu tive que dar em cima de você e fazer você querer ficar comigo, eu me perdi completamente. Quando você disse não pra mim pela primeira vez foi que me deu um estalo. Você não era uma relação vazia e muito menos uma pessoa distante. Você era real e estava na minha frente, todinha pra mim. É claro que eu fui atrás de você com a desculpa de ter que ter uma mulher na minha vida, mas lá no fundo eu sempre soube que eu queria ter uma mulher na minha vida. E eu queria uma mulher no melhor estilo Fátima Bernardes de ser.
E então comecei a chorar. Ele estava se declarando pra mim, era isso? Do jeito dele, mas era isso? Ele me abraçou forte e pediu para que eu o deixasse continuar. Imediatamente nos soltamos e eu segurei minhas lágrimas um pouco mais.
- Eu ficava completamente desesperado quando eu pensava que você estava indo embora. Eu nunca tinha vivido aquilo, então eu precisava ter total controle. Quando você saía da minha sala, eu sentia um vazio nunca antes sentido, mas eu gostava. Quando eu ligava e você desligava um tempo depois eu sentia falta da sua voz, como se fizesse um ano que não nos falávamos. E quando eu levei você lá em casa, foi mágico! - Ele diz e seus olhos lacrimejam. - Eu adorei acordar com você ao meu lado! Mas quando eu vi o Michael só de cueca na sua casa eu enlouqueci. Eu imaginei vocês dois sozinhos em casa antes de você me ter e não gostei do que eu imaginei. Me senti sufocado pensando que havia outro além de mim. Porque eu sabia que você era a primeira na minha vida, mas eu também sabia que não era o primeiro na sua. Lembra daquele homem que beijou você na minha frente? - Aceno com a cabeça e rio, envergonhada. - Pois é! Eu nunca desconfiei de você, mas sempre soube que eu não era único na sua vida. E sempre tive medo de não ser alguém importante. Ou pelo menos não tão importante quanto você é pra mim.
- E por falar em importante, quem era a loira da sua sala e das fotos?
- Lésbica. Antes de pensar no negócio com você, ainda naquele dia do nosso esbarrão na esquina, eu contratei uma atriz não conhecida pra sair comigo nas festas públicas e esse tipo de evento. Aquele dia na minha sala foi a nossa primeira reunião, em que eu deixei claro não precisar mais dela.
- E por que você levou ela ao evento e não eu?
- Porque eu só tinha perdido a minha família até então. E com eles eu perdi de verdade. Pra sempre. E eu não quis passar aquilo tudo outra vez. O medo de ser pra sempre, a angústia de não saber se estão bem, a falta que sufoca a gente até não querer mais... Fiquei com medo de te ligar e você não atender. E eu sabia que você não atenderia. Então liguei para aquela mulher e ela aceitou ir comigo. Mas é claro que eu só liguei pra ela pra poder fazer com que você sentisse um pouco de ciúmes. Por isso que eu nunca respondia quem era ela. Não dava pra mentir pra você.
- Até aí tudo bem, mas por que você fez aquilo tudo comigo aquele dia?
- Porque eu senti que você estava indo embora. Eu senti que estava chateando você sendo um cara muito grudento e não queria que você se cansasse de mim. Nunca. Inclusive era por isso que eu sempre fui grosso e estúpido com você. Por isso e porque eu não queria perder o controle da nossa relação. Eu precisava manter você comigo porque eu não suportava a ideia de te perder. De perder, mais uma vez, a pessoa mais importante da minha vida.
- Você disse que não me amava.
- E não amo. - Ele diz, sem desviar o olhar. Entrelaça nossas mãos mais uma vez e aperta nossos dedos. - O que eu sinto por você não tem nome. Mas eu posso garantir que não é amor. Amor acaba, amor esfria, amor perde a graça. O que eu sinto por você eu vou levar comigo até o sétimo céu. Amores são fracos. E eu não sei amar. Isso sem contar que os meus pais me amavam e minha irmã também, mas eles me deixaram ir embora e deixaram com que eu os perdesse. Eu não sei como se ama, mas também não pretendo aprender. Estou muito bem assim!
E então não me controlo. Choro até não querer mais e ele acaricia meus cabelos, ficando em silêncio até que eu me acalme.
- Você gosta de mim?
- Mais do que a mim mesmo!
- William!
- Fátima, eu sou isso. Eu sei que eu magoei muito você, desde a primeira vez em que nos vimos, mas eu só sei magoar as pessoas. Sempre foi assim. E se eu não tivesse magoado você isso significaria que eu nunca senti nada por você. Nem um pouco de carinho. Então talvez seja bom ser magoada por mim. - Rimos juntos e eu acaricio seu rosto.
- Você tem medo de se relacionar com alguém, de ir embora, e eu tenho medo de você ir embora. Adoraria me relacionar com você.
- E eu adoraria tentar. De verdade. Medos existem para serem enfrentados, não? - Ele diz como se fosse o líder de alguma tribo e eu não tenho como não rir. Rir e adorar o seu riso também. Me inclino de leve e beijo os seus lábios. - Eu quero enfrentá-los. Com você.
- Eu vou adorar. Tudo que você sente por mim eu também sinto por você, talvez com uma intensidade um pouco menor. Você me faz um pouco mal, sim, mas eu gosto disso. É a parte ruim de se estar com você. E se é esse o preço, eu vou adorar pagar. E agora que você me contou tudo sobre você, talvez fique mais fácil de aguentar seus grudes e suas paranoias! - Rimos juntos mais uma vez e eu o beijo. - Se você quiser, ainda posso ser sua namorada.
- Namora comigo? - Ele pede, sorrindo. - Mas dessa vez do jeito certo.
- Namoro. É claro que eu namoro!
Então nos beijamos.
Autor(a): mariaplagio_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Foi um beijo bom, mas com um gosto diferente dos outros. Esse tinha gosto de reconciliação. E que reconciliação! No meio do beijo acabei gemendo e William não perdeu tempo. Tocou minhas coxas com suas mãos geladas e puxou meu vestido para cima. Me arrepiei dos pés a cabeça e sentei direito em seu colo, me encaixando n ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 95
Para comentar, você deve estar logado no site.
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@manusanches Postado em 29/09/2015 - 14:44:46
QUE FOFO! CONTINUAAAAAAAAAAAAAA
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bia_jaco Postado em 25/09/2015 - 11:07:30
Que bom que você voltou a postar,estava com saudade da sua fic.Adorei o capítulo,tão bom ver eles assim <3
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puff Postado em 24/09/2015 - 23:46:45
Voltouuuu ebaaa
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@manusanches Postado em 14/08/2015 - 21:21:00
CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA POR FAVOR!
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brennanlunar Postado em 01/08/2015 - 23:36:13
Olá meninas, gostaria de convidar todas vocês para acompanhar minha nova fanfic sobre essa casal maravilhoso - Fátima e Bonner. chama-se amor além do tempo. Espero que gostem e compartilhem com as outras fãs. http://fanfics.com.br/fanfic/48162/amor-alem-do-tempo-fatima-bernardes-e-william -bonner-fatima-bernardes-william-bonner-amor-casal-medieval-passado-futuro
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vfsv Postado em 01/06/2015 - 18:07:32
Parou? =/
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mariaplagio_ Postado em 12/05/2015 - 08:34:45
meninas, o último capítulo foi postado pelo celular e foi somente porque estávamos em dívida com vocês. Mais para o meio da semana postaremos outro mais caprichado!
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puff Postado em 12/05/2015 - 00:16:13
Que lindos posta mais
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salvatore_ Postado em 28/04/2015 - 10:01:58
Que lindo! ♥♥♥♥♥
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puff Postado em 27/04/2015 - 19:50:16
Que lindo finalmente se acertando :)