Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

O dia seguinte estava sendo ainda pior. Amanheci com uma dor de cabeça infernal que só piorava por eu pensar a causa daquilo. Minhas mãos ferviam e minha boca estava queimada, assim como meus neurônios. O beijo daquele homem não saía da minha cabeça, mas nada comparado ao fiasco do Michael.

Afinal, o que ele quis dizer com aquilo?

Respirei fundo e saí de onde estava. Meus lençois bagunçados e as cortinas abertas. Além de me esquecer de fechar as cortinas na noite passado, havia sonhado com aquele grosso do corpo viril.

- Fátima? - E de repente surge um gato na porta do quarto. - Desculpa por ontem e eu acho que temos que conversar. Minha moral deve estar lá em baixo...

- É, está sim. O que foi aquilo?

Vi que ele revirou os olhos ao ver a minha cama bagunçada. Como ele me conhecia muito bem, talvez soubesse o porquê daqueles lençois amassados.

- Orgasmos com William Bonner? - Perguntou ele, se recusando a sentar na beira da cama.

- Cala a boca! Senta de uma vez, antes que eu me arrependa e te mande embora pra sempre. - Ele sentou e me encarou nos olhos. Tão bonito quanto os do pai dele. Aliás, que pai. - O que deu em você ontem?

- Desculpa, Fátima... - E ele me abraçou forte o suficiente pra me amassar - Eu juro que não queria. Estava bêbado, louco, perdido...

Me soltei dele e respirei fundo. Ao lembrar daquilo tudo de ontem a noite meu estômago começava a dar mil voltas e eu já não aguentava nem o sabor da minha própria saliva. Cheguei em casa tão viva depois de ter feito aquilo com o William que não queria e nem precisava ter visto e ouvido o que ouvi.

- Não é tão fácil assim, Michael. Você lembra o que de fato aconteceu ontem? Pois é. Você disse que queria transar comigo! O meu melhor amigo disse que queria transar comigo...

- Eu sei. Deve ter sido horrível.

- Não deve. Foi horrível. Mas isso importa a você? Não pareceu ontem...

- Você está sendo muito radical comigo. Oras, Fátima, sou seu amigo há anos.

- E nesse ano talvez você deixe de ser. Me senti uma completa vagabunda ontem! E eu estou sendo radical? Ah, por favor Michal! - Me levantei da cama e fitei o chão. Com as mãos suando na cintura, os cabelos enbaraçados voando, os pés descalços e a camisola rosa de seda arrastando no chão, tornei a desabafar. - Você não tem noção do que aconteceu comigo pela parte da tarde. Não sabe o que ouvi, o que vi. Só acha que sabe. E é exatamente aí que está o problema... no achar que sabe tudo.

- O que aconteceu com você pela parte da tarde?

- A mesma coisa que aconteceu quando cheguei em casa com você. A única diferença, foi que gostei do que ouvi pela parte da tarde.

- Quem disse que queria transar com você? William Bonner?

- E desde quando William Bonner fala alguma coisa? Ele manda, ele ordena, ele discursa. Ele não é um homem comum, Michael. Aliás, nem sei se homem é. Vai ver é um robô vindo de algum lugar.

- Mas beija bem? - Como assim "beija bem"? O Michael sabia do que havia acontecido? Aquele olhar dele de quem sabia muita coisa só podia significar alguma coisa. Mas a Stella não iria fazer fofocas e o William não poderia ter falado. E além disso, a minha cara não estava tão bom pra quem havia beijado aquele idiota do Bonner. Idiota e lindo. Lindo, muito lindo! Michael levantou e deu duas voltas em torno de mim. Com o sorriso no canto do rosto que ele sabia que me deixava muito irritada, ele parou atrás de mim, segurou minha cintura e tirou o cabelo que tava na minha orelha. Eu fechei os olhos e deixei meu corpo cair nas mãos dele. - Confessa que você adorou ele ter mandado você transar com ele. Se com qualquer um você já fica toda excitada, imagina só com o William Bonner!

Ele me soltou e eu tive que dar dois passos pra recuperar o equilíbrio. Respirei fundo e virei para ele novamente.

- Se fosse a um tempo atrás, com certeza eu teria me rendido. Mas agora, com a maturidade que adquiri, meu sucesso profissional e meu auto-controle, nem pensar. E outra que não estavámos fantasiados. Era eu e ele. E não, eu não adorei. Ou sim, talvez eu tenha adorado...

- Vocês dois talvez se mereçam... Trabalham na mesma área, gostam de coisas parecidas, são elegantes e finos, sentem o mesmo um pelo outro...

Minhas mãos ferviam só de pensar naquele Bonner. Aquele sorriso, aquele corpo... Não! Ele não era tudo isso. Ele era tão ruim com todo mundo que me dava vontade de ser ruim com ele também, mas aquilo só me deixava pior. Não queria e nem precisava amanhecer ouvindo coisas a respeito do Bonner.

- Pode parar! Estamos dando voltas e voltas e ainda nada. Você ainda não me explicou a bagunça de ontem. Foi suruba, Michael?

Sentamos na cama novamente e ele veio me explicar o porquê daquilo tudo: uma suruba com ele mesmo e mais ninguém; seu momento de sadomasoquista consigo mesmo. E o pedido que fizera a mim foi, na verdade, sua frustração explícita na voz - ou o motivo que ele deu.

Já acertados e desculpados, Michael foi até a padaria enquanto eu arrumava o meu quarto. Peguei meu celular e me surpreendi ao vê-lo vibrar loucamente. 103 chamadas da Visconde`s.

Algo me dizia que o dia seria longo...