Fanfic: Presos nos lençois | Tema: Erotismo

 Assim que consegui respirar fundo, olhei em volta e chequei se estava realmente sozinha: sim, eu estava. Sentei na beira da cama, passei as mãos pelos meus cabelos revoltados e só então retornei às chamadas.

Ou à uma delas.

- Visconde`s Design de Moda, Marta Felicci falando. Em que posso ajudar?

- Olá Marta! - Marta era uma das recepcionistas do prédio. Sempre muito bem educada e com roupaa, sapatos e penteados de dar inveja a qualquer uma, nunca era bom cruzar com ela no meio dos corredores em horário de expediente. Sempre haveria alguém errado e, pelos boatos recorrentes de que ela e William Bonner já tiveram um caso, jamais seria ela. - Eu peguei meu celular hoje mais cedo e haviam 103 chamadas não atendidas da empresa. Vocês precisam de mim para alguma coisa?

- Na verdade, não é bem a empresa. Recebemos um comunicado urgente do senhor William Bonner de que precisaríamos de você aqui às oito horas da manhã. - Bem, eram exatamente oito horas da manhã. - Provavelmente o senhor Bonner não gostou de esperar e então ligou para você mais de uma vez. - Ela disse aquilo em um tom completamente sugestivo, o que me deixou com raiva de estarem colocando em perigo a minha privacidade. - Tem como você vir agora?

- É claro que não. Terei que tomar banho, me arrumar e organizar alguns papeis que provavelmente serão requisitados. Além disso, não tenho certeza se Stela conseguiu as quatro modelos que eu havia pedido. Uma mostra daquele tecido vindo de Paris não chegou até mim ainda e eu terei que ligar para lá para resolver isso. Talvez às nove e meia eu já esteja aí.

- Nove meia é muito tarde. Posso apostar que o senhor Bonner está dando voltas em torno de si mesmo dentro de sua sala, batendo aos socos na mesa em que trabalha e vermelho por irritação. Vejo você em meia hora.

- Mande o senhor William se catar. E diga que às nove e meia chegarei aí. Antes disso, eu não consigo.

Me sentindo completamente vitoriosa, desliguei o telefone antes mesmo de esperar uma resposta de Marta Felicci. Podia sentir a raiva dela batendo contra o meu corpo, caso não estivesse ansiosa para chegar até a empresa. Respirei fundo e me enfiei chuveiro abaixo.

Michael chegou da padaria assim que entrei no chuveiro. Ouvi barulho na porta e lembrei que não morava sozinha!

- Fátima? Trouxe pães e broas de milho...

- Michael, estou no banho! Terei que ir até a Visconde`s antes das nove horas. - Gritei do banheiro. - Você me leva?

- Puxa, Fátima...

Ainda que ele apenas tenha resmungado para si mesmo, pude perceber sua chatiação. De uns tempos pra cá, Michael havia "gelado" comigo. Eram raras as vezes em que saíamos, do mesmo modo que nunca mais conversamos sobre os sentimentos um do outro. Meu maior medo estava começando a se tornar real: meu amigo já não era mais tão meu amigo assim.

Enrolada na minha toalha cor-de-mel - presente de uma das minhas ex-sogras -, saí do banheiro com o cabelo ainda rebelde. Enxarquei-o de creme para pentear e sorri ao me ver no espelho.

Toda, toda.

Assim que terminei de passar a loção corporal, vi que eram quase nove horas. Vesti meu roupão e fui tomar café.

- Já terminou?

- Estava com muita fome pra esperar você.

- Nossa! Obrigada pela parte que me toca...

- Ande logo com isso, já são nove horas da manhã.

Mal terminei meu café e Michael já estava arrumando meus cabelos. Um rabo de cavalo simples e sofisticado, que provavelmente combinariam muito bem com um vestido laranja até o joelho, de ombros cobertos. Dois brincos pequenos de ouro e uma corrente simples, apenas para manter os olhos voltado ao meu pescoço - e não nas minhas pernas.

Já pronta, calcei meus scarpins e sorri ao ver o resultado no espelho: linda, deslumbrante, maravilhosa, pronta pra matar.

Ok, ok, eu apenas iria me encontrar com William Bonner. Nada de mais...

Abraçada à cintura de Michael, fomos até a "Visconde`s Design de Moda" de moto. E não, não estraguei meu penteado.