Fanfics Brasil - Capitulo 33 Codinome Beija-Flor (Portiñon)

Fanfic: Codinome Beija-Flor (Portiñon) | Tema: Rebelde


Capítulo: Capitulo 33

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Capítulo 33 – In My Place


 


Anahi...


 


Por que, quando a gente está com pressa, muita pressa, o universo parece conspirar a favor da demora? Estava presa, em um engarrafamento infernal, aliás, em um dos vários engarrafamentos. Olhando o relógio de cinco em cinco minutos. Atrasada. O celular tocou pela vigésima vez. Atendi, já sabendo quem era.


-- Lu, espera só mais um pouquinho. Juro que agora estou chegando de verdade.


-- Ai, Any, quanta demora, prima.. – Ela comentou, reclamando. – Tenho várias consultas para mais tarde.


-- Luísa, depois eu quem sou a workaholic, né?! – Sorrimos. – Tô presa no trânsito, mas estou perto. Me espera.


 Depois de estar mais uma vez com Dulce e voltar para casa, sem saber o que fazer, senti que precisava desabafar com alguém, do contrário, iria explodir. Passei horas pensando em alguém. Alguém que entendesse e pudesse me aconselhar sobre a situação que estava vivendo. Precisava de uma opinião neutra. E ninguém melhor que, Luísa, minha prima mais velha. Cronologicamente falando, já que mentalmente, ela deveria ser chamada de prima caçula. Sempre muito livre e decidida, Luísa não media esforços para satisfazer suas próprias vontades, sem pensar e nem ligar para os julgamentos alheios. Talvez por isso, era taxada de a ovelha negra e rebelde da família. Meia hora depois, eu encontrava Luísa na praça de alimentação do shopping. Nos abraçamos com a saudade de quem não se vê há meses.


-- Anahi, Anahi... Para ter a honra de uma ligação sua em horário de trabalho, o caso é grave. – Ela zombou, sem saber que, de fato, o caso era grave.


-- Ai, prima. Hoje eu me dei folga, mas... – Suspirei cansada, deixando a bolsa na cadeira ao lado e encarando seus olhos. – Se você soubesse, concordaria que o trabalho é o de menos agora.


-- Aconteceu alguma coisa, Any? – Ela perguntou-me, preocupada.


-- Aconteceu. Não só uma, mas várias coisas.


-- Com quem? O Mateus, ele está bem?


-- Não foi com ele, Lu. Mateus está bem. Ainda na escola.


-- Com quem então, Anahi? Saco. Sabe que eu nunca gostei de ficar curiosa. 

-- Comigo. – Esperei que ela se pronunciasse, mas ela manteve-se em silêncio, apenas me olhando. Prossegui, reticente. – Promete que não vai se assustar ou me julgar?


-- Any, o que está me assustando é essa sua demora em contar. Conta logo, merda.


Sorri. Se tinha algo que tirava Luísa do sério, era a curiosidade.


-- Calma, louca.. – Respondi, respirando fundo. – É que tenho que me preparar, não é fácil para mim.


Luísa esperou, pacientemente, até que eu criasse coragem para contar-lhe toda a história. E, quando o fiz, ela ouviu-me atentamente.


-- Uau, Anynha. – Ela comentou, surpresa. Para logo depois sorrir e completar, zombeteira: – Quer dizer então, que, a certinha e sistemática Doutora Anahi, agora gosta do meu objeto de trabalho?!


-- Hã? – Perguntei sem entender – Como assim, Lu?


-- Com que eu trabalho, Any?


-- Você é ginecologista. – Respondi, ainda sem entender o motivo das risadas.


-- Então...


Ela disse e continuou rindo. Só então, depois de explicada, eu entendi a piadinha. 


-- Sem graça! – Dei um tapinha em seu braço, sorrindo também.


Ela mudou a expressão, ficando séria.


-- Any, que loucura tudo isso. Como você está se sentindo?


-- Péssima, Lu. Completamente confusa, sem saber o que fazer.


-- Você se apaixonou de verdade, não é? – Ela perguntou, visivelmente surpresa. – Nunca tinha te visto assim, prima. Tão abalada.


-- Dulce mexe muito comigo. De uma forma que eu não imaginei ser possível. Ela...


-- Tá, tá... – Interrompeu-me. – Já respondeu o que eu queria saber. Você está completamente apaixonada pela pirralha.


-- Ei, ela não é pirralha. – Depois do olhar zombeteiro de Luísa, fui obrigada a admitir: – Certo, ela é novinha ainda, mas, se brincar, é mais madura que você.


-- Também não precisa exagerar, né?! – Sorrimos. – O que você pretende fazer, Any?


-- Eu ia te perguntar a mesma coisa. – Confessei, levemente desesperada. – O que eu devo fazer?


-- Quer saber mesmo minha opinião? Você sabe que eu não sou um lá um dos melhores exemplos.


-- Quero, Lu... Aliás, preciso.


-- Olha, a situação é bastante complicada, Any. Mas não acho que seja impossível de se resolver. – Ela parou de falar, bebeu um pouco do suco, que estava parado ali desde que cheguei, e logo prosseguiu. – Você tem duas opções: Termina o casamento e fica com ela. Ou termina com ela e fica com o casamento.


-- Simples assim, Lu? – Perguntei abismada com a facilidade com que ela propunha a resolução do caso.


-- Não, claro que não. As duas opções trazem conseqüências. Cabe a você escolher com qual delas quer arcar.


-- Será que não dava para ficar com as duas coisas?


-- Any, não é justo, né?! Não só com ela, que já deve sofrer bastante com toda essa situação, mas com você, seu marido... e até com seu filho.


-- É... – Conclui pensativa. – Bom, discorra sobre as conseqüências, Luísa.


Ela fez uma careta, sabendo que teria que tocar em pontos delicados.


-- Bom, vou começar com a segunda opção. – Direcionei toda minha atenção a ela, escutando atentamente cada palavra. – Você, ao terminar com ela e ficar com o casamento, provavelmente, ficará frustrada e não conseguirá ser feliz e nem se entregar total e plenamente, como já está acontecendo. Vai ficar comparando os beijos, toques e os momentos. Vai procurar em Alfonso, só o que Dulce consegue te dar.


Suspirei, entendendo e concordando plenamente com aquelas palavras.


-- Por outro lado, se você terminar o casamento e ficar com ela.


-- Meu mundo inteiro vai ruir.


-- Vai ter que enfrentar o julgamento e a pressão não só da nossa família, mas da sociedade, seus colegas de trabalho, Alfonso e, todas as dificuldades normais, que são dobradas nas relações homoafetivas, que trazem o preconceito de brinde. Infelizmente, essa é a nossa realidade. A pergunta é: você está preparada?


Senti a mesma sensação de quando andei na montanha russa pela primeira vez. Medo, náusea... Desespero. O filme da minha vida, passou diante de meus olhos. E, parecendo adivinhar, Luísa perguntou:


-- Depois de tudo, Any você teria coragem de arriscar sua carreira? Não sejamos hipócritas, caso acontecer, o caso virá à tona, de uma forma ou de outra. – Permaneci em silêncio. Ela continuou. – E as pessoas ainda são preconceituosas. No meio jurídico, que todas as armas são válidas para ganhar um caso, então...
Não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Ela, ao contrário, bombardeava-me de perguntas.


-- E sua mãe, Any? Se ela não aceitar.


-- O Mateus. Já pensou nele?


-- Seus amigos.


-- Sua carreira.


-- Sua vida. Você tem uma vida perfeita, Anahi. Pensa bem!


-- Seu marido. Ele é tudo que uma mulher quer.


Pensa bem. Vida perfeita. Seu filho. Sua carreira. Pensa bem. Sua mãe. Ele é tudo que uma mulher quer. Pensa bem!


As palavras se repetiam em um eco oco.


A cabeça rodava.


O mundo girava.


Apaguei.


 


-- Então, Sr. Antônio, após tomarmos essas medidas, é só aguardar. O senhor pode ficar tranqüilo, nós resolveremos o seu caso.


-- Posso confiar na senhora, Doutora Anahi?


-- Claro. Te dou minha palavra..


Dulce entrou em minha sala e, após cumprimentar gentilmente o senhor que ali estava, deu-me um beijo rápido nos lábios.


-- Mas o que é isso, Doutora Anahi?


-- Isso o que, senhor Antônio?


-- Você é sapatão? – Ele se alterou – Eu não quero uma advogada sapatão.


-- Senhor Antônio, não vejo motivos para o senhor agir assim, é minha vida pessoal e... – Parei. Olhando ao meu redor. – De onde surgiram todas essas pessoas? Mamãe? Titia?

Sapatão... sapatão...


As vozes se misturavam. Em coro.


-- Por que vocês estão rindo de mim? Não apontem o dedo na minha cara.


Sapatão.


-- Nãão!

Acordei com meu próprio grito. Assustada. Suando.


Olhei em volta, e percebi que aquele quarto, que não era o meu, também não me era de todo estranho. Me levantei devagar, sentindo uma dor monstruosa na cabeça. Apertei os olhos e vi Dulce saindo do banheiro, apressada.


-- Dulce? – Deixei meu pensamento se materializar. Confusa. Perdida.


-- Any, ainda bem que você acordou. – Ela veio até mim. Me abraçou terna e carinhosamente. – Fiquei preocupada, sabia?


Senti seus braços protetores. Me deixei ser envolvida. Sem protesto e nem culpa.


-- O que aconteceu, Dul? – Perguntei-lhe sem entender. – Como... como eu cheguei aqui?


-- Você chegou com uma prima sua. Ela até tentou te levar pra casa, mas você estava caindo de bêbada, Any.


-- E como eu te encontrei aqui?


-- Você me ligou, pedindo para que eu viesse para cá. Queria me falar alguma coisa, mas logo que chegou, dormiu. Você está bem?  – Ela olhou-me de um jeito tão meigo.


Fechei os olhos, massageando as têmporas. Sentindo a cabeça doer ainda mais.


-- Toma essa aspirina, vai ajudar a passar a dor.


Tomei a aspirina, sabendo que, o remédio que eu precisava, não vendia na farmácia. Eu não conseguia raciocinar direito. Precisava, ali, do meu lugar, tomar uma decisão. Mas não conseguia.


Me sentia incapaz.


De mãos atadas.


Dulce fazia com que aquela decisão se tornasse ainda mais difícil. Cercando-me de cuidados e sorrisos apaixonados. Eu sentia uma onda de dor se alastrando.


Por dentro.


Derrubando certezas. Espalhando caos.


Conflitos.


 


 " In my place, in my place
Were lines that I couldn`t change
I was lost, oh yeah
I was lost, I was lost
Crossed lines I shouldn`t have crossed
I was lost, oh yeah


Em meu lugar, em meu lugar
Estavam linhas que eu não podia mudar
Eu estava perdido, sim
Eu estava perdido, estava perdido
Cruzei linhas que não deveria ter cruzado
Eu estava perdido, ah sim..


Yeah, how long must you wait for it?
Yeah, how long must you pay for it?
For it


Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?
Sim, quanto tempo você tem que pagar por isso?
Por isso..


 I was scared, I was scared
Tired and underprepared
But I waited for it


Eu estava assustado, estava assustado
Cansado e despreparado
Mas eu esperei por você. "



In My Place – Coldplay


http://www.youtube.com/watch?v=3LBdcgfHv58



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Autor(a): lunaticas

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Capítulo 34 – Sozinho.   Dulce...   -- Any, tem certeza que está melhor? Eu perguntava preocupada, vendo que Anahi não estava bem. -- Não se preocupa, linda. – Ela respondeu, sem ânimo. – Só preciso ir pra casa, dormir um pouco. Bebi demais. -- Eu vim de carro, te deixo em casa. Anahi não pro ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 65



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  • flavianaperroni Postado em 16/08/2015 - 04:40:47

    Amei de verdade a fic,perfeita demais *-*

  • claricenevanna Postado em 06/12/2013 - 01:17:47

    Andei meio sumida daqui, mas não esqueci essa web que adoro de paixão. O final foi lindo, toda web foi linda, cara. Me emocionei muito com o amor puro delas. Parabéns! Uma história inteligente, instigante e marcada de muito amor. Estarei acompanhando na nova web.

  • angelr Postado em 05/12/2013 - 00:48:19

    Adorei a fic perfeita romantica e muito fofa amei foi bom ler *_*

  • annecristine Postado em 05/12/2013 - 00:31:28

    Crlh vc escreve muito! Amei o final da fc. Elas sao lindas o Matheus super fofo! Rs.. Parabens ameii.. ^_^

  • annecristine Postado em 04/12/2013 - 18:12:31

    Aiii q lindo! Amei o penúltimo cap. Foi perfeito! Pena q vai acabar.. :/ Parabéns!

  • Valesca Postado em 02/12/2013 - 23:49:59

    A sua web é maravilhosa, parabéns! ps.: posta mais

  • lunaticas Postado em 02/12/2013 - 22:50:48

    Acabei de postar dani_portinon haushuahsauu

  • dani_portinon Postado em 02/12/2013 - 22:48:15

    Vai postar o próximo capitulo que hrs ? *-*

  • dani_portinon Postado em 29/11/2013 - 23:07:22

    Posta mais, estou amando a web ><

  • annecristine Postado em 29/11/2013 - 01:58:05

    Ai q fdp nojento o pai da Dul.. Pena delaas.. :/ Tomara q a Dulce fique boa logo..


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